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quarta-feira, 30 de março de 2011

31/50 'Crônicas Espíritas'



31CM

                                                                 IV
  
Prosseguindo, diz monsenhor Martins:
“Só a Igreja Católica tem a plena justificação da verdade da sua doutrina e a legitimidade da sua missão por meio do milagre, fato que só pode ser produzido por Deus. O milagre é a derrogação das leis naturais em relação a um caso particular; e essas leis, sendo regidas unicamente por Deus é somente Deus quem as pode derrogar... Nas outras associações religiosas podem apresentar mistificações, ilusões, enganos ou fraudes; ou prodígios que não exigindo um poder infinito podem ser feitos pelos demônios.”
A asserção de monsenhor cai por terra, pois todos os tempos e em todos os credos a fé nos ídolos sempre tem produzido os mesmos efeitos que produzem alguns dos ídolos da Igreja Católica. Comecemos pelos judeus, a quem Moisés curou pelo efeito da fé na serpente de bronze, curando os que foram mordidos pelas cobras. Em todos nos tempos, os sacerdotes de todas as crenças produziam o que se chama impropriamente de milagres. Poder-se-iam citar inúmeros exemplos. Até Apolônio de Tiana, que abraçou as crenças de Pitágoras, fazia curas maravilhosas. Só o clero, que falsamente se denomina cristão, as não faz, e isso pela simples razão de estar obcecado pela posse do ouro e do domínio das consciências.
Os chamados milagres da Igreja são unicamente produzidos pela fé na Virgem, no que o clero de modo algum intervém. A fé, sim, nesse grande Espírito, cheio de piedade pela Humanidade sofredora, o qual, devido às suas altas virtudes, obtém da misericórdia infinita do Criador as esmolas que implora, sempre, porém, dentro dos limites da sua justiça. Monsenhor mesmo o confessa no seu livrinho dizendo: “Quando Deus não quer os santos não rogam”, e como de tantos que vão a Lourdes e outros pontos onde se explora a credulidade pública, nem um por mil foram aliviados, fica demonstrado claramente que os santos não rogam tanto quanto monsenhor apregoa.
Quanto à derrogação das leis, com semelhante afirmação monsenhor derroga a onisciência do Criador, pois instituiu leis sem saber que de futuro, para fazer um especial favor à Igreja Católica, as teria de revogar. Imagine monsenhor, um Deus imprevidente! Não é blasfêmia?
Quanto à segunda parte, sobre os prodígios praticados pelo demônio nas associações que não comungam com o rev., a sua própria consciência bradou quando monsenhor escreveu este absurdo. E o rev. sabe que hoje há pouca gente que não procura o Espiritismo como último recurso para ser curada; e a grande maioria (talvez não exagere dizendo-a de 80%), dos que se curam por ele, é constituída de católicos, sem que ninguém os procure dissuadir das suas crenças.
Diz ainda monsenhor: Todos os católicos devem condenar tudo quanto é condenado pela Igreja Católica, porque se ela condenasse o que é bom, conveniente, necessário, deixaria de ser divina. Ela condena o livre pensamento (que Deus concedeu à criatura quando lhe outorgou o livre arbítrio), a liberdade de consciência (que é outro dom do Criador), o socialismo (porque ela quer socialismo só para si e nada para os outros), o Positivismo, o Espiritismo (porque proclama a verdade de Deus e a imortalidade do espírito), o Protestantismo, a Maçonaria, o divórcio (e absolve a ladroagem, o assassínio, o adultério e todos os crimes que os fiéis lhe confessam).
E com isso a Igreja lavrou um tento, pois, pretendendo ser de Jesus, condena-o, porque o maior socialista foi justamente Ele, e o segundo foi seu precursor João, o qual, quando a multidão, afluindo ao seu batismo o interrogava sob o que deveria fazer, disse: “Quem tiver duas túnicas, reparta com o que não tem nenhuma, e quem tiver alimento faça o mesmo”. Não é isso socialismo, monsenhor?
E Jesus, da mesma forma, disse ao moço rico: “Vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu”. Mas Jesus não tinha onde repousar a cabeça e os seus pretensos representantes vivem em palácios; e como não os querem vender e repartir o produto com os pobres pregam contra
As doutrinas ensinadas por Jesus. Querem proibir o livre pensamento dos outros para melhor os poderem engazopar. Mas Deus não o quer e é por isso que o Espiritismo que os apavora, está se propagando tão rapidamente.


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