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quinta-feira, 31 de março de 2011

'O Retrato de Jesus' 03/04




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             Gustavo Macedo indica também, como referência, a nota do Padre Luiz Picard na “TRANSCENDENCE DE JESUS - CHRIST” tomo 1º, pag. 417”.
            A busca não parou aí. Ao reler a introdução que Elias Barbosa escreveu em “Entrevistas”, por Chico Xavier / Emmanuel (7ª Edição IDE - Agosto 1991), destacamos “... Emmanuel, ao tempo de Jesus, se chamou Publio Lêntulus, e ao que se sabe foi a única autoridade que efetuou perfeita descrição dele, o Cristo, através de célebre carta (1) publicada em numerosas línguas,...”
           Na chamada de rodapé, Elias Barbosa indica:
             ‘(1) Cf. Almerinda Rodrigues de Melo “Para  Conhecer e Amar Jesus”, 2ª Ed. 1936, autorizado por D. Duarte Leopoldo e prefaciado por Carolina Ribeiro; e Reynaldo Kunts Busch, “Padre Manoel da Nóbrega, Missionário e Educador”, São Paulo, 1970, pág. 28.’
            São nossas 4ª e 5ª fontes de pesquisa.
            Chegamos ao mês de outubro de 1996 e seguimos com  pesquisas no Reformador, iniciadas em 1903 e, até aqui, atingindo o ano de 1944 (Agosto), e nos deparamos com artigo de Sílvio Brito Soares sob título “Públio Lêntulus”. No corpo do artigo, Sílvio Brito Soares faz referência ao artigo publicado no ‘Diário de Notícias’ de 21 de julho de 1944, assinado por Silvano Cintra de Melo, que reproduzimos:
            “Em ‘La Grande Encyclopedie’ - tomo 22 - Editeur, H. Lamirault et Cie., Paris e ‘Enciclopedia Universal Ilustrada-Europeo-Americana”, tomo XXIX, Editores, Hijos de J. Espasa, Barcelona, lê-se o seguinte:
            “Públio Lêntulus - Suposto predecessor de Pôncius Pilatos, na Judéia, a quem é atribuída a autoria de uma carta dirigida ao Senado e povo romano, relatando a existência de Jesus Cristo.” A Enciclopédia espanhola adianta mais: “Por essa carta, Públio Lêntulus oferece pormenores sobre o aspecto exterior de Jesus e de sua qualidades morais, terminando-a com a afirmativa de que o Cristo era ‘o mais formoso dos filhos dos homens’. A origem deste documento é desconhecida; o certo é que foi impresso pela primeira vez na “VITA CHRISTI”, de Ludolfo Cartujano (Colônia, 1474)   e, pela segunda vez, na introdução das obras de Santo Anselmo (Nuremberg, 1491).
             A carta também se encontra referida na publicação ‘Lar Católico’, acreditadamente do ano 1940, em artigo do frei Benvindo Destefani.”
            As duas enciclopédias e a publicação ‘lar Católico’ são nossas 6ª, 7ª e 8ª fontes de pesquisa.
            Em Setembro de 1967, o Reformador (FEB) apresentava, à página 207,  artigo de Sylvio Brito Soares sob o título... “A Mediunidade de Chico Xavier e a Crítica”. É o que leremos a seguir:
            “Ao comemorarem agora, os quarenta anos ininterruptos de trabalhos mediúnicos de Francisco Cândido Xavier, acreditamos seria interessante lembrar uma crítica então feita no tocante a supostas inverdades contidas no romance escrito mediunicamente pelo Espírito de Emmanuel, e intitulado “Há dois mil anos...”
            Resumia-se essa crítica no fato de que jamais existiu Públio Lêntulus, uma das encarnações de Emmanuel, e que, portanto, jamais poderia ter sido ele ‘governador da Judéia’, ao tempo de Jesus.
            Fôramos, na época, entrevistado a respeito pelo redator de um vespertino desta Capital, quando, então, tivemos ensejo de lhe prestar os seguintes esclarecimentos: Quem lê “Há Dois Mil Anos...”, verifica que, nesse romance, não há qualquer referência a Publio Lêntulus como governador da Judéia. É que o crítico ouviu cantar o galo, sem, entretanto, saber onde.
            Foi Públio Lêntulus, de fato, senador romano, mas, por motivos de ordem particular, viveu longos anos na Palestina. César, para justificar sua ausência de Roma, confiara-lhe missão especial, talvez de caráter reservado, permitindo-lhe, assim, direito à percepção de subsídios.
            Consta mesmo do relato de Emmanuel que Públio Lêntulus escrevera longa carta a um amigo seu residente na Capital dos Césares, com vistas ao Senado Romano, sobre a personalidade de Jesus, encarando-a serenamente, sob o restrito ponto de vista humano, sem nenhum arrebatamento sentimental.
            Por ocasião da célebre Páscoa do ano de 33, encontrava-se Públio Lêntulus em Jerusalém, quando Pôncio Pilatos, embaraçado com o julgamento de Jesus, solicitara ao Senador o obséquio da sua presença no palácio do governo provincial,
a fim de solucionar um caso de consciência.
            Públio Lêntulus estava, pois, investido de amplos poderes, na qualidade de emissário de César e do próprio Senado; a ele, portanto, todas as autoridades da província, inclusive o próprio governador,
eram obrigadas a prestar obediência.
            Até aqui, evidentemente, utilizamo-nos, apenas, dos subsídios históricos contidos no livro “Há dois mil Anos...”.
            Agora, preciso se faz esclareçamos que, durante os primeiros séculos do Cristianismo, os Pais da Igreja viviam desejosos, como era natural, de conhecer o retrato físico de Jesus. As informações que então colheram não foram satisfatórias, por imprecisas. Apelaram, por isso, para as profecias, e, mal interpretando o verdadeiro sentido do versículo 2 do capítulo LIII de Isaías, concluíram eles ser Jesus completamente destituído de beleza física. Na opinião de Celso, era Jesus de pequena estatura, feio e disforme. Santo Agostinho confessava: “Como seria o seu rosto, ignoramo-lo inteiramente.”
            E diz Daniel-Rops que, se tivermos em conta o rigor com que a ortodoxia judaica proscrevia qualquer representação da figura humana, pouco nos deve surpreender o fato de não poder ser encontrado o retrato autêntico de Jesus. E esperar-se das verdadeiras testemunhas - dos evangelistas - que nos descrevessem a aparência carnal do Mestre, é estar equivocado, tanto a respeito da psicologia deles como dos seus objetivos: não será significativo que a única descrição de Jesus, que se encontra nos quatro textos, é a do Cristo glorificado, no momento da Tranfiguração?
            Nestas condições, parece bastante inútil pretender retomar uma discussão que animou extraordinariamente a Igreja, sobretudo nos primeiros séculos, para saber se Jesus teria sido belo ou feio. Ao passo que Justino, o Mártir, o diz ‘sem aparência, sem beleza e com aspecto desprezível; que Irineu (o mesmo que declarava ‘ignorada’ a imagem carnal de Jesus-Cristo) o classificava de ‘enfezado’; que Orígenes o tinha por ‘pequeno e sem graça’; que Cômodo fazia dele ‘uma espécie de escravo’, de figura abjeta’; que certas lendas, mesmo, o davam como leproso, - outros comentadores, pelo contrário, pronunciavam-se firmemente pela sua beleza, tais como Gregório de Nissa, João Crisóstomo, Ambrósio, Jerônimo e tantos outros.
            Clemente de Alexandria exprimia, no entanto, uma profunda verdade, ao escrever: ‘Para nós que desejamos a verdadeira beleza, só o Salvador é belo’ e, sob uma forma paradoxal, os apócrifos ‘Atos de Pedro’ queriam, sem dúvida, dizer a mesma coisa: ‘era ao mesmo tempo belo e horrendo’. A verdade é que as duas teses procuravam dar força aos vaticínios da Escritura.
            Segundo consta do ‘Dictionnaire de la Bible’, de Vigouroux, teve início, em terras egípcias, uma forte reação no tocante ao físico de Jesus, tanto assim que a partir do século IV a crença de que Nosso Senhor fora o mais belo dos filhos dos homens tornou-se predominante.
            Mas, a bem dizer, faltava um documento autêntico, capaz de firmar, entre os cristãos latinos, a certeza de que o físico de Jesus não era, absolutamente, o então revelado por esses Pais da Igreja. Daí, sem dúvida, o haver surgido a idéias de forjarem a célebre carta conhecida como  ‘Epistola Lentuli’, e isto por saberem, naturalmente, que o senador Públio Lêntulus se encontrava na Ásia Menor na época em que Jesus fora crucificado.
            Note-se que essa carta continha inicialmente apenas a assinatura de Públio Lêntulus; mas, diz Vigouroux, sacerdote de Saint-Suplice, em seu aludido ‘Dictionnaire’, que os copistas, ignorando qual o título a darem ao suposto autor dessa ‘Epístola’, resolveram, sponte sua, colocar, uns, o procônsul, enquanto outros o de governador. E é perfeitamente explicável usassem esses copistas, naqueles tempos e indistintamente, tanto procônsul como governador, por serem tais palavras de sentido equivalente.
            Se consultarmos o ‘Vocabulário Histórico-Geográfico dos Romances de Emmanuel’, de autoria de Roberto Macedo, vamos saber que procônsul quer dizer Propretor: governador de província romana, escolhido pelo Senado dentre cônsules e pretores. 
            De maneira que foi a própria Igreja que, de maneira apócrifa, declarou ter sido Públio Lêntulus governador da Judéia.
            Para o que acabamos de expender, servimo-nos das seguintes obras: The Catholic Encyclopedia, sob os auspícios de The Knights of Columbus; Catholic Truth Comittee (Nova York); Enciclopédia Universal Europeo-Americana, editores - Hijos de J. Espasa, Barcelona; La Grande Encyclopédie, editores H. Lamiraut & Cie., Paris; Dicitionnaire de La Bible, de Vigouroux; Jesus no seu Tempo, de Daniel Rops.
            Disse alguém que ‘há críticas e mesmo censuras que honram mais do que os elogios’. Assim, as críticas ao “Há dois mil anos...” serviram para mais realçar essa obra de indispensável valor literário e histórico, e também para evidenciar a refulgência do seu autor espiritual e a magnífica mediunidade de um Francisco Cândido Xavier.”

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