O Julgamento de Galileu
O
Fantasma de Galileu
Antônio
Túlio /Ismael Gomes Braga
Reformador
(FEB) Janeiro 1958
Na
coleção de livros contra o Espiritismo, publicada sob o título "CONTRA A
HERESIA ESPíRITA", o 7.° tomo é sobre Galileu
Galilei e Giordano Bruno, e traz o nome "Galileu Galilei - à luz da
História e da Astronomia". Foi escrito por José Bernard, S. J., e é
prefaciado por Frei Boaventura, O.F.M.
A
finalidade do livro é acusar de novo Galileu e defender a Igreja.
Reconhece
que Galileu foi um gênio de primeira grandeza, mas lhe ataca a moral. Diz que "em
Pádua tinha três filhos sem estar casado" (pág. 22); que era arrogante,
combativo, desrespeitoso e assim desencadeou ódios que culminaram pela sua
condenação.
Quanto
a Giordano Bruno igualmente faz tremendas acusações contra sua moral e sua agressividade.
Diz que a condenação não foi por causa das suas descobertas astronômicas, mas por
imoralidade e heresias. Um lamentável erro tipográfico na pág. 66 diz que ele
foi queimado "vivo em 17-2-1699". Foi em 1600, aos 52 anos de idade,
pois que nasceu em 1548.
O
livro foi escrito especialmente contra os espíritas, como fica dito no
prefácio, o que nos dá certo prestígio. Pensamos que essa coleção de livros nos
faz demasiada honra.
A
propósito do decreto que condenou o livro de Copérnico, o autor é muito
elegante. Diz na pág. 35:
“
Este funesto decreto é sem dúvida um dos atos mais infelizes já realizados por
um órgão oficial da Igreja Católica. Condena uma verdade
das ciências naturais e o faz por um motivo religioso."
Sobre
a sentença contra Galileu, lemos na pág. 57:
“Assim chegou no dia 22-6-1633 o desfecho do
triste drama, a publicação oficial da sentença. O ato se [êz na aula magna (não
na igreja!) do colégio dominicano Maria sopra Minerva, só em presença dos
membros do S. Ofício (Inquisição). Os juízes declaram: Galilei se tornou
suspeito de heresia. Existe a suspeita de ter ele defendido a doutrina falsa e contrária
à Sagrada Escritura de que o Sol seja imóvel, a Terra móvel, o Sol e não a
Terra o centro do mundo e que se possa sustentar e defender como provável uma
opinião ainda depois de ela ser declarada contrária à Sagrada Escritura. Desta
forma Galilei incorreu nas censuras eclesiásticas das quais será absolvido se
fizer abjuração. Seu livro é proibido, ele mesmo condenado à prisão segundo o beneplácito da Inquisição e,
durante três anos, rezará semanalmente os sete salmos penitenciais."
O
livro ataca fortemente Camille Flammarion que cita em “Astronomie Populaire" os episódios das condenações de Giordano
Bruno e Galileu. As palavras de Flammarion vêm citadas na pág. 63.
A
fim de demonstrar que queimar vivo não era privilégio
da Igreja, o autor nos cita o seguinte fato:
“Em 1307, Filipe IV, o Belo, cobiçou os ricos
bens da Ordem dos Templários. Em 12 de Outubro daquele ano, o rei fingido distinguiu o grão-mestre Jacob de
Molay com grandes honras e no dia seguinte o lançou repentinamente na prisão
com todos os cavaleiros, membros da Ordem na França. 54 cavaleiros que se
prontificaram a testemunhar pela inocência da Ordem foram queimados vivos em
Paris. Em todos os casos (p. ex. fora da França, onde foi aplicada a tortura),
ficou patente a inocência dos cavaleiros. O Papa protestou, mas em geral
mostrou--se fraco, e aboliu a Ordem. A 13-3-1314 o rei mandou queimar vivo
também o grão-mestre." (Pág. 67)
Esse
rei católico morreu nesse mesmo ano de 1314, em que mandou queimar vivo o grão-mestre
dos Templários. Não sabemos se é honroso para a Igreja o episódio citado, de
fato ocorrido no mundo católico, havendo sido queimados vivos 55 homens
inocentes e virtuosos, com a finalidade expressa de se apoderarem dos bens da
Ordem. Temos mais compaixão de Filipe, o Belo, do que de suas numerosas
vítimas.
Mais
de três séculos depois do processo inquisitorial que condenou Galileu, seu
fantasma ainda assusta a Igreja e a leva a acusá-lo de novo, como vemos nesse
livro.
Como
defesa da Igreja, o livro não tem valor algum; ao contrário, confirma a verdade
triste de sua História. E essa História já vem de longe. As perseguições contra
os judeus, movidas pela Igreja e continuadas através de séculos, nunca serão
esquecidas. As Cruzadas, guerras de pilhagem e extermínio, em nome da Igreja,
duraram quatro séculos. Esse longo passado é indefensável. Atacar o
Espiritismo, ainda tão jovem, é inútil. Cumpre reconhecer que é preciso fazer tudo
de novo, porque o passado está todo errado.
Galileu
Nenhum comentário:
Postar um comentário