- As fórmulas de exorcismo tem
qualquer
eficácia sobre os maus Espíritos?
- Não. Estes últimos riem e se obstinam,
quando veem alguém tomar isso a sério.
(Questão nº 477 de “O Livro dos Espíritos"
)
A história é antiga e o Evangelho a
registra. Nos Atos dos Apóstolos (capítulo XIX), vamos encontrar aqueles judeus
que pretendiam imitar Paulo de Tarso, repetindo os feitos extraordinários que
decorriam do notável magnetismo e da excepcional estatura moral do apóstolo dos
gentios. Conta-se que Sceva, reunido com seus sete filhos, realizou uma prática
espírita. Certo Espírito imperfeito, entretanto, manifestando-se através de um
dos jovens, tornou-se furioso, agredindo a todos e deixando-os nus e feridos.
Em determinado momento, como que para caracterizar que o judeu não dispunha de
condição evolutiva para
lhe dirigir palavras de correção, o Espírito falou com clareza:
- Eu conheço Jesus e sei quem é
Paulo de Tarso. E vós, quem sois?
Para facilitar o raciocínio,
procuremos em Cândido de Figueiredo definição para a
palavra “exorcismo”: “Oração ou cerimônia religiosa para livrar alguém dos
Espíritos maus”.
Ora, a Doutrina Espírita nos ensina
que as obsessões, não raro, derivam de mediunidade contrariada ou viciosa, e
que, quando essa mediunidade se disciplina e se torna proveitosa no sentido do
bem, baseando-se no estudo e amparando-se na renovação moral, passa a ser útil,
favorecendo o contato com os Espíritos do Senhor e distanciando os brincalhões
e irresponsáveis do Mundo Espiritual.
Quando apelamos para o exorcismo,
com invocações impróprias, sempre ocorrem fatos desagradáveis, conduzindo-nos
tais práticas a indesejáveis amizades espirituais, que, no futuro, virão a nos
proporcionar “dores de cabeça”...
O Espiritismo dispensa a superstição
e movimenta-se da boca para dentro, vivendo pela força do coração. É doutrina
sem dogmas, sem liturgia, sem símbolos e sem sacerdócio organizado. Não adota
vestes especiais, não usa incensos, não emprega altares ou imagens, não atende
a interesses mundanos, não admite qualquer tipo de pagamento, não prescreve
talismãs ou amuletos, não concede indulgências, não confecciona horóscopos, não
admite quaisquer atos materiais oriundos das velhas e primitivas concepções
religiosas. Andaram certos os Reveladores dizendo a Kardec que os Espíritos
imperfeitos acham graça da nossa infantilidade, quando apelamos para as
fórmulas exorcistas, pretendendo libertar-nos de problemas decorrentes das
nossas próprias afinidades espirituais.
A fórmula exata, aquela que o Codificador
recomenda, é a da renovação moral, do aperfeiçoar dos sentimentos e do
acréscimo de conhecimentos espirituais. A assistência do Alto, então, se
firmará conosco; as práticas exorcistas se tornarão inúteis; desaparecerão as
angústias e as dores, enquanto as alegrias do Amor e as esperanças na vitória
do Bem passarão a constituir a tônica de nossa vida.
Na antiguidade, com efeito,
empregavam-se estranhas cerimônias para enfrentar os maus Espíritos, mas, nos
dias atuais, em razão dos ensinos espíritas, tal combate necessita se processar
em outras bases, recorrendo-se à renovação moral e ao exercício do bem.
Práticas
exorcistas
Arthur da Silva Araújo
Brasil Espírita / Reformador (FEB)
Agosto 1971
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