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Restante - 16
por Sólon Rodrigues
Reformador (FEB) Fevereiro 1973
Há
indagações que, por sua natureza, levam a outras. E há respostas que, inevitavelmente
motivam outras questões.
Resta-nos
convidá-los à leitura.
P.
- Por que entre casais, inclusive os que se acham há longos anos consorciados, estão ocorrendo tantos desquites, conflitos, aventuras amorosas?
R.
- Grande parcela das criaturas faz do sensualismo a manifestação da própria
vida. A busca do prazer, não raro, sufoca
impulsos nobres.
Muita
separação é ditada pela fome de sensações grosseiras.
Se
bem a Doutrina Espírita aceite o divórcio por remédio extremo, não nos é
lícito fazer vistas grossas ao fato de que,
repetidamente, um casamento é solapado
pela insatisfação dos sentidos. A sede de paixões
abrasa a criatura.
P.
- Que conviria aos casais, então?
R.
- A reeducação religiosa. Incorporar princípios elevados, regeneradores, para que se suportem mutuamente, evitando fazer
concessões aos impulsos para aventuras afetivas. Mais que se suportarem a contragosto:
descobrirem, no Evangelho, a área da compreensão, tornando-se caridosos um para com o
outro.
Se
nos condicionamos à poligamia, por uma
falsa interpretação de liberdade, toca-nos, agora, a correção de tais impulsos
irrefletidos. A deseducação de nossos sentimentos precisa de ser dissipada.
P.
- Se ocorrer a separação, justifica-se um novo lar?
R.
- Toda relação afetiva cria liames. Em certas ocasiões, um companheiro para a viagem reencarnatória, após a separação do
casal, poderá inscrever-se como socorro. Sabe-se, contudo, que serão outros e novos compromissos,
somados aos de que não se libertou pela distância física.
Valerá
ponderar muito, antes de agravar mais.
P.
- O divórcio, mais que o desquite, não criaria
melhores condições sociais para esse novo lar?
R.
- O casamento não é indissolúvel. Só o é diante de algumas leis humanas. O divórcio permitiria legalizar o novo contrato matrimonial, dando-lhe a cobertura
legal que muitos requerem para suas experiências de relacionamento afetivo e
consolidação da família.
As
condições de um lar, porém, não se subordinam à legislação humana. Por perfeitos
fossem nossos códigos, não substituiriam jamais a necessidade de conduta
equilibrada.
Nosso
problema sempre será o de educação.
Se,
diante dos homens, o divórcio traria melhores condições, diante da Espiritualidade
somente a conduta evangélica nobilita a criatura, diante da própria consciência.
P.
- Se sobrevier a desencarnação dum dos cônjuges, logo após a separação,
como ele encarará o lar desfeito e o companheiro
que tomou distância?
R.
- Frequentemente permanece imantado ao que ficou e tanto mais quanto
menos desejou tal separação.
Num
casamento, envolvem-se pais, irmãos, parentes e até amigos. Numa separação,
todo esse quadro, que se aproximou ou se estabeleceu por fruto da união esponsalícia, igualmente é agitado,
tumultuado por vezes.
Nada
é simples, salvo para o juízo dos egoístas.
Em
função desse complexo humano, o Espírito que dali partiu materialmente
permanece aprisionado aos valores que elegeu como os mais importantes.
E
não estamos falando de um sentimento de rancor.
"Onde estiver o seu tesouro, aí estará o seu
coração."
A
máxima do Evangelho encontra ampla aplicação.
Observemos,
simultaneamente, que a lei humana não modifica o quadro espiritual da criatura.
Embora possa trazer-lhe uma sensação de "honestidade convencional”, por
agir dentro de princípios aceitos pela maioria, tal fato não altera a essência
íntima de ninguém.
O
resgate de dívidas de amor é compulsório.
Se
ocorrer uma desencarnação prematura, oriunda do desajuste emotivo provocado
pela separação, o débito espiritual aumentará e em muito. Somos responsáveis,
queiramos ou não, pelas imagens mentais que a nossa conduta precipitar no companheiro
de romagem.
P.
-Quando ambos estiverem na Espiritualidade, considerando-se que se acusem mutuamente pela separação, como ficariam para as
próximas reencarnações, se são devedores um para com o outro?
R.
-Sempre é hora de mudar o destino.
Se
se conservarem algemados, através do ódio e da retaliação mútua, poderão
atingir o porto reencarnatório na posição de irmãos.
Serão parentes problemas, enquanto dilatarem o rancor em qualquer posição em
que se encontrem.
Poderão,
no entanto, retomar como cônjuges.
No
caso terão, após vencida a fase de paixão que lhes caracterizará namoro e noivado, dificuldades crescentes de
relacionamento. Da mesma forma que um afeto pode ser inato, e inata foi a
atração que os reuniu de novo, a antipatia poderá explodir entre ambos por
razões aparentemente injustificáveis.
Porém,
ocorrem também desníveis espirituais.
Um
dos dois, antes do renascimento, poderá redimir-se.
Tomemos,
para exemplo, que nesse casal, cujo conflito se transferiu do cenário humano
para o espiritual, a mulher venha a sublimar seus sentimentos.
Ela
poderá reencarnar e receber o o antigo desafeto por filho.
Tudo,
enfim, se subordina à vontade dos beligerantes.
As
nossas decisões firmes alteram o destino.
P.
- Diante do quadro atual de separações, conflitos, malícia ou inconsequência de adultos e jovens, poderão ocorrer muitos
processos reencarnatórios sob modalidades anormais?
R.
- Se contraímos débitos, ferindo o nosso semelhante, deveremos resgatá-los
até o último centavo.
Não
que a Providência imponha o resgate.
A
nossa própria consciência por isso clamará.
À
proporção que nos violentarmos, o inesgotável amor de nossos Superiores
Espirituais se manifesta, abrindo-nos portas de recomposição.
Na
Terra, ou noutro plano do Universo - preferentemente, porém; no panorama que perturbamos , poderemos chegar na posição de
monstros teratológicos ou sendo portadores de anomalias as mais diversas.
Quem
com ferro fere... - é princípio de ação e reação.
Sempre
que destruirmos ou ferirmos a harmonia das células perispirituais, por guardar a mente nas vibrações corrosivas do
rancor, do ódio, do egoísmo, do sensualismo, receberemos um programa de recomposição
consequente. Isso equivale a dizer que voltaremos alienados, se nos alienamos.
Quem
semeia, colhe.
O
amor em que se move a Justiça Divina, no entanto, oferecer-nos-á o esquecimento
do passado por bênção e o reencontro com quem ferimos como oportunidade de
resgate.
P.
- Diante desse quadro, ocorrerá que Espíritos elevados reencarnem para
auxiliar a recomposição de nosso campo afetivo?
R.
- Com bastante frequência o doente é quem precisa de remédio.
Se
fôssemos relegados a viver somente entre os que nos são semelhantes em virtude
e defeitos, jamais escaparíamos dum círculo vicioso. Os bons Espíritos são aqueles
irmãos mais experientes. Podem e ajudam-nos. Alentando-nos pacientemente e
suportando-nos em nome da caridade, eles nos soerguem na direção do Senhor
Jesus.
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