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domingo, 31 de março de 2019

Jesus no caminho



Jesus no caminho
por A. Della Monica
Reformador (FEB) Agosto 1954

            “Os humildes abrem para si uma estrada de relva fresca e macia; enquanto que os orgulhosos cultivam, rasgam outra de dolorosos espinhos. Jesus passa amorosamente pelas duas. “

Desprendimento



DESPRENDIMENTO
Emmanuel por Chico Xavier
Reformador (FEB) Agosto 1954

            Fácil é desprender-se alguém da moeda que sobra, em favor do filho necessitado, mas é muito difícil projetar, a benefício dos outros, o sorriso de estímulo e o abraço da fraternidade que ajuda efetivamente.

            Fácil é dar, de acordo com a nossa vontade e modo de ver ou sentir, mas é sempre difícil auxiliar o companheiro de jornada humana, segundo os projetos e aspirações que ele nos apresenta.

            Fácil é desligar o coração de objetos e bens no enriquecimento de quantos sejam simpáticos aos nossos caprichos Individuais, mas é muito difícil ceder em favor daqueles que não nos acompanham as opiniões.

            Fácil é transmitir o que não nos custou esforço algum, entretanto, é difícil espalhar o que supomos conquista nossa.

            Fácil é sacrificar-mo-nos pela melhoria dos nossos amigos e familiares, no entanto, é sempre difícil a remediação em auxilio dos que não oram pela cartilha de nossas devoções pessoais.

            Fácil é libertar a palavra que ensina, mas é muito difícil desenvolver a ação que realiza.

            lncontestavelmente, grande amor à Humanidade demonstra o aprendiz do Evangelho que distribui o pão e o remédio, o socorro e o ensinamento, a esmola e o auxílio, nas linhas materiais da vida; contudo, enquanto não aprendermos a dar de nosso suor, do nosso ponto de vista, do nosso concurso individual, do nosso sangue, do nosso tempo e do nosso coração em favor de todos, não ingressaremos, realmente, no grande Templo da Humanidade, onde receberemos, edificados e felizes, o título de companheiros e discípulos de Jesus, nosso Mestre e Senhor.

sábado, 30 de março de 2019

Conspiração dos sacerdotes



Conspiração dos Sacerdotes

26,1 Quando Jesus acabou todos esses discursos, disse a seus discípulos:
26,2 “-Sabeis que daqui a dois dias será a Páscoa 
e o Filho será traído para ser crucificado.”
26,3 Então, os sacerdotes e os anciãos do povo 
reuniram-se no pátio do sumo-sacerdote, chamado Caifás.
26,4 E deliberaram sobre os meios de prender a Jesus 
por astúcia e de o matar; 
26,5 E diziam: -Sobretudo, não seja durante a festa. 
         Poderá haver tumulto entre o povo.                                                                               
                    
            Para  Mt (26,1-5)  -Conspiração dos Sacerdotes -  leiamos Luiz Sérgio por Irene Pacheco Machado em “Dois Mundos Tão Meus”:

            “Buscava eu, ansiosamente, no teatro vivo, os ensinamentos do Senhor. Cristo aparecia vivo, bem vivo, diante dos meus olhos, expulsando do Templo os que o profanavam.
            Via-o, agora, profanado como antes.

             Jesus olhava os animais mortos, inocentes vítimas, e o seu sangue recolhido pelos sacerdotes e derramado sobre o altar, sem compreender como os judeus consentiam que ocorressem essas cenas tão cruéis de derramamento de sangue.

             Aqueles sacerdotes haviam endurecido suas almas pelo egoísmo e pela avareza.

             Eles não estavam preocupados em pregar a palavra de Deus mas sim em transformar aquele lugar num meio de auferir lucro.

             E o Mestre, com olhar tristonho, proferia as palavras de Samuel:

            Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à Palavra do Senhor? Eis que obedecer é melhor do que o sacrifício e o atender melhor do que a gordura de carneiros (I Samuel 15,22)
            E ainda citou Isaías:

            Ouvi a palavra do Senhor, príncipes de Sodoma e Gomorra; prestai ouvidos à lei do nosso Deus, ó povo de Gomorra. De que me serve a multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. Já estou farto dos holocaustos de carneiros e de gordura de animais; e não folgo com o sangue dos bezerros, nem dos carneiros, nem dos bodes. Quando vindes para comparecerdes diante de mim, quem requereu isto de vossas mãos, que viésseis pisar meu átrio?  Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos, de diante de meus olhos, cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem; praticai o que é reto, ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão, tratai da causa das viúvas. (Isaías 1,10-12 e 16-17) 

            Os sacerdotes e príncipes voltaram-se para Ele e o penetrante olhar de Jesus percorria todo o pátio do Templo.

            Pouco a pouco, eles foram fugindo, afastando-se sem olhar para trás.

            Os sacerdotes e príncipes ouviam em silêncio as repreensões de Jesus, sem se defender, entretanto, ficaram enfurecidos, decididos a armarem-Lhe ciladas.

            E assim, diante de nossos olhos, continuou Jesus Sua peregrinação, ofertando a cada ser deste Planeta  grandes  exemplos  de  amor  e  humildade.

            No entanto, a Seu lado caminhavam espias que fingiam ser Seus seguidores; eram fariseus e herodianos que ao lado de Jesus dissimulavam amizade, esperando a hora de levar aos sacerdotes algum fato que O incriminasse...”

         Para   Mt  (26,1-5)  -Anúncio de sua Crucificação - repete-se Antônio Luiz Sayão em
“Elucidações Evangélicas”:

            “De novo, neste passo, a seus discípulos anunciou Jesus “sua morte”, segundo a maneira de ver dos homens, e também a sua crucificação.” 

quinta-feira, 28 de março de 2019

Foi a Mim que vocês deixaram de o fazer...



Foi a Mim que Vocês deixaram de o fazer...

25,31 “Quando o Filho vier na Sua glória, e todos os anjos com Ele, sentar-se-á no seu trono glorioso.
25,32  Todas as nações se reunirão diante dele e ele  separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos;
25,33  Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda.
25,34  Então,  dirá aos que estão à direita: - Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do que vos está preparado .
25,35  Porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era viajante peregrino e me acolhestes
25,36 Nu, e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim   
25,37  Perguntar-lhe-ão os justos: -Senhor, quando foi que Te vimos com fome e Te demos de comer? Com sede e Te demos de beber?
25,38 Quando foi que Te vimos peregrino e Te acolhemos? Nu, e Te vestimos?
25,39  Quando foi que Te vimos enfermo  ou  na  prisão e Te fomos visitar?
25,40  Responderá o Filho: Em verdade vos digo que quantas vezes o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes.”

         Para Mt (25,31-34) -Foi a Mim que vocês  deixaram de o fazer-,  lemos em  “A Gênese”, de Kardec, no Cap. XVII, o que se segue:
           
            “Tendo que reinar na Terra o bem, necessário é que dela sejam excluídos os Espíritos endurecidos no mal e que possam acarretar-lhe perturbações. Deus permitiu que eles aí permanecessem o tempo de que precisavam para se melhorarem; mas, chegado o momento em que, pelo progresso moral de seus habitantes, o globo terráqueo tem de ascender na hierarquia dos mundos, interdito será ele, como morada, a encarnados e desencarnados que não hajam aproveitado os ensinamentos que uns e outros se achavam em condições de aí receber. Serão exilados para mundos inferiores, como o foram outrora para a Terra os da raça adâmica, vindo substitui-los Espíritos melhores. Essa separação, a que Jesus presidirá, é que se acha figurada por essas palavras sobre o juízo final: “Os bons passarão à minha direita e os maus à minha esquerda.”

            A doutrina de um juízo final, único e universal, pondo fim para sempre à Humanidade, repugna à razão, por implicar a inatividade de Deus, durante a eternidade que se seguirá à sua destruição. Que utilidade teriam o Sol, a Lua e as estrelas que, segundo a Gênese, foram feitos para iluminar o mundo? Causa espanto que tão imensa obra se haja produzido para tão pouco tempo e a benefício de seres votados de antemão, em sua maioria, aos suplícios eternos. 

            Materialmente, a ideia de um julgamento único seria, até certo ponto, admissível para os que não procuram a razão das coisas, quando se cria que a Humanidade toda se achava concentrada na Terra  e que, para seus habitantes, fora feito tudo o que o Universo contém. É, porém, inadmissível, desde que se sabe que há milhares de milhares de mundos semelhantes, que perpetuam as Humanidades pela eternidade a fora e entre os quais a Terra é dos menos consideráveis, simples ponto imperceptível.

            Vê-se, só por este fato, que Jesus tinha razão de declarar a seus discípulos “Há muitas coisas que não vos posso dizer, porque não as compreenderíeis”, dado que o progresso das ciências era indispensável para uma interpretação legítima de algumas de suas palavras. Certamente, os apóstolos, S. Paulo e os primeiros discípulos teriam estabelecido de modo muito diverso alguns dogmas se tivessem os conhecimentos astronômicos, geológicos, físicos, químicos, fisiológicos e psicológicos que hoje possuímos. Daí vem o ter  Jesus adiado a completação de seus ensinos e anunciado que todas as coisas haviam de ser restabelecidas.

            Moralmente, um juízo definitivo e sem apelação não se concilia com a bondade infinita do Criador, que Jesus nos apresenta de contínuo como um bom Pai, que deixa sempre aberta uma senda para o arrependimento e que está sempre a estender os braços ao filho pródigo. Se  Jesus entendesse o juízo naquele sentido, desmentiria suas próprias palavras.

            Ao demais, se o juízo final houvesse de apanhar de improviso os homens, em meio de seus trabalhos ordinários, e grávidas as mulheres, caberia perguntar-se com que fim Deus, que não faz coisa alguma inútil ou injusta, que faria nascer crianças e criaria almas novas naquele momento supremo, no termo fatal da Humanidade. Seria para submetê-las a julgamento logo ao saírem do ventre materno, antes de terem consciência de si mesmas, quando, a outros, milhares de anos foram concedidos para se inteirarem do que respeita à própria individualidade?  Para que lado, direito ou esquerdo, iriam essas almas, que ainda não são nem boas nem más e para as quais, no entanto, todos os caminhos de ulterior progresso se encontrariam desde então fechados, visto que a Humanidade não mais existiria?

            Conservem-nas os que se contentam com semelhantes crenças; estão no seu direito e ninguém nada tem que dizer a isso; mas, não achem mau que nem toda gente partilhe delas.

         Para Mt (25,40), -Foi a mim que vocês  deixaram de o fazer... - tomemos “Conduta Espírita” de André Luiz:

Conduta Espírita perante os doentes...

            -Criar em torno dos doentes uma atmosfera de positiva confiança, através de preces, vibrações e palavras de carinho, fortaleza e bom ânimo. O trabalho de recuperação do corpo fundamenta-se na reabilitação do Espírito.

            -Mesmo quando sejam ligados estreitamente ao coração, não se deixar abater à face dos enfermos, mas sim apresentar-lhes elevação de sentimento e fé, fugindo a exclamações de pena ou tristeza. O desespero é fogo invisível.

            -Discorrer sempre que necessário sobre o papel relevante da dor em nosso caminho, sem quaisquer lamentações infelizes. A resignação nasce da confiança.

            -Em nenhuma circunstância, garantir a cura ou marcar o prazo para o restabelecimento completo dos doentes, em particular dos obsidiados, sob pena de cair em leviandade. Antes de tudo vige a Vontade Sábia do Pai Excelso.

            -Dar atenção e carinho aos corações angustiados e sofredores, sem falar ou agir de modo a humilhá-los em suas posições e convicções, buscando atender-lhes às necessidades físicas e morais dentro dos recursos ao nosso alcance. A melhoria eficaz das almas deita raízes na solidariedade perfeita.

            -Procurar com alegria, ao serviço da própria regeneração, o convívio prolongado com parentes ou companheiros atacados pela invalidez, pelo desequilíbrio ou pelas enfermidades pertinazes. O antídoto do mal é a perseverança no bem.”

25,41 “Depois, dirá àqueles que estiveram à sua esquerda: Afastem-se de mim! Ide para as trevas próprias dos espíritos pouco evoluídos!
25,42 Pois Eu tive fome e vocês não Me deram comida; estive com sede e não Me deram de beber. 
25,43 Fui estrangeiro e não Me receberam em suas casas; estive nu e não Me vestiram; estive doente e na prisão e não Me visitaram;
25,44 Também estes Lhe perguntarão: Quando foi, Senhor, que Te vimos com fome ou com sede, ou viajante, ou nu, ou doente, ou na prisão e não Te ajudamos?  
25,45 E Ele lhes responderá: “Cada vez que vocês deixaram de fazer uma dessas coisas a um destes meus irmãos humildes, foi a Mim que vocês deixaram de o fazer.”
25,46 e, estes, irão para o resgate e os justos para a vida...  

        Para Mt (25,31-46),  encontramos  em “O Evangelho...”, de Kardec, Cap. XV:

            “No quadro que Jesus deu do julgamento final, é preciso, como em muitas outras coisas, separar a figura e a alegoria.

            A homens como aqueles a quem falava, ainda incapazes de compreenderem as coisas puramente espirituais, devia apresentar imagens materiais, surpreendentes e capazes de impressionar; para melhor ser aceito, devia mesmo não se afastar muito das ideias vigentes, quanto à forma, reservando sempre para o futuro a verdadeira interpretação de suas palavras e pontos sobre os quais não podia se explicar claramente. Mas, ao lado dessa parte acessória e figurada do quadro, há uma idéia dominante: a da felicidade que espera o justo e da infelicidade reservada ao mau.

            “Nesse julgamento supremo, quais são os considerandos da sentença? Sobre o que dirige o inquérito?  O juiz pergunta se se cumpriu esta ou aquela formalidade, observou mais ou menos tal ou tal prática exterior?

             Não, ele não inquire senão de uma coisa: a prática da caridade, e sentencia dizendo: Vós que assististes vossos irmãos, passai à direita; vós que fostes duros para com eles, passai à esquerda..  Ele se informa da ortodoxia da fé?  Faz uma distinção entre aquele que crê de um modo e o que crê de outro?  Não; porque Jesus coloca o Samaritano, considerado herético, mas que tem o amor ao próximo, acima do ortodoxo que falta com a caridade.

             Jesus não fez, pois, da caridade somente uma das condições de salvação, mas a única condição; se houvesse outras a serem preenchidas ele as teria mencionado. Se coloca a caridade no primeiro plano das virtudes, é porque ela encerra, implicitamente, todas as outras: a humildade, a doçura, a benevolência, a indulgência, a justiça, etc.; e porque é a negação do orgulho e do egoísmo.”

            Para  Mt  (25,40) -Fazer Aos Pequeninos... - leiamos “Fonte Viva”:

            “Não só pelas palavras, que podem simbolizar folhas brilhantes sobre um tronco estéril. Não só pelo ato de crer, que, por vezes, não passa de êxtase inoperante. Não só pelos títulos, que, em muitas ocasiões, constituem possibilidades de acesso aos abusos. Não só pelas afirmações de fé, porque, em muitos casos, as frases sonoras são gritos da alma vazia.

            Não nos esqueçamos do “fazer.

            A ligação com o Cristo, a comunhão com a Divina Luz, não dependem do modo de interpretar as revelações do Céu. Em todas as circunstâncias do seu apostolado de amor, Jesus procurou buscar a atenção das criaturas, não para a forma do pensamento religioso, mas para a bondade humana.

            A Boa Nova não prometia a paz da vida superior aos que calejassem os joelhos nas penitências incompreensíveis, aos que especulassem sobre a natureza de Deus, que discutissem as coisas do Céu por antecipação, ou que simplesmente pregassem as verdades eternas, mas exaltou a posição sublime de todos que disseminassem o amor, em nome do Todo-Misericordioso.

            Jesus não se comprometeu com os que combatessem, em seu nome, com os que humilhassem os outros, a pretexto de glorificá-lo, ou com os que lhe oferecessem culto espetacular, em templos de ouro e pedra, mas sim afirmou que o menor gesto de bondade, dispensado em seu nome, será sempre considerado, no Alto, como oferenda de amor endereçada a ele próprio.”
                                            
                              

Os talentos - Parábola



Os Talentos - Parábola  

25,14  Será também como um homem que, tendo de viajar, reuniu seus empregados e lhes confiou seus bens. 
25,15  E a um deu 5 talentos, a outro 2, e a outro 1, a cada um segundo a sua capacidade. Depois, partiu.                                                                   
25,16  Logo em seguida, o que recebeu 5 talentos negociou com eles, fê-los produzir e ganhou outros 5.
25,17  Do mesmo modo, o que recebeu 2 ganhou outros 2. 
25,18 Mas, o que recebeu apenas 1, foi cavar a terra e escondeu o dinheiro de seu patrão. 
25,19  Muito tempo depois, o patrão daqueles empregados voltou e pediu-lhes contas. 25,20  O que recebeu 5 talentos aproximou-se e apresentou outros 5: Patrão, disse-lhe, confiaste-me 5 talentos, eis aqui outros 5 que ganhei! 
25,21  Disse-lhe o patrão: Muito bem, empregado fiel e bom. Já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem confraternizar com teu patrão! 
25,22  O que recebeu 2 talentos, adiantou-se e disse: -Patrão, confiaste-me 2 talentos;  Eis aqui os dois outros que lucrei .
25,23 Disse-lhe seu patrão: -Muito bem, empregado fiel e bom. Já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem confraternizar com teu patrão!
        
          Para Mt (25,15) -A Cada Um Segundo Sua Capacidade -, encontramos em “Palavras de Vida Eterna”, de Emmanuel por Chico Xavier,  o texto que se segue:
           
            “Melhorar para progredir - eis a senha da evolução. Passa o rio dos dons divinos em todos os continentes da vida, contudo, cada ser lhe recolhe as águas, segundo o recipiente de que se faz portador.
            Não olvides que os talentos de Deus são iguais para todos, competindo a nós outros a solução do problema alusivo à capacidade de recebê-los.
            Não te percas, desse modo, na lamentação indébita. Uma hora anulada na queixa é vasto patrimônio perdido no preparo da justa habilitação para a meta a alcançar.
            Muitos suspiram por tarefas de amor, confiando-se à aversão e à discórdia, enquanto que muitos outros sonham servir à luz, sustentando-se nas trevas da ociosidade e da ignorância.
            A alegria e o fulgor dos cimos jazem abertos aqueles que se disponham à jornada da ascensão.
            Se te afeiçoas, assim, aos ideais de aprimoramento e progresso, não te afastes do trabalho que renova, do estudo que aperfeiçoa, do perdão que ilumina, do sacrifício que enobrece e da bondade que santifica...
            Lembra-te de que o Senhor nos concede tudo aquilo de que necessitamos para comungar-Lhe a glória divina, entretanto, não te esqueças de que as dádivas do Criador se fixam nos seres da Criação, conforme a capacidade de cada um.”

            Para  Mt (25,14) - Moeda e Trabalho - leiamos  “Livro da Esperança”, de Emmanuel por Chico Xavier:

            “Se muitos corações jazem petrificados na Terra, em azinhavre de sovinice, fujamos de atribuir ao dinheiro semelhantes calamidades.
            Condenar a fortuna pelos desastres da avareza, seria o mesmo que espancar o automóvel pelos abusos do motorista.
            O fogo é companheiro do homem, desde a aurora da razão, e por que surjam. de vez em vez, incêndios arrasadores, ninguém reclamará do mundo o disparate de suprimi-lo.
            Os anestésicos são preciosos auxiliares de socorro à saúde humana, mas existem criaturas que fazem deles instrumentos do vício, ninguém rogará da ciência essa ou aquela medida que lhes objetive a destruição.
            A moeda, em qualquer forma, é agente neutro de trabalho, pedindo instrução que a dirija.
            Dirás provavelmente que o dinheiro levantou os precipícios dourados da vida moderna, onde algumas inteligências se tresmalharam na loucura ou no crime, comprando inércia e arrependimento a peso de ouro, contudo é preciso lembrar as fábricas e instituições beneméritas que ele garante, ofertando salário digno a milhões de pessoas.
            É possível acredites seja ele o responsável por alguns homens e mulheres de bolsa opulenta, que espantam o próprio tédio, de país em país, à feição de doentes ilustres, exibindo extravagâncias na imprensa internacional, entretanto é forçoso reconhecer os milhões de cientistas e professores, industriais e obreiros do progresso que a riqueza nobremente administrada sustenta em todas as direções.
            A Divina Providência suscita amor ao coração do homem e o homem substancializa a caridade metamorfoseando o dinheiro em pão que extingue a fome. A Eterna Sabedoria inspira educação ao cérebro do homem e o homem ergue a escola, transfigurando o dinheiro em clarão espiritual que varre as trevas.
            Não censures a moeda que será sempre alimento da evolução. Reflete nos benefícios que ela poderá trazer. Ainda assim, para que lhe apreendas todo o valor, se queres fazer o bem, não exijas, para isso, o dinheiro que permanece na contabilidade moral dos outros.
             Mobiliza os recursos que a Infinita Bondade te situa retamente nas mãos e, ainda hoje, nalgum recanto de viela perdida, ao ofertares um caldo reconfortante às mães infortunadas que o mundo esqueceu, perceberás que o dinheiro, convertido em cântico fraterno, te fará ouvir a palavra de luz da própria gratidão, em prece jubilosa.
            “Deus te ampare e abençoe”. ”

Os Talentos - Parábola  

25,24  Veio, Por fim, o que recebeu só 1 talento. - Patrão, disse-lhe: Sabia que és um homem duro, que colhes onde não semeaste, e  recolhes  onde   não   espalhaste.
25,25 E, tendo medo, escondi na terra o teu talento.. eis aqui, toma o que te pertence.                                                                        
25,26   Respondeu-lhe seu patrão: -Empregado mau e preguiçoso! Sabias que colho onde não semeei e que recolho onde não espalhei, 
25,27  devias, pois, levar meu dinheiro ao banco e, à minha volta, eu receberia com os   juros o que é meu.
25,28  Tirai-lhe este talento e dai ao que tem 10.
25,29  Dar-se-á ao que tem e terá em abundância. Mas, ao que não têm, tirar-se-á mesmo aquilo que julga ter.
25,30  E a esse empregado inútil, jogai-o nas trevas! Ali haverá choro e ranger de dentes!

        Para Mt (25,25) -Escondi Na Terra o Teu Talento!  -, encontramos em “Fonte Viva”, de Emmanuel por Chico Xavier,  o texto que se segue:
           
            “Na parábola dos talentos, o servo negligente atribui ao medo a causa do insucesso em que se infelicita. Recebera mais reduzidas possibilidades de ganho. Contara apenas com um talento e temera lutar para valorizá-lo.
            Quanto aconteceu ao servidor invigilante da narrativa evangélica, há muitas pessoas que se acusam pobres de recursos para transitar no mundo como desejariam. E recolhem-se à ociosidade, alegando o medo da ação.
            Medo de trabalhar. Medo de servir. Medo de fazer amigos. Medo de desapontar. Medo de sofrer. Medo da incompreensão. Medo da alegria. Medo da dor.
            E alcançam o fim do corpo, como sensitivas humanas, sem o mínimo esforço para enriquecer a existência. Na vida, agarram-se ao medo da morte. Na morte, confessam o medo da vida.
            E, a pretexto de serem favorecidos pelo destino, transformam-se, gradativamente, em campeões da inutilidade e da preguiça.
            Se recebeste, pois, mais rude tarefa no mundo, não te atemorizes à frente dos outros e faze dela o teu caminho de progresso e renovação. Por mais sombria seja a estrada a que foste conduzido pelas circunstâncias, enriquece-a com a luz do teu esforço no bem, porque o medo não serviu como justificativa aceitável no acerto de contas entre o servo e o Senhor. ”



quarta-feira, 27 de março de 2019

Considerações sobre as penas eternas



Considerações sobre as penas eternas
por Carlos Imbassahy
Reformador (FEB) Setembro 1925

            Só agora me foi dado o prazer de ler a tréplica de meu distinto amigo, Dr. Hamilton Nogueira, sobre as penas eternas.

            Isso vem de longa data. Havia eu replicado, pelo Correio da Manhã, um jovem doutor, que é católico, argumentador destemeroso e que discorrera, na Ordem, sobre as excelências das penalidades intérmitas.

            O meu amigo voltou ao assunto pela Revista Social e post tantos tantosques labores, ("depois de tantos e tão grandes trabalhos") – (Frase de Virgílio que se aplica quando se fala das dificuldades, perigos e tormentos por que alguém passou-) tive eu, finalmente, o prazer de ver as suas letras, que até então nunca me tinham chegado às mãos.

            Começa ele sentindo que eu não tenha usado da verdade, quando justifico os motivos que me levaram a responder-lhe.
  
            Eu tinha tido? Não teria coragem de obstar ao prezado amigo, se não falasse ele nos “malfeitores da pena”, onde provavelmente devo estar metido.

            E o Dr. H. Nogueira responde:

            “1, amigo, não condizem com a sua pessoa tais artifícios de polêmica; deixe isso para o A ou para o B... “

            Artifícios de polêmica? Artifícios de polêmica é uma saída, é uma escapatória, de que usa o autor, quando as razões lhe vão faltando.

            Pode ser que as razões lhe faltem sempre, mas aí nada se dá esse caso.

            Ora, malfeitor é aquele que faz mal. Bem ou mal intencionado, desde que faz mal, é malfeitor, isso ao pé do léxico (do latim malefactor).

                        O amigo referiu-se aos “malfeitores da pena”, isto é, aqueles que fazem mal com a pena. Eu me julguei incluso, por propagar as heresias por ele tão condenadas. E o que eu queria, com a minha frase, era explicar a razão por que revidava, a um amigo; era o dizer que só tinha o desejo de justificar-me e não o de contradita-lo.

            Era uma espécie de barretada. Pelo menos, era esse o meu fim.

            Pois essa explicação passou a ser um artifício e artifício de pessoa menos verdadeira.

            Continua o meu jovem amigo:

            “Tendo eu perguntado se seria justo que Deus suportasse a presença de uma horda de bandidos, que para o céu se encaminhasse em meneios lascivos, entoando árias báchicas, o meu caro I., sem que, de moo algum, me tivesse referido, nesta parte do meu artigo, ao Espiritismo, sai-se com essa interrogação: - Mas em que trabalho espírita se lê a descrição dessa marcha pouco apresentável, com que os humildes se dirigem para o céu?
            Agora, pergunto eu ao distinto kardecista: será capaz de me demonstrar que nesse ponto de meu artigo, fiz referências, mesmo ligeiras, ao Espiritismo?”    

            Neste ponto não; mas fez em outro. Nem eu podia esperar que, ao fim de cada período, viesse a explicação: isso é com o Espiritismo; isso não é com o Espiritismo.

            Ora, é vezo dos nossos antagonistas atribuir ao Espiritismo a doutrina da impunidade. O meu amigo, no seu primitivo artigo da Ordem, fala do Kardec “o eminente patife que teve a ousadia de transformar-se em arauto de uma nova revelação”; fala da Doutrina Espírita; fala das penas eternas, como coisa de muita justiça, e das doutrinas espíritas que lhe são contrárias e refere-se à horda de bandidos que se dirige para o céu.  

            Fácil me foi inferir que esses bandidos se dirigiam assim para o céu, por falta das penas eternas, e, necessariamente, por culpa do Espiritismo, que os não perfilha e, logo, que aquilo devia ser com o Espiritismo.

             Daí a minha ilação.

            Mas, se não era com o Espiritismo a pontuada, com quem era?

            Já agora estou com a curiosidade de saber qual é essa religião, filosofia ou doutrina, que tem como certa, ou que apresenta essa viagem de bandidos para o céu, com maneios lascivos e árias báchicas.

            Mas não é com o Espiritismo, diz o meu douto amigo. Tanto melhor.

            Vamos, porém, ao ponto principal de nossa controvérsia – as penas eternas, a incompatibilidade entre essas penas inextinguíveis e a inextinguível bondade do Criador.    

            Sobre o assunto diz o Dr. Hamilton:

            “...emite o meu prezado amigo uma objeção que certamente não teria formulado se conhecesse pelo menos o catecismo católico.
            Se o meu trabalho se refere exclusivamente às penas eternas, não quer dizer que sejam estas as únicas penas que esperam o pecador após a sua morte.
            É ensinamento da Igreja que há duas espécies de pecados: os mortais, gravíssimas ofensas ao Criador, e os veniais de menor gravidade.
            ...Deve haver, portanto, uma pena temporária e é por isso que eu disse que os castigos são proporcionais aos crimes.
            ...Vê o meu amigo que tudo é muito simples: é puro catecismo. Qualquer menino que frequente as igrejas sabe da existência do Purgatório.”

            Qualquer menino sabe disso e eu também sabia.

            O que eu não sei, nem talvez qualquer menino saiba, é a razão por que a relatividade da pena deva ir só até certo limite, até o purgatório.

            Pode ser que a igreja ensine que há duas espécies de pecados, mas o que nós vemos é que essas espécies variam ao infinito.

            O que a que eu me queria referir era à uniformidade das penas eternas, para as diversas categorias de crimes. – os crimes graves, os pecados mortais, as gravíssimas ofensas ao Criador.”

            Sim; há um purgatório, para onde vão certos faltosos, e há um inferno para onde vão os outros. Mas esses outros têm crimes de várias espécies e feitios e modalidades e lhes cabe a mesma pena eterna. Onde há aí a gradação? Onde a relatividade no tempo e no espaço?

            É o mesmo espeço para todos. – o lnferno; e o mesmo tempo -- a eternidade.

            Há, no entanto, crimes graves, crimes mais graves, crimes excessivamente graves. Não tem lides a ferocidade humana.  Há pecados de maior e de menor intensidade, há maiores e menores agravantes. E o inferno, a menos que a distinção esteja na maior ou menor ebulição das caldeiras – é sempre o inferno, onde o desgraçado terá que sofrer por todos os séculos dos séculos.

            Ao que matou um, ou cem, ou dez, ou mil, o que o espera é a mesma eternidade das penas, é a mesma certeza terrível – a de que o suplício não acabará mais!..

            Mas, há ainda mais no caminho do absurdo: - o que matou mil, o que matou com crueza, poderá arrepender-se e está perdoado.

            É o meu amigo quem diz: “Tão grande é a misericórdia de Deus que, mesmo nos derradeiros momentos da vida perdoa, mediante contrição sincera, os mais repugnantes pecadores. 

            Mas, o que matou um só e pode não ser um repugnante pecador, o que matou sem crueza, não se arrepende. Não teve tempo, ou não pode, ou não soube arrepender-se, que não se arrepende quem quer.  Para o arrependimento, são necessárias umas tantas circunstâncias que podem falhar e este que só matou um, sem crueza.   

            Mas este vai para o inferno. Está irremediavelmente perdido, enquanto o outro, o pecador, o pecador repugnante, está salvo.

            E se Kardec, apresentando a teoria dos Espíritos, vem declarar que não pode ser esta a justiça do Pai, não passa de “um patife, que teve a inacreditável insolência de arvorar-se em arauto de uma nova revelação.”

***

            Com a doutrina das penas eternas, com as leis do inferno, - e destas foi que eu unicamente tratei - o castigo não passa de uma vingança. O bom e meigo Criador é transfigurado num Júpiter tonante enfurecido, ou num magnata raivoso pelo não cumprimento de suas ordens.
            Compreende-se as penas relativas, como um processo de cura; o sofrimento é o crisol (cadinho) da alma. Mas, da pena absoluta, da pena eterna não existe benefício nenhum, ninguém sabe o fim a que culmina.

            Com as penas temporárias o delinquente sofre para tornar-se bom, para melhorar; há uma finalidade na sua dor – é ela o remédio que se coloca nas feridas e as feridas são as chagas da alma.

            Nas penas do inferno não há finalidade nenhuma. E, se na Terra o castigo já tem por fim regenerar o pecador, no alto, o castigo, com as pens eternas, ninguém sabe que fim tem, a não ser fazer doer, não há benefícios, não há resultados, - é a crueldade, a inexorabilidade em todo o seu horror!

            E é o Deus, o Pai de misericórdia, o Criador de bondade infinita, quem assim trata os seus filhos, criando-os para os deixar perder para sempre.

            É essa a justiça que o meu amigo compreende e defende. E porque Kardec nos mostra o Senhor como ele é, Pai, de fato, de bondade sem mácula, o Salvador, o que não deixa condenadas as suas ovelhas, ei-lo um patife e malfeitores da pena os que se sentem arrastados pela lógica indestrutível dos ensinamentos espiritualistas modernos.