Recordando
os tempos do cristianismo nascente, impossível sopitar sinceras expressões de
admiração. Quanto fizeram os que nos antecederam em quase 2.000 anos, na
trajetória de homens renovados para a luz de Cima!
A história do Cristianismo é a maior
de todas as odisseias que já a Terra viu.
Campos juncados não de cadáveres, na rigidez que caracteriza a morte no corpo físico,
mas de arbustos e plantações santificadas, no louvor mudo às mães, em louvor aos
filhos, em louvor aos irmãos, em louvor às crianças de Deus, que tombaram na
divina epopeia.
Fez-se o martírio. Madeiros
ostentavam estamparias carnais, testemunhando não a força bruta, mas a
impotência da treva perante a força da bondade. Por muitos anos, portas
fechadas ocultaram ao geral do mundo as expressões do Alto, não porque o Amor
do Cristo temesse travar contato com as feridas da incompreensão humana, mas
porque jamais convirá que o Bem abandone a prudência, que a caridade esqueça os
limites do bom senso, para bem ser praticada.
Como cuidaram dos leprosos, dos
coxos e dos estropiados, dos cegos e dos possessos, os trabalhadores das horas
difíceis que cercaram a vinda do Messias, e nos dois séculos
que decorreram após as cenas até hoje incompreendidas do Calvário e da
Ressurreição, bases da segurança do Cristianismo! ... Por quantos martírios,
desde a discórdia familiar às hediondas macerações nos calabouços da
indignidade, passaram nossos irmãos de luta... Paulo, abandonando a vida
imediata, comparecendo com o exemplo nítido do homem que, aquém da santidade,
entregou o coração além da morte ao flagício dos espinhos na carne, vaso de
barro a comprovar que tudo o que existe de bom procede
de Deus. Os discípulos anônimos, testemunhando a escola casta do Cristianismo,
que Jesus inaugurou em pleno deserto de nossos corações. João, o Evangelista,
pelo Mestre apelidado "filho do trovão", junto a Tiago. Simão Pedro
confundido pelo olhar do Senhor, a face branda, cheia de amor, de um Amor que
ainda não compreendemos...
Recordamos e cremos dizer dos
caminheiros e testemunhantes da estrada, do mais fundo de nossa pequenez,
através da nossa imperfeição. Homenageamos as lágrimas vertidas dos corações
maternos apartados dos filhos adorados, testemunhando a comunhão
com o Espírito de Deus.
Meus irmãos, quantas agruras a
história do Cristianismo ainda hoje nos oculta! Que temos nós construído, de
nossa parte?.. Como reagiremos perante os desafios múltiplos integrantes de nossa
cruz, nós que também estamos sob o jugo do ódio, tornado leve sob as bênçãos
crísticas?.. Como procederemos face aos que nos agredirem com o pensamento ou
com o verbo desequilibrado?.. Que vantagens buscaremos auferir, senão as
lídimas vantagens do Céu?.. Que plantações semearemos em nossa casa?..
Meus filhinhos - que o amor que vos
dedico autoriza-me a chamá-los assim - :Quando chegaremos às portas de
Damasco?!. .. Que haja muita tolerância e muita luta, nesse amor que detendes,
que Jesus derramou sobre o mundo, no milagre da libertação, segundo a
responsabilidade de compreender.
Ontem e hoje
Bittencourt Sampaio
Reformador (FEB) Janeiro 1976
(Mensagem recebida na sessão pública de
29-8-1975, na FEB - Seção Rio.)
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