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terça-feira, 29 de março de 2011

28/50 'Crônicas Espíritas'


28CM

SEGUNDA PARTE

                                   A DIVINDADE DA IGREJA CATÓLICA

                                                           I

            De Barbacena me enviaram um livrinho com o supracitado título, e como também se ocupa do Espiritismo, peço ao monsenhor Miguel Martins licença para fazer uma análise da sua obra.
            A meu ver, começou mal o monsenhor, pois logo na 1ª página truncou o versículo 17 e 18º, capítulo de S. Mateus, da seguinte forma:
            Diz monsenhor: “Se alguém não ouvir a igreja, seja ele por vós considerado como pagão e perverso”, enquanto a passagem do Evangelho diz o seguinte: “Se teu irmão pecar contra ti, vai e corrige-o entre ti e ele, só, se te não ouvir, procura-o de novo, levando contigo duas pessoas para que sirvam de testemunho, e se os não ouvir, dize-o à igreja; e se não ouvir a igreja, tem-no (tu) por um gentio ou um publicano”...
            Já vê o monsenhor que não foi à igreja que Jesus se referia, nem lhe outorgou poder de espécie alguma. E dá-se mais: aí Jesus falava da igreja judaica, mesmo porque naquele tempo nem sombra da Igreja Católica existia, nem das imagens; e Jesus, até o fim, ou pregou nos campos ou nas sinagogas israelitas.
            No prefácio, diz o monsenhor que escreveu o livrinho com o fim de salvar algumas almas e assim também a sua. Creio que a salvará, mas cometeu logo no princípio um grave erro com o desvirtuamento do versículo acima. E não sou eu, é João, no vers.18 do último capítulo do Apocalipse, quem o verbera severamente.
            Também não foi bem inspirado o arcebispo D. Duarte Leopoldo e Silva, em aprovar o livrinho sem o ver, pois teria evitado este grave erro e outros que estão em desacordo com o Evangelho.
            No segundo capítulo, diz o monsenhor: “Em segundo lugar, para saber qual é o amor, quais os serviços que devemos prestar e quais as honras que devemos tributar a Deus, seria preciso por nós mesmos poder conhecer os seus gostos, os seus desejos e a sua vontade.”
            É boa. Então Jesus não ensinou qual é a vontade, gosto e desejo de Deus e o meio pelo qual o podemos amar e honrar? Jesus, além de ensinar os meios, exemplificou com os atos pelos quais podemos ser agradáveis ao Pai.
            Bem ensinou Ele: -- “Amai-vos uns aos outros”. “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama; e aquele que me amam será amado do meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele.”
            Jesus deixou-se crucificar para nos dar o exemplo da resignação e humildade; e de amor e perdão quando, do alto da cruz, pediu ao Pai perdão pelos seus algozes, exemplificando com este ato o ensino: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam.” Fazer tudo isso e não fazer aos outros o que não desejamos que se nos faça, são os únicos serviços que poderemos prestar a Deus. Não é isso, monsenhor?
            Também não está certo quando monsenhor diz: “Deus, enviando ao mundo o seu unigênito Filho para salvá-lo, fez por intermédio deste uma terceira e última revelação, completando e aperfeiçoando as duas anteriores.
            “Com essa revelação plena, que devia ser a última, feita a todo o gênero humano, o Filho de Deus constituiu a religião em seu estado definitivo.”
            Não é verdadeiro isto nem Jesus instituiu as imagens nem as hóstias, nem a infalibilidade do papa, nem culto externo de espécie alguma, nem as missas pagas à boca do cofre, nem as encomendas dos corpos. E, além de tudo, Jesus ainda disse que os seus ensinos não eram definitivos quando afirmou: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar-se de tudo quanto vos tenho dito” (João, cap.14), E, “Eu tenho ainda muitas coisas que vos dizer, mas vós não as podeis suportar agora”. “Quando vier, porém, aquele Espírito da Verdade, ele vos ensinará todas as verdades.” (João, cap. 16)
            Não se depreende daí, monsenhor, que a revelação que Jesus deu era velada, devido às condições atrasadas da Humanidade de então, e que com o tempo enviaria o Espírito de Verdade, o Espiritismo, para trazer novas luzes às inteligências mais envolvidas, para melhor as esclarecer? Ou acha monsenhor que a Humanidade já cumpre os preceitos do Cristo?
            E a Igreja? Amará ela já os seus inimigos, desprezará já os bens terrenos, dando-os aos pobres, tomando a sua cruz para seguir o Cristo? Em que consiste a sua divindade? Será a sua intransigência?




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