Cientistas da mais
alta reputação, competência e lealdade aos princípios da verdade, dedicaram-se
ao exame da questão (espírita) nos últimos cem anos. De fato, poucos são os
setores do conhecimento humano em que tanta experiência tenha sido acumulada.
No entanto, por estranho que pareça, exatamente esse é o ponto sobre o qual
maior é a hesitação da ciência oficial, quando não a negativa formal e
irrecorrível.
É um verdadeiro paradoxo esse
estranho procedimento. Não seria lógico, racional e humano que primeiro se
procurasse conhecer melhor o espírito e depois então nos atirássemos às demais
conquistas? Claro que sim. Equacionado e resolvido o problema do espírito, sua
existência, sobrevivência, sua atuação na carne e fora dela, muito mais seguro
se nos apresentaria o campo de pesquisa que se nos estende à frente. Inegavelmente,
tal seria a sequência natural dos acontecimentos, na linha evolutiva da
Humanidade. Isso porque, assegurado o reconhecimento universal do espírito, as
demais conquistas da Ciência não nasceriam defeituosas como agora, para em
seguida serem desviadas de suas verdadeiras finalidades. O objetivo das grandes
descobertas não é a destruição da vida nem o fortalecimento do Materialismo,
antes, pelo contrário, atrás de todas as grandes conquistas há sempre uma ideia
generosa de progresso e evolução. Não há melhores instrumentos de
confraternização que o rádio, a televisão, o cinema e outras maravilhas da
eletrônica. No entanto, eles também são utilizados para espalhar falsas ideias,
ódios, palavras de incentivo à guerra, crimes, fatores de dissolução moral e
social. Da mesma forma, foram desvirtuados os objetivos da conquista do átomo.
Também a descoberta da aviação não teve melhor sorte: em lugar de unir ainda
mais os homens, diminuindo a distância
que os separa, o avião se transformou em mortífero instrumento de guerra. Daí,
segundo consta, a profunda melancolia que invadiu o nobre espírito de Alberto
Santos Dumont, ao ver que o belo sonho que conseguira realizar, na Terra,
estava servindo para matar e destruir.
Hermínio Miranda
Do artigo sob o título ‘Lendo e
Comentando’
in ‘Reformador’ (FEB) Julho 1961
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