Os Inimigos Internos
do Espiritismo
Reformador
(FEB) Outubro 1947
Temos
repetido destas colunas que os inimigos externos do Espiritismo só nos fazem
bem com sua crítica e perseguição ostensivas, porque nos corrigem e nos tornam
mais coesos; mas os inimigos internos, os que se dizem espíritas e escrevem em jornais espíritas contra obras
respeitáveis e instituições simbólicas da Doutrina, estes reclamam toda a nossa
atenção, porque são os únicos inimigos temíveis do Espiritismo.
Em
3 de Outubro deste ano apareceu um desses artigos venenosos, de rótulo espírita,
repleto de calúnias contra as associações espíritas, sem respeito algum à
verdade, chegando em sua fúria demolidora a dizer que instituições espíritas
neste País "se transformam em casas de comércio e só tratam daquilo que
produza lucro certo", Não é verdade e se o fosse seria somente um caso de
polícia; seriam criminosos empregando falsamente o nome do Espiritismo. Mas é
asserção caluniosa, porque ninguém no Brasil faz profissão de Espiritismo;
nossos escritores e médiuns não recebem um centil de direitos autorais, como
recebem os da Europa e dos Estados Unidos; os dirigentes de nossas Sociedades
dão gratuitamente todo o seu trabalho, gastos de viagens e ainda contribuem
sempre monetariamente para manutenção dos serviços de assistência.
Quem
escreve estas linhas tem feito longas viagens a serviço da Doutrina e nunca
pensou em receber um centil de ajuda de custas. Em nossos jornais todo o
serviço de redação e revisão, é feito gratuitamente e quase sempre os editores
ainda subvencionam a publicação para que ela se possa manter.
No
entanto, tais calúnias são lançadas pela imprensa ao grande público, de modo
vago, podendo recair sobre a mesma editora que as publica, e sobre as mais
venerandas instituições de caridade.
Ao
contrário do que diz o infeliz autor, o movimento espírita brasileiro é a
grande esperança do mundo, pelo seu altruísmo superior, pelo espírito de sacrifício
que se revela tanto nas mínimas como nas máximas coisas. Todos dão com
entusiasmo seu trabalho, sua inteligência, suas economias, seu conforto para
manutenção das instituições e estas se multiplicam por toda a parte num
entusiasmo sempre crescente.
Até
os membros de outras escolas filosóficas e religiosas respeitam o movimento
espírita brasileiro e lhe proclamam a superioridade moral, o alto idealismo. 0
autor destas linhas trabalha no movimento espírita há mais de trinta anos,
conhece uma infinidade de instituições espíritas pelo País todo e nunca
observou o mínimo deslize no procedimento dos espíritas e de suas organizações.
Ao contrário, só tem encontrado honestidade, dedicação, espírito de sacrifício,
benevolência, e a alta proteção espiritual que se revela em favor do movimento
demonstra-nos que tais qualidades não são apenas aparências externas, são
reais, senão não atrairiam tal proteção dos Espíritos superiores.
O
autor do artigo diz que o movimento espírita no Brasil é maior do que em todo o
resto do mundo reunido e isso é verdade, se como Espiritismo só aceitarmos a
codificação kardeciana, como é justo. Declara que se divulgam aqui em grande
escala as obras de Kardec, mas a seguir diz que nossos centros espíritas não
conhecem Kardec, ''a maioria deles nem saibam que o Espiritismo é uma doutrina
filosófica-científica-religiosa".
É
verdade que o nosso movimento é o maior do mundo quanto à Escola Kardeciana e o
seu crescimento se deve à sua pureza, à sua superioridade. Nos países em que
essa pureza não foi conservada, em que se quis fazer profissão do Espiritismo,
o movimento desapareceu, porque os Espíritos superiores o abandonaram. O mesmo
se dará conosco, se um dia tivermos os defeitos graves que já nos atribui esse
inimigo interno da Doutrina. O Espiritismo conserva a sua pureza ou morre; não
se corrompe, porque ele depende exclusivamente dos Espíritos superiores e estes
não colaboram com pessoas desonestas. Basta percorrer a história do Espiritismo
nos países em que os homens quiseram transformá-lo em profissionalismo
religioso, para verificarmos que o movimento lá desapareceu, as sociedades
cerraram as portas, os jornais e livros não encontraram mais editores e
esgotaram-se para sempre.
Por
mercê de Deus, o nosso movimento até agora tem trilhado o bom caminho e vem
sendo fortemente protegido pelos Espíritos superiores. Não podemos ter orgulho,
estamos sempre sujeitos a quedas, mas estejamos certos de que, se cairmos, não
levaremos conosco o Espiritismo: ele pode desaparecer, ficar eclipsado longo
tempo, mas não se corrompe. Mais tarde o Senhor da Seara enviará melhores
trabalhadores e ele ressurgirá.
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