O Preço da Má Fé
por Luciano dos Anjos
Reformador (FEB) Fev 1971
Como
não é possível alinhar sequer meia dúzia de argumentos apodíticos capazes de
fazer
elidir a granítica estrutura conceptual do Espiritismo; como não é possível arguir-se uma única contraprova séria da fenomenologia espírita; como não é
possível sustentar junto a ninguém, ou a poucos, ou a alguns, que não existe o
que todos diariamente sentem, sabem ou veem, em matéria de fatos mediúnicos;
como absolutamente nada disso é mais possível nesta fascinante década em que
Rhine e Pratt já admitem a sobrevivência e a reencarnação (função “theta”); eis
que, desesperados, marfados, irresignados como à volta do caixão a chorar a
despesa do enterro, apelam para os recursos que, por burlescos, configuram de
resto a derrocada. Então, buscam demonstrar (?), através da contraprovinha, que
tudo no Espiritismo é embuste. Maliciosos, antegozando uma vitória de Pirro,
esgueiram-se pela Avenida Passos e lá vão, com nomes fictícios, nomes de
desencarnados ou nomes de bichos, a pedirem receitas ao Alto para testar os
médiuns, os Espíritos ou a Doutrina! Se não é na FEB, serve em qualquer Centro.
Doloroso é que, por insegurança ou má orientação, há-os inclusive que se dizem espíritas,
ao cabo de cuja ação, entretanto, vão desgraçadamente colher o fruto amargo da
decepção ou o desapontamento irreversível. Quando não, às vezes, o
arrependimento tardio e sempre acrimonioso.
Esse comportamento, ora estranhável,
da parte dos confrades, ora ridículo, da parte dos de tratores, deixa em seu
rastro, afinal de contas, uma indagação séria e honesta, dentro dos espíritos
das criaturas de boa fé e sinceras: por que isso acontece? Enfim, qual a
explicação para o erro, que não basta, é claro, ao derruimento do Espiritismo,
mas que, em última análise, existe de verdade?
É mais para estes do que para
quaisquer outros que me decidi por este artigo. Não o faço para o provador
velhaco, não o faço para o espírita de pouca fé. Faço-o para você, leitor, que
não usou o método, que não gostou do método, que lamentou o método, mas que tem
direito, como simples espectador, a um esclarecimento claro e completo, tão
amplo quanto satisfatório, à altura das naturais exigências do racionalismo
kardecista. Raciocinar não é uma sugestão da Doutrina Espírita; é uma
imposição. “A razão do homem - lembrou Humberto de Campos nas “Novas Mensagens”
- em si mesma, fez o direito convencional, mas fez igualmente o canhão e o
prostíbulo. E, sem a fé, sem a compreensão de sua própria alma, estranho às
suas realidades profundas, o homem caminha, às tontas endeusando todas as
energias destruidoras da alegria e da vida”. Ensinamento que, sem dúvida,
aconselha também à sintonia do sentimento, a fim de que o raciocínio não sofra
distorções e não enseje a dúvida, ao invés da certeza.
Anotemos, antes de mais nada, as 5
hipóteses para o erro (ou “erro”) em discussão, quais sejam:
1 - Receita pedida para quem não
está doente;
2 - Receita apresentada com nome ou
endereço trocado;
3 - Receita com nome de animais;
4 - Receita com nome de
desencarnados;
5 - Receita com nome e endereço
fictícios.
A priori: não vamos cogitar dos
casos em que os Espíritos (e quantos não os há nos anais do Espiritismo!),
percebendo a má fé de quem os consulta, ou, então, nada apurando de grave para
justificar uma receita, significativamente riscam o papel de alto a baixo; ou
devolvem-no em branco; ou simplesmente auguram as bênçãos do Alto para a
Infeliz criatura. Há, na Federação Espírita Brasileira, vários desses casos.
Há-os certamente em muitas outras agremiações espíritas. Tirante, pois, esses
casos, vamos examinar tão-só aqueles nos quais os Espíritos realmente receitam
alguma droga, ou alguma providência clínica. Vejamos, assim, a primeira
hipótese: o autor do teste coloca no papel seu nome, embora esteja gozando de
excelente saúde; chega até mesmo, às vezes, a referir a disfunção dum órgão
qualquer, como o fígado, o rim, etc., apesar de nada sentir.
Ora, quem pode jurar que, malgrado
sua disposição física, seu aspecto salutar, tudo não passa duma simples e
enganosa aparência? Quantas pessoas não nos surpreendem, frequentemente, por
revelarem, da noite para o dia, um estado mórbido qualquer, às vezes
passageiro, outras vezes gravíssimo, até letal? Supor-se bom, hígido, referto
de saúde, é muito relativo e nem sempre expressa uma realidade. Os Espíritos,
conhecendo de cima o problema, podem perfeitamente receitar sem estarem
cometendo engano. Doutro lado, podem também estar apenas clinicando no campo da
profilaxia, com isso prevenindo um mal que sabem em progressão e que a qualquer
momento se agravará. Podem ainda ter sabido duma doença que até então não
apresentara nenhum sinal, mas que se encontra
na
trajetória cármica daquela criatura, e, sempre bondosos, cuidam de fortalecer lhe
o corpo material com complexos vitamínicos, desintoxicantes, polivalentes, etc.
Afinal, essa mesma hipótese não poderia perfeitamente ocorrer num consultório
médico? Alguém vai clinícar-se acompanhado dum parente e o facultativo acaba
receitando para os dois, ao perceber que este, embora não sentisse nada, revela
entretanto um mal oculto qualquer.
Passemos ao segundo caso: o “testador”
troca o nome ou o endereço propositalmente. Aqui, também não vejo dificuldade
em explicar o comportamento dos Espíritos. A armadilha nada significa, senão um
trabalho a mais para os benfeitores da Espiritualidade. Vamos socorrer-nos
ainda desta feita da imagem do médico terreno para melhor expressar-me. Dá-se lhe
o endereço ou o nome do doente trocados e ele, por amor à profissão, ou ao
doente, ou a Deus, resolve perder algum tempo extraordinário e, pesquisando
de boa vontade, acaba localizando onde se acha ou o identificando. Puro e
simples trabalho de pesquisa. É um esforço que certamente quebrará o ritmo dos
serviços no plano invisível, mas plenamente compreensível e, acima de tudo,
muito viável e muito plausível. Não fossem eles nossos verdadeiros amigos e
protetores!.. Na troca do nome a pesquisa deverá ser um pouco mais dificultosa;
mas se repete, certamente, a dedicação dos Espíritos, que acabam por localizar
a pessoa necessitada. Não ignoremos, além disso, que há sempre um Anjo de
Guarda, também, para emprestar a sua contribuição, nos momentos menos
rotineiros...
E aqui temos a terceira hipótese:
receitas deixadas com nomes de animais, cachorros, gatos, papagaios,
tartarugas, etc. Cito estes porque foi os que encontrei referidos na literatura
atinente. É claro que pode ser qualquer outro bicho, alguns até com nomes tipicamente
de pessoas, como Manoel (era um papagaio), Joana (era uma tartaruga), Luís (era
um galo), Azevedo (era um macaco), etc. Os Espíritos, consultados, receitam
normalmente ou indicam alguma orientação, através do médium em transe. Ante o
aparente absurdo, os céticos se jactam da prova contra as leis da mediunidade.
Mas, afinal, que há de estranho ou absurdo nisso? Onde o erro? Qual a razão
para esse entono, para essa espécie de libação patológica, própria unicamente
dos que desconhecem alguns dos mais primários conceitos do Espiritismo?
E, mesmo que se raciocine em termos
materialistas, não é sobejamente sabido que os animais sentem, sofrem,
apresentam reações metabólicas de sensível paralelo com o homem? Os animais,
portanto, têm doenças como qualquer homem e merecem, como estes, tratamento
clínico, assistência dos seus donos ou dos Espíritos, por que não?! Nós,
espíritas, sabemos muito bem que têm eles uma alma, e que sofrem, sentem, amam. Encarnam,
desencarnam e reencarnam como nós. Organicamente espelham, em linhas gerais, a
disposição nossa. E se nós, criaturas cheias de pecados, somos capazes de
sensibilizar-nos com seu sofrimento e lhes envidar socorros, por que o não
fariam os Espíritos? Se na Terra achou-se por bem, dentro do nosso atraso e da
nossa inferioridade, criar a Veterinária, por muito mais razões entenderia o
Alto, certamente, de se preocupar também com as doenças dos próprios animais.
Embora, convenhamos, os cuidados com eles
devam antes caber a nós. Já é um sacrifício muito grande por parte dos
Espíritos estarem vencendo mil barreiras para receitar para os homens. É de se
esperar que não os ocupemos com as doenças de nossos irmãos inferiores. Afinal,
cada qual na sua posição. Tento apenas demonstrar que não é absurdo o fato de
se receber uma receita para um animal. Mas daí a preocupar os desencarnados com
mais essa tarefa vai enorme distância. Pois, se nem mesmo para questões do
próprio homem nem sempre devemos consultá-los... Entraríamos sem dúvida na
faixa da inconveniência e da impertinência, se cada vez que sentíssemos uma
simples dor de cabeça ou uma dor de dente, fôssemos consultar os Espíritos...
Bom senso - eis o conselho que dou aos que porventura me tenham compreendido
mal e se saiam a ocupar nossos benfeitores com problemas que podemos e devemos
solucionar. Do contrário, para que médicos e veterinários na Terra?
Prossigamos analisando agora a
quarta hipótese. Por malícia ou por engano, é apOsto no receituário espírita o
nome de alguém que já desencarnou. Desta feita, coloco-me à sombra de André
Luiz para explicar o caso que, a rigor, nada tem de complicado. No seu livro “Nos
Domínios da Mediunidade”, aquele médico operoso do Espaço nos explica - o que
já era por si só tão óbvio - como funcionam na Espiritualidade os serviços de
socorros nos casos do receituário espírita. Tomemos-lhe a palavra, colhida à
pág. 144 da 2ª edição daquela obra:
“Muita vez, a longa distância, a
criatura em sofrimento é mostrada aos que se propõem socorrê-la e os
samaritanos da fraternidade, em virtude do número habitualmente enorme dos
aflitos, com a obrigação de ajudar, de improviso, não podem, de momento, ajuizar se estão recebendo informes acerca de um
encarnado ou de um desencarnado, mormente quando não se acham laureados por
vastíssima experiência. Em certas
situações, os necessitados exigem auxílio intensivo em pequenina fração de
minuto. Assim sendo, qualquer equívoco desse jaez é perfeitamente admissível.”
(o grifo acima é meu).
O esclarecimento é convincente. Os
Espíritos estão preocupados em localizar a doença, o mal orgânico, e não em
fazer apurações para verificar se de fato a criatura está vivendo num ou noutro
plano. Não esqueçamos que todos os males físicos se projetam no perispírito, e
que, em contrapartida, as deformações perispirituais se refletem no soma.
Aprendemos, aliás, que só se sai desse círculo vicioso pela própria dor, física
ou moral, que enseja o aprimoramento espiritual - única via de acesso à
restauração da harmonia celular psicossomática. Relativamente ao detalhe do
endereço, muito pouca é a sua significação. “O fato de ser o receituário feito
com o exame da imagem, presente, do perispírito do consulente, explicará
possíveis casos, suscetíveis de ocorrer, em que uma pessoa possa ser
medicada mesmo que o seu falecimento já se tenha verificado”. “É que, em muitos
casos, embora desencarnado, o Espírito permanece no ambiente familiar,
especialmente no quarto e na cama onde experimentou as dores da enfermidade, na
ilusão de que ainda vive”. “Estando o seu perispírito ainda presente na casa, a
sua imagem poderá ser captada e projetada no espelho fluídico situado junto ao
médium.. Daí ser possível, raramente, aliás, a indicação de medicamentos, mesmo
que já tenha desencarnado a pessoa objeto da consulta. No receituário feito em
massa, isso pode ocorrer algumas vezes. Os leigos estranharão e os estudiosos
acharão a coisa muito simples e absolutamente natural”.
Estas considerações, por tudo
judiciosas e bastantes, recolhi-as da pág. 157 da 1ª edição do oportuníssimo
livrinho de Martins Peralva,
publicado pela FEB, sob o título “Estudando
a Mediunidade”, e que é um repassar criterioso e autorizado de todas as
lições daqueloutro, de André Luiz, a que já me referi linhas acima. Ademais,
não sendo o caso, isto é, admitindo-se - apenas para complicar a hipótese - que
o espírito não esteja de fato no local dado na Terra e referido no papel
entregue ao médium, nem assim nossos zombadores terão azo de alargar o sorriso
matreiro. Entenda-se que os benfeitores já possuem outros elementos, como nome,
idade, etc., e podem buscá-lo “mentalmente”. Com mais facilidade ainda, se os
parentes, os interessados, os consulentes, etc., estiverem preocupados
com ele, como soí, aliás, acontecer em consequência natural do próprio desejo
de vê-lo curado, aliviado ao menos. Se não há essa preocupação sincera ou
honesta (caso do provador solerte), há porém a preocupação insincera e desonesta. Em termos de sintonia espiritual
isto basta... Até o ignóbil pensamento dum assassino pode, por ondas mentais,
permitir a localização da sua vítima, por parte dos Espíritos. Apenas a título
de remate: é pacífico que, no caso de ser ditada uma receita para um ser
desencarnado, ela de nada lhe valerá, pois os males de que é porventura
portador, nessa hipótese, só poderão ser atacados através do passe magnético,
dos recursos fluídicos do imenso laboratório do Invisível, enfim, da
terapêutica espiritual. Ou, em última instância, do abençoado remédio da
reencarnação...
Finalmente, leitor, chegamos à
última alternativa, que parece ser a de mais demorada explicação. Trata-se do
homem de pouca fé que inventa um nome qualquer, imagina um endereço e deixa a
sua receita com o médium. No dia seguinte - se não ocorre o caso de que já
falei, em que o Espírito nada responde ou apenas dita um conselho, revelando
que conhece a intenção do velhacório - lá vem um medicamento ou uma providência
que arrancam do astucioso o seu inconsequente grito de vitória, cuja euforia
faz
trombetear aos ventos a pretensa contraprova de toda a fenomenologia espírita!
“ ...na Federação Espírita
Brasileira obtive receitas médicas ditadas pelos médicos do espaço,
os quais médicos do espaço visitavam os enfermos nos respectivos domicílios. As
receitas me foram fornecidas muito direitinhas, etc. e tal. Sucedeu, porém, que
os enfermos para os quais eu as tinha pedido, não existiam. Eram imaginários.
Eu os tinha inventado como inventara, também, os respectivos domicílios”.
Esta revelação está na pág. 73, com
toda essa horrível redação, do livro dum Sr. Átila Paes
Barreto, publicado em 1944, intitulado “O Enigma Chico Xavier posto à Clara Luz
do Dia”.
A luz foi tanta sobre o pobre e apagado Chico que ele aí está até hoje, com
mais de 40 anos
de mediunidade, produzindo páginas imortais da literatura, enquanto ninguém
sabe onde anda o Sr. Átila que, afinal, lembra os hunos, as famigeradas hostes
do século V e aquela história da grama que não renascia sob seus pés... Esse
livro (tenho-o em minha estante porque tenho praticamente todos os livros de
combate ao Espiritismo) é tão mal feito, é tão primário que, naquela mesma
página, o autor prossegue no seguinte tom:
“Dirão os srs. espíritas que as
receitas que obtive foram ditadas por espíritos gaiatos. Não foram pedidas
gaiata e astuciosamente? Logo... Mas o diabo foi que as pedi de maneira tal que
nem uma legião de espíritos gaiatos, quer encarnados, quer desencarnados, podia
saber (?!!!) quem estava pedindo e o que estava sendo pedido”. (O parêntese é
meu.)
É o que digo: foi luz demais... Está
óbvio que o Sr. Átila não tinha ou não tem ainda o senso
muito atilado e andou passando muito por alto sobre as lições do Espiritismo.
Do contrário, saberia que é evidente, mais do que evidente, que os Espíritos
podiam saber e que, não raro, o que acontece é isso mesmo: toda gaiatice tem
seu preço...
Três coisas podem acontecer ante uma
brincadeira desse jaez.
Primeiro: os Espíritos não descem do
promontório da sua bondade e da sua humildade e, apesar de observarem tratar-se
o consulente dum tratante, aproveitam a oportunidade a fim de indicar algum
medicamento para ele próprio. Passa-se o fato mais ou menos no mesmo diapasão
daquele assaltante que aborda o médico no meio da rua e depois acaba sendo por ele
medicado. Nem pergunta ao celerado a que vem; sua missão é curar e adverte-o da
lepra que traz estampada no rosto.
Segunda possibilidade: os Espíritos,
sempre benevolentes, porém conscientes das próprias fraquezas interiores dos
encarnados, preferem sujeitar-se à crítica do erro, do que precipitar um
processo evolutivo ou ensejar um trauma condenável. Para quem construiu toda a
sua cultura sobre determinados fundamentos conceptuais, de que valeria uma
nesga de verdade? Ele obviamente a negaria de qualquer forma. Buscaria explicar
o fato através das suas idéias de “espírito forte” e continuaria recalcitrante
na sua tremenda erronia. Ainda que o médico do Além dissesse: “Sua receita é
falsa. Você quer me testar” o cético maldoso, ainda não preparado para receber
a luz da Verdade, logo redarguiria, pública ou interiormente: “Miserável! Esse
mistificador leu meu pensamento, através da telepatia!” Ou, então: “Pensa que
me engana? Ele soube por alguém da minha armadilha”! E continuaria a
desacreditar, a buscar uma fórmula negativista qualquer para explicar o acontecimento.
Afinal, de que adiantaram os chamados milagres de Jesus, senão para reforçar a
sua sentença de morte? Eu (é bem verdade que sou criatura ainda muito atrasada
espiritualmente, mas de qualquer forma arrisco o exemplo), eu, Espírito
desencarnado responsável pelo receituário de algum centro espírita da Terra,
não pensaria duas vezes: receitava um remédio a esmo? (que eu tinha certeza de
que ele nem ninguém o tomaria) e... seguia em frente, a cuidar de casos
realmente sérios.
Vejamos, afinal, a terceira e última
possibilidade: trata-se de criatura que não pode ser arrolada entre os
maldosos, podendo até ser um esforçado espírita, mas, que, por invigilância por
estremecimento da sua fé resolve num lamentável descuido, testar a sua própria
crença, a sua Doutrina mesma. Tem ele todo o direito - afinal é um ser livre -
de testar a eficiência dos Espíritos, dos médiuns ou do receituário espírita;
mas também os Espíritos têm o direito de testar-lhe a fé... A decepção é sempre
o preço duro e muito alto que se paga em nome da má fé. André Luiz ensina
exatamente isso, na pág. 144 de “Nos Domínios da Mediunidade”, edição citada:
“Quem busca sinceramente a fé,
encontra o prêmio da compreensão clara e pacífica das coisas, sem prejudicar-se
diante de contradições superficiais e aparentes”. “Mas se os consulentes são
exemplares de leviandade e má fé, abeirando-se do trabalho mediúnico no
propósito deliberado de estabelecer a descrença e a secura espiritual,
semelhantes resultados, quando se verificam, servem para eles como justa
colheita dos espinhos que plantam, de vez que abusam da generosidade e da
paciência dos Espíritos amigos e recolhem para si mesmos a negação e a tortura
mental. Quem procura a fonte límpida, arremessando-lhe lodo à face, não pode,
em seguida, obter a água pura”.
Lapidar lição de lógica, bom senso e
entendimento! E como se acolchetam maravilhosamente bem, aqui, aquelas palavras
do Cristo: “Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele
a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão” (Lucas, 12-48).
Contato mediúnico é questão de sintonia.
E sintonia é estado mental de sutileza quase inconcebível. Basta uma filigrana
qualquer para alterá-la. No mais, oscila necessariamente em função da
predisposição espiritual, numa espécie de condicionamento reflexológico,
dependente de fé, de confiança, de respeito, de amor. Convém ler sobre isso “Mecanismo
da Mediunidade”, do mesmo André Luiz, onde o assunto é minudentemente
explanado. Assim sendo, uma milésima alteração do dial psíquico pode ensejar um
engano. Ou - '0 que é muitíssimo provável - abrir uma fresta a um gaiato
qualquer do Espaço, sempre pronto a “colaborar” no aprofundamento da descrença
e da dúvida dos outros. Se
o interessado pelo receituário mediúnico não traz puro o coração, que espera
obter? Era preciso que seu crédito passado fosse muito alto para que a lei “compensasse”
sua momentânea fraqueza e reajustasse o dial automaticamente, casos então em
que, embora por exceção, a receita volta em branco, ou riscada, ou com uma doce
advertência dos Espíritos, mostrando que sabem das intenções do consulente.
Mas, como já disse, isso é prêmio, isso é
bênção, isso é misericórdia, e, para obtê-los, tem de haver merecimento,
não obstante algum momentâneo gesto de falência.
Um dia, também quiseram testar
Jesus. O Mestre conheceu-lhes o pensamento e assegurou os direitos de César...
Um dia, desafiaram Jesus a salvar-se a si próprio e o Salvador deixou-se ficar
à cruz, na crise da sua aparente derrota, enquanto seus matadores cantavam
vitória e mergulhavam no abismo da desilusão... Além de perderem o convívio do
Cristo, perderam também o melhor motivo de esperança. E morreram sem ela. O
tédio e a solidão fizeram-lhes companhia.
E você? Já leu este livro?
Boa tarde. Existe alguma forma de disponibilizar o livro “O Enigma Chico Xavier posto à Clara Luz do Dia”?
ResponderExcluirCumprimentos
Também gostaria muito!
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