terça-feira, 16 de setembro de 2014

Os Inimigos Internos do Espiritismo






Os Inimigos Internos
 do Espiritismo
Reformador (FEB) Outubro 1947




            Temos repetido destas colunas que os inimigos externos do Espiritismo só nos fazem bem com sua crítica e perseguição ostensivas, porque nos corrigem e nos tornam mais coesos; mas os inimigos internos, os que se dizem espíritas e  escrevem em jornais espíritas contra obras respeitáveis e instituições simbólicas da Doutrina, estes reclamam toda a nossa atenção, porque são os únicos inimigos temíveis do Espiritismo.

            Em 3 de Outubro deste ano apareceu um desses artigos venenosos, de rótulo espírita, repleto de calúnias contra as associações espíritas, sem respeito algum à verdade, chegando em sua fúria demolidora a dizer que instituições espíritas neste País "se transformam em casas de comércio e só tratam daquilo que produza lucro certo", Não é verdade e se o fosse seria somente um caso de polícia; seriam criminosos empregando falsamente o nome do Espiritismo. Mas é asserção caluniosa, porque ninguém no Brasil faz profissão de Espiritismo; nossos escritores e médiuns não recebem um centil de direitos autorais, como recebem os da Europa e dos Estados Unidos; os dirigentes de nossas Sociedades dão gratuitamente todo o seu trabalho, gastos de viagens e ainda contribuem sempre monetariamente para manutenção dos serviços de assistência.

            Quem escreve estas linhas tem feito longas viagens a serviço da Doutrina e nunca pensou em receber um centil de ajuda de custas. Em nossos jornais todo o serviço de redação e revisão, é feito gratuitamente e quase sempre os editores ainda subvencionam a publicação para que ela se possa manter.

            No entanto, tais calúnias são lançadas pela imprensa ao grande público, de modo vago, podendo recair sobre a mesma editora que as publica, e sobre as mais venerandas instituições de caridade.

            Ao contrário do que diz o infeliz autor, o movimento espírita brasileiro é a grande esperança do mundo, pelo seu altruísmo superior, pelo espírito de sacrifício que se revela tanto nas mínimas como nas máximas coisas. Todos dão com entusiasmo seu trabalho, sua inteligência, suas economias, seu conforto para manutenção das instituições e estas se multiplicam por toda a parte num entusiasmo sempre crescente.

            Até os membros de outras escolas filosóficas e religiosas respeitam o movimento espírita brasileiro e lhe proclamam a superioridade moral, o alto idealismo. 0 autor destas linhas trabalha no movimento espírita há mais de trinta anos, conhece uma infinidade de instituições espíritas pelo País todo e nunca observou o mínimo deslize no procedimento dos espíritas e de suas organizações. Ao contrário, só tem encontrado honestidade, dedicação, espírito de sacrifício, benevolência, e a alta proteção espiritual que se revela em favor do movimento demonstra-nos que tais qualidades não são apenas aparências externas, são reais, senão não atrairiam tal proteção dos Espíritos superiores.

            O autor do artigo diz que o movimento espírita no Brasil é maior do que em todo o resto do mundo reunido e isso é verdade, se como Espiritismo só aceitarmos a codificação kardeciana, como é justo. Declara que se divulgam aqui em grande escala as obras de Kardec, mas a seguir diz que nossos centros espíritas não conhecem Kardec, ''a maioria deles nem saibam que o Espiritismo é uma doutrina filosófica-científica-religiosa".

            É verdade que o nosso movimento é o maior do mundo quanto à Escola Kardeciana e o seu crescimento se deve à sua pureza, à sua superioridade. Nos países em que essa pureza não foi conservada, em que se quis fazer profissão do Espiritismo, o movimento desapareceu, porque os Espíritos superiores o abandonaram. O mesmo se dará conosco, se um dia tivermos os defeitos graves que já nos atribui esse inimigo interno da Doutrina. O Espiritismo conserva a sua pureza ou morre; não se corrompe, porque ele depende exclusivamente dos Espíritos superiores e estes não colaboram com pessoas desonestas. Basta percorrer a história do Espiritismo nos países em que os homens quiseram transformá-lo em profissionalismo religioso, para verificarmos que o movimento lá desapareceu, as sociedades cerraram as portas, os jornais e livros não encontraram mais editores e esgotaram-se para sempre.


            Por mercê de Deus, o nosso movimento até agora tem trilhado o bom caminho e vem sendo fortemente protegido pelos Espíritos superiores. Não podemos ter orgulho, estamos sempre sujeitos a quedas, mas estejamos certos de que, se cairmos, não levaremos conosco o Espiritismo: ele pode desaparecer, ficar eclipsado longo tempo, mas não se corrompe. Mais tarde o Senhor da Seara enviará melhores trabalhadores e ele ressurgirá. 


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