Missaria espírita
João Fernandes
Reformador (FEB) Dezembro 1951
Quando ouço o anúncio pelo rádio
ou leio o convite, pela imprensa, para uma prece por seu Fulano, desencarnado
em tantos do mês tal, percebo logo que os promotores da homenagem vieram do
Catolicismo e, misseiros que eram, ainda se acham saudosos de suas antigas cerimônias
litúrgicas: o defunto precisa de missas.
E assim vemos, por ar, dentro do Espiritismo,
"missas" de 7º e de 30º dia, além das anuais, e, ao lado disso, os
batizados (sem cuspe, felizmente) e até os casamentos - proh pudor! vão conseguindo
o seu lugarzinho, à imitação da Roma eterna, eternamente pagã.
E a coisa se vai ampliando, numa
adaptação perfeita à orientação católica: reuniões públicas de preces pelo
restabelecimento da saúde do Sr. Pafúncio, ou pela formatura do filho do Doutor
Pulquério, ou, mesmo, pela passagem do dia do aniversário do Sr. Anastácio
Polimério.
Isso tudo, com os meses marianos
disfarçadamente restabelecidos, mês de Kardec, semana disso, dia daquilo, muitas
vezes com festanças e homenagens estilo profano, tudo servindo de pretexto para
as tais supostas comemorações, isso tudo, com ou sem bandas de música, com ou
sem foguetes, com ou sem barraquinhas de mafuá, com ou sem vesperais dançantes,
isso tudo, dizemos, é a prova provada, documentada, estereotipada, indelevelmente
gravada, de que muita gente ainda não assimilou sequer os ensinamentos contidos
em "O Livro dos Espíritos", livro sobre o qual repousa toda a
estrutura da Terceira Revelação.
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