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terça-feira, 22 de março de 2011

Inquisição - Parte 1







Uma Arma Contra os
Hereges e Burgueses



Reformador (FEB)  Novembro 1982

            O tribunal do Santo Ofício da Inquisição foi estabelecido oficialmente nos reinos de Castela, Aragão e Navarra, na segunda metade do século XV, por Fernando V e Isabel, a Católica. A alegação (a Inquisição papal já estava quase extinta no resto da Europa) foi que, na Espanha, grande número de conversos - ou cristãos novos - continuava a cultivar clandestinamente a religião e os costumes judaicos.

            Na verdade, o que pretendiam os reis católicos era defender os interesses da nobreza feudal, eliminando uma parte da burguesia - os judeus -, que ganhara força e aspirava ao domínio do Estado. A arma utilizada foi a Inquisição, que iniciou suas atividades em Sevilha. De acordo com o cronista Andrés Bernáldez, foram queimados nesta cidade, em 1481, mais de 700 conversos.

            Nomeado inquisidor-mor em 1483, Tomás de Torquemada conferiu à Inquisição espanhola seu caráter específico. Sobrinho de Juan de Torquemada, um dos mais importantes teólogos do século XV, o dominicano Tomás de Torquemada foi prior do Mosteiro de Santa Cruz, em Segóvia, de 1452  a 1474, e confessor de Fernando e Isabel.

            Com poderes sobre Castela, Léon, Aragão, Valência, Catalunha e Majorca, elaborou, em 1484, um código de processo com 28 artigos, publicado mais tarde com o título de ‘Compilación de las instrucciones del oficio de la Santa Inquisición’.

            Em 1485, o tribunal foi transferido para Toledo, ficando com jurisdição sobre as 88 cidades e vilas. Em 1486, realizaram-se 20 autos-de-fé em Toledo, sendo penitenciadas 3327 pessoas. Em Guadalupe, o tribunal foi estabelecido também em 1485. Neste ano, foram condenados 52 conversos, sendo que 48, já mortos, tiveram seus corpos exumados e queimados.

            A Espanha teve, ao todo, 15 tribunais. Torquemada - que, inclusive, inventou vários instrumentos de tortura - levou seu zelo inquisitorial tão longe, que seus excessos tiveram de ser contidos pelo papa Alexandre VI (um Bórgia).


Em Efígie

            O sucessor de Torquemada foi Diego de Deza, em cujo tempo foram perpetradas grandes atrocidades. Carlos V deu pleno apoio à Inquisição, e seu filho, Felipe II, manteve a política do pai. A partir de 1525, a Inquisição concentrou sua preocupação nos mouros. Passou a condenar também protestantes e visionários.

            Durante o reinado de Felipe V (1700 - 1746) foram queimados 1564 hereges. Na segunda metade do século XVIII, a atividade da Inquisição diminuiu, principalmente devido ao iluminismo, mas ela só foi abolida com a invasão francesa, em 1818. Foi reimplantada por Fernando VII, extinta durante a revolução constitucional de 1820 e abolida, definitivamente, pela rainha Maria Cristina.

            O número de pessoas queimadas, de fato, pela Inquisição espanhola é calculado em 31900. As que conseguiram escapar e foram queimadas em efígie somam mais de 17500.”

(Transcrito do jornal ‘O Globo’, de 4-11-1982.) 


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