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domingo, 4 de dezembro de 2011

Ano Novo





Ano Bom

            Achamos admirável a disposição de ânimo das criaturas que se saúdam à entrada de cada Novo Ano, augurando votos de felicidades umas às outras.

            É ainda uma das belas praxes cultivadas pelo espírito humano, abstração feita ao caráter meramente protocolar que, em alguns casos, possa oferecer.

            Isto ameniza um pouco as asperezas da trajetória terrena e dá novo alento ao trato social, que se reveste assim de mais beleza e atrativo.

            Quem realiza semelhante prodígio de cordialidade e delicadeza nas manifestações dos sentimentos? quem responde por esse clima de amenidade de que nos damos conta dentro e fora dos ambientes domésticos? quem contribui, assim de maneira tão decisiva, para que as coisas, de um final de ano ao começo de outro, se mostrem abrandadas, cativantes, impregnadas de um quê de radiosidade envolvente e penetrativa?

            E a resposta é - o Tempo, única e exclusivamente o Tempo - esse patrimônio comum de todos e denominador comum de renovação de tudo, tal como o entendia Padre Germano, que situava nele alcandoradas esperanças de grandiosas realizações e grandes realidades.

            Quando empregamos as expressões “Ano Novo” e ”Ano Bom” para qualificar um outro ciclo do Calendário, temos - ,talvez, muita vez, sem o perceber - a ideia de que o Tempo é uma das maiores e mais exuberantes bênçãos com que o Criador nos felicita na experiência planetária.

            Todo Ano poderá ser Bom, ainda que nossas impressões sejam em contrário.

            Ele será bom, tanto quanto o desejarmos, não pelo que recebemos, mas pelo que dermos; não pelo que os outros nos fizerem, mas pelo que fizermos aos outros; não pelo que eles forem para nós, mas pelo que formos para eles, isto é, todo Ano Novo será necessariamente Ano Bom, se bons nossos pensamentos e atos, se boas nossas palavras e atitudes.

            Manifestações de coisas ótimas são também novidades ótimas.
            Transmissão de notícias alentadoras.
            Anúncio de acontecimentos promissores.
            Divulgação de mensagens salutares.
            Surpresas agradáveis.
            Lembranças carinhosas.
            Impressões estimulativas.
            Impulsos de cordialidade.
            Expansões de sadio bom 'humor
            Delicadas demonstrações de sentimento gratulatório.
            Expressões de gentilezas.
            Apresentação de maneiras discretas, distintas, corretas e nobres.

            Tudo que possa contribuir para edificar e expandir o Bem, de que dermos autênticos testemunhos, serão como que parcelas de nós mesmos que se entranharão na Alma do Tempo, refletindo, nela, Luz e Bondade de nossa própria alma.
             
            Tudo que, por nosso intermédio, caracterizar e definir o Belo, caracterizará e definirá gemas e preciosidades do nosso relicário intimo, já por si mesmo embelezado.

            Assim, se, ao término de um “Ano”, acharmos que ele não foi “Bom”, como esperávamos que o fosse e sempre esperamos que o seja, é que não realizamos o ideal da Bondade em nós mesmos.        

            Não nos fazendo bons nem melhores, coisa alguma de bom e melhor poderemos amealhar na caixa forte de nossas riquezas e aquisições.

            Não sabendo demonstrar valor diante das situações, estas se nos afigurarão adversas e madrastas.

            Não revelando tolerância, faltar-nos-ão elementos para suportar e compreender os outros.

            Não manifestando espírito de disciplina, as coisas mostrar-se-nos-ão tumultuadas e incontroláveis.   

            Não demonstrando boa vontade, tudo nós parecerá penoso, difícil, estranho, anormal, anômalo, incompreensível.

            Não nos esforçando por progredir, as maravilhas da Evolução manter-se-ão distantes e ausentes, ocultas e inapreensíveis, sem que possamos vê-Ias, senti-Ias e alcançá-Ias.

            Não trabalhando com afinco, as melhorias de condições de vida retrair-se-ão ao nosso contato.

            Não estudando com real aplicação, o Conhecimento e a Cultura permanecerão alheios à nossa presença.

            Não nos dedicando ao fiel cumprimento dos nossos deveres humanos e espirituais, as verdadeiras alegrias e venturas da existência não darão acordo de si à passagem de nossos corações.

            Não nos conduzindo bem, as boas coisas não se apresentarão em nosso caminho, nem se farão sentir em nós e por nós, estrada afora.

            Conclusão: um Ano é Bom quando bons nos fazemos em todo o seu decurso, evidenciando a presença de Deus em nossas vidas.

Alberto Nogueira Gama

in Reformador” Janeiro 1970
            

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