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quarta-feira, 23 de março de 2011

12/50 'Crônicas Espíritas'




12CM



Relativamente ao que a Igreja ensina, conforme diz o meu amigo padre Dubois
 “que todos os dogmas foram a ela revelados por Deus e, 
a quem não crer, anátema”, creio ter à saciedade demonstrado que a ela, 
desde que se constituiu Igreja de Roma, nenhuma revelação 
foi dada e a razão é simples: 
ela se divorciou por completo de Jesus. 
Veja, meu amigo, como se operou lentamente esse divórcio:
            Foi o bispo Aniceto quem começou a modificar os usos 
estabelecidos pelos apóstolos, 
pretendendo a primazia sobre os outros bispos e fiéis em geral. 
A fraternidade, que devia existir entre os discípulos de Jesus, 
desapareceu por completo, como também a humildade, 
que era o apanágio dos apóstolos. 
O conselho do Cristo – “amai-vos uns aos outros como eu vos amei” – 
foi esquecido e a excomunhão e os cismas 
tomaram o ligar dos ensinos do Divino Mestre. 
Foi o bispo Aniceto quem inventou a tonsura dos padres 
em forma de coroa, e isto 130 anos depois da ascensão do Senhor. 
Veja quão depressa se olvidaram os ensinos de Jesus.
            O bispo Vitor aceitou a heresia montanista e também, 
arrogando-se o predomínio, 
ameaçou com excomunhão os bispos 
e os fiéis do Oriente (de onde, aliás, veio o Cristianismo), 
por não quererem eles submeter-se à data 
por ele consignada para a celebração da Páscoa, 
que os judeus comemoram pela passagem do Mar Vermelho. 
Como naquele tempo (195-202) os outros bispos, 
mesmo os da Itália, não se sujeitassem às decisões do bispo de Roma, 
Vitor teve de recuar e engolir as suas ameaças.
            Cornélio, 22º bispo, era um homem severo e reto: no entanto, 
não se livrou de que Novaciano fosse também eleito bispo de Roma.
            “Estevão I, 24º bispo, foi acusado por S. Cipriano de “homem arrogante, 
teimoso e inimigo dos cristãos, 
defensor da causa dos heréticos contra a Igreja de Deus 
e de preferir as tradições humanas à inspiração divina.
            “Firmiliano, bispo de Cesareia, em carta dirigida a S. Cipriano, 
assim fala de Estevão I: “Quem se há de convencer que em 
tal homem possa haver uma alma? 
O seu corpo está já de si mal formado e aquela é perversa. 
Estevão não tem vergonha de chamar falso cristão, 
falso apóstolo e obreiro fraudulento ao seu irmão Cipriano; 
e, para não dizê-lo de si mesmo, 
tem a audácia de dizer de outrem!”
(“História dos Papas”, pág. 90, 1º vol.).
            “Marcelino, 30º bispo, por medo, 
abjurou solenemente a religião cristã 
e ofereceu incenso aos ídolos pagãos 
(que no fim vieram a ser os mesmos dos católicos, 
posteriormente introduzidos nas igrejas) 
no templo de Ísis e de Vesta no ano 300. 
O historiador, falando do reinado de Marcelino, 
diz na história deste papa: 
“Mas o excesso de liberdade produziu 
o quebrantamento da disciplina, e foi começada a guerra 
por meio de palavras ofensivas: 
os padres e os bispos, excitados uns contra os outros, 
provocaram rixas e desordens; 
finalmente, quando a maldade, a traição e a perfídia 
chegaram aos últimos excessos, 
a justiça divina ergueu o braço para punir, e permitiu que os fiéis, 
que faziam profissão de armas, fossem perseguidos em primeiro lugar... 
Os padres nunca se emendaram; sempre avaros, ambiciosos, 
debochados, soberbos, vingativos, desordeiros; 
sempre inimigos do sossego e da verdadeira piedade, 
sempre dissimulados e pérfidos... 
É isto que deles diz Platínio”. (“História dos Papas”, pág.104).
            O padre Dubois, concordando que “a quem não crer, anátema”, 
parece desconhecer a história da Igreja e julga os outros por si; 
mas a Deus não engana e, 
lançando o anátema, colocou-se fora do Evangelho, 
visto que Jesus, pelo exemplo e pela palavra, ensinou: 
“Amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, 
fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam”. 
(Mat., 5:44) Assim, pois, se ela fosse de Jesus, 
obraria segundo os seus ensinos, o que, 
segundo o pequeno histórico acima citado, 
ela não fez então, nem mais tarde, nem nunca, 
e, se não o fazendo, não é igreja de Jesus.
            Medite sobre mais isso, meu amigo,
 e veja se descobre uma saidinha desse beco.


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