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quarta-feira, 30 de março de 2011

30/50 'Crônicas Espíritas'




            Diz o monsenhor Martins no 4º capítulo do seu livrinho: “Só a Igreja Católica é que constitui sociedade religiosa perfeita, como deve ser constituída por Jesus”.
            “Em todas as sociedades que não têm à sua frente uma autoridade suprema, a quem todos os membros devem obedecer, em vez de ordem e respeito, reinarão a insubordinação, a anarquia e a confusão. Pondo-se de parte a igreja católica, nenhuma outra associação religiosa tem um chefe espiritual e soberano, a quem todos prestem a devida submissão”. “Todos os sacerdotes, todos os bispos do mundo inteiro obedecem ao papa”.
            Não há dúvida de que esta obediência é um fato, mas será um bem?
            Parece-me que não, pois o papa é homem falível como todos e, como o próprio monsenhor diz no seu livrinho, “O erro será sempre o erro, embora o mundo inteiro o adote”.
            Monsenhor sabe que o papado é criação do sanguinário general Focas, do sétimo século, que, por despeito, deu ao bispo de Roma, o título de bispo dos bispos, não sendo, portanto, obra de Jesus.
            Sabe também que sem liberdade não pode haver progresso e que, dando Deus o uso da razão ao homem, não foi para que ela fosse escravizada a quem quer que seja, e, se a Igreja ainda tem adeptos, é porque em matéria religiosa o homem é preguiçoso para meditar. Enquanto queima as pestanas para resolver problemas difíceis ou negócios que lhe dêem ganho material, aceita os maiores absurdos em matéria religiosa, como monsenhor mesmo diz.
Também monsenhor não ignora que há exceções e que valiosos elementos têm recebido luz e abandonado a Igreja, até entre o próprio clero, por terem descoberto que a divindade da Igreja é uma vã pretensão, como não ignora que entre Pedro e Paulo houve desavenças, como as houve mesmo no tempo de Jesus entre os apóstolos, e eles eram os escolhidos. Portanto, se existe obediência na Igreja Católica, é devido ao interesse do clero que não quer perder o emprego, É esta a única razão da obediência.
Já vê que não é por santidade, nem do papa nem da Igreja, que há obediência, e sim pela boa invernada, de que todo o clero goza.
A Igreja de Jesus, porém, foi na sua origem a reunião dos convertidos por Pedro e pelos outros apóstolos, convencidos da superioridade dos missionários, dos quais procuravam sempre seguir os conselhos e direção para auxiliarem e cooperarem na difusão da Boa Nova. A Igreja do Cristo formava-se dos sinceros e verdadeiros crentes, judeus ou gentios que aceitavam a Lei do amor que Jesus veio pregar aos homens.
A Igreja de Jesus é a totalidade dos filhos submissos e zelosos, que se reúnem por intenção, quando não o podem fazer de fato; mas não são os templos construídos pelos homens, nos quais, segundo a palavra de Paulo, Deus não habita.
E Paulo diz na sua 2ª epístola aos Coríntios: “E que consentimento tem o templo de Deus com ídolos? Porque vós sois o templo de Deus vivente, como Deus disse: Nele habitarei, e entre eles andarei”.
Ter-se-ia enganado Paulo?
E cá entre nós, que ninguém nos ouça: monsenhor sabe que o sonho dos papas é obterem de novo o poder temporal. Daí a posição dúbia que o Vaticano tem mantido nesses cataclismos que desolam o mundo inteiro, desejoso da vitória daqueles que lhe podem servir de escadinha para subir de novo ao trono do rei.
Assim seriam os papas imperadores das consciências, com o conseqüente restabelecimento da Santa Inquisição.
            Este é o sonho e a prova palpável de que o clero é inimigo das instituições do nosso país, obrigado, como é, em obedecer ao papa, como monsenhor mesmo apregoa.
            Mas, descanse monsenhor, e isto digo em segredo, a vitória será dos aliados e, como já tive ocasião de dizer ao seu colega de Cuiabá, a vitória das democracias e do socialismo, que a Igreja também combate, será o princípio da queda da grande Babilônia predita por João no Apocalipse, Babilônia que é a Igreja Católica.


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