domingo, 13 de setembro de 2015

Práticas Exorcistas


 - As fórmulas de exorcismo tem 
qualquer eficácia sobre os maus Espíritos?
- Não. Estes últimos riem e se obstinam, 
quando veem alguém tomar isso a sério.

(Questão nº 477 de “O Livro dos Espíritos" )

            A história é antiga e o Evangelho a registra. Nos Atos dos Apóstolos (capítulo XIX), vamos encontrar aqueles judeus que pretendiam imitar Paulo de Tarso, repetindo os feitos extraordinários que decorriam do notável magnetismo e da excepcional estatura moral do apóstolo dos gentios. Conta-se que Sceva, reunido com seus sete filhos, realizou uma prática espírita. Certo Espírito imperfeito, entretanto, manifestando-se através de um dos jovens, tornou-se furioso, agredindo a todos e deixando-os nus e feridos. Em determinado momento, como que para caracterizar que o judeu não dispunha de condição evolutiva para lhe dirigir palavras de correção, o Espírito falou com clareza:

            - Eu conheço Jesus e sei quem é Paulo de Tarso. E vós, quem sois?

            Para facilitar o raciocínio, procuremos em Cândido de Figueiredo definição para a palavra “exorcismo”: “Oração ou cerimônia religiosa para livrar alguém dos Espíritos maus”.

            Ora, a Doutrina Espírita nos ensina que as obsessões, não raro, derivam de mediunidade contrariada ou viciosa, e que, quando essa mediunidade se disciplina e se torna proveitosa no sentido do bem, baseando-se no estudo e amparando-se na renovação moral, passa a ser útil, favorecendo o contato com os Espíritos do Senhor e distanciando os brincalhões e irresponsáveis do Mundo Espiritual.

            Quando apelamos para o exorcismo, com invocações impróprias, sempre ocorrem fatos desagradáveis, conduzindo-nos tais práticas a indesejáveis amizades espirituais, que, no futuro, virão a nos proporcionar “dores de cabeça”...

            O Espiritismo dispensa a superstição e movimenta-se da boca para dentro, vivendo pela força do coração. É doutrina sem dogmas, sem liturgia, sem símbolos e sem sacerdócio organizado. Não adota vestes especiais, não usa incensos, não emprega altares ou imagens, não atende a interesses mundanos, não admite qualquer tipo de pagamento, não prescreve talismãs ou amuletos, não concede indulgências, não confecciona horóscopos, não admite quaisquer atos materiais oriundos das velhas e primitivas concepções religiosas. Andaram certos os Reveladores dizendo a Kardec que os Espíritos imperfeitos acham graça da nossa infantilidade, quando apelamos para as fórmulas exorcistas, pretendendo libertar-nos de problemas decorrentes das nossas próprias afinidades espirituais.

            A fórmula exata, aquela que o Codificador recomenda, é a da renovação moral, do aperfeiçoar dos sentimentos e do acréscimo de conhecimentos espirituais. A assistência do Alto, então, se firmará conosco; as práticas exorcistas se tornarão inúteis; desaparecerão as angústias e as dores, enquanto as alegrias do Amor e as esperanças na vitória do Bem passarão a constituir a tônica de nossa vida.

            Na antiguidade, com efeito, empregavam-se estranhas cerimônias para enfrentar os maus Espíritos, mas, nos dias atuais, em razão dos ensinos espíritas, tal combate necessita se processar em outras bases, recorrendo-se à renovação moral e ao exercício do bem.

            Práticas exorcistas
Arthur da Silva Araújo

Brasil Espírita / Reformador (FEB) Agosto 1971

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