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segunda-feira, 11 de março de 2019

Eloquência dos Fatos





Eloquência dos Fatos
Reformador (FEB) Dezembro 1919

            Uma sessão de materialização e transporte, assistida pelo senador Virgílio de Mendonça, em presença do Sr. Amazonas de Figueiredo, diretor do Ginásio Paes de Carvalho.

            O “Jornal da Tarde”, de 6 de Outubro último, que se publica em Belém, Estado do Pará, dá a seguinte narração dos fenômenos espíritas que se têm produzido naquele Estado:

            “Há quase um ano, ouvimos pela primeira vez falar nos interessantes fenômenos espírita de materialização e transportes, que vinham sendo observados por um restrito número de pessoas, nesta cidade, graças às raras faculdades mediúnicas da esposa do sr. Eurípedes Prado, conceituado guarda-livros e comerciante em nossa praça.

            As pessoas que frequentavam tais sessões eram dignas da mais absoluta fé, ao par do meio de todo insuspeito em que tais fenômenos se produziam.

            A virtuosa esposa do Sr. Eurípedes era a médium que se prestava aos fenômenos, aliás quase a contragosto. Por isso mesmo, houve até interrupção dos trabalhos por espaço de alguns meses.

            Mas o que tem de ser traz força: as manifestações de efeitos físicos recrudesceram ultimamente e, sob orientação e conselhos do espírito, que dá o nome de João, foram iniciadas as sessões de materialização e transportes. Há oito dias exatamente fomos convidados para assisti-las. Eram poucos os assistentes.

            Além da família Prado seis pessoas apenas: senador Virgílio de Mendonça, sr. Giovanni Costa, Srs. Manoel Barbosa Rodrigues, ManoeI Baptista, proprietário
da farmácia Beirão, professora Elisabeth Hammond e o nosso companheiro de trabalho.

            Ao começo, breve sessão na varanda, para a produção de fenômenos de contato das mãos do espirito que, em verdade, ficaram a perder de vista ante os demais, cuja noticia agora se dá.

            Foram colocados no aposento destinado às sessões, dois baldes de zinco, um contendo parafina a ferver e que estivera sobre um fogareiro de álcool à nossa vista e outro cheio de água, sendo ambos examinados pelos assistentes. Em seguida, mandou o espírito encerra-los em uma grade - espécie de gaiola, recomendando que a pregassem bem ao soalho, o que foi feito também à nossa vista.

            Tudo assim preparado, apagou-se a luz e dentro em cinco minutos, via-se o primeiro núcleo branco de formação fluídica destacar-se do fundo negro, pois a parede caiada fora forrada de um pano preto. Em breve distinguia-se perfeitamente o fantasma que se debruçava sobre a grade. Interrogado, então, algumas vezes pelo senador Virgílio de Mendonça o espírito disse que um outro habitante do mundo espiritual lhe responderia às perguntas, enquanto ele se empenhava na produção do fenômeno previamente anunciado: a produção do molde de mão humana na parafina; e solicitou aos assistentes “que se entretivessem em palestras”.

            Esta solicitação levou o senador Virgílio de Mendonça a perguntar por que João preferia a palestra à concentração usada em casos tais.

            Porque, respondeu o espírito, a palestra distrai a vossa paciência; enquanto conversais, João trabalha em paz.

            Conversai.

            De quando em quando, ouvia-se já o ruído da asa do balde sacudida de um lado para outro, já o da água remexida pelas mãos de alguém.

            Isso chamou a atenção daquele senador que, levantando-se da cadeira em que se achava, distante da gaiola um metro, se tanto, tentou aproximar-se mais ainda, de modo a observar melhor o que se passava.

            Então, a voz clara do espírito, pelo médium adormecido, lhe observou: - Porque tentas perturbar o trabalho de João? Senta-te. Não viste a grade ser pregada? Findo os trabalhos, peço que tu mesmo a arranques.”

            E assim, enquanto João, auxiliado por outro fantasma, trabalhava na produção do molde em parafina, entre os assistentes e esse outro espírito, se travou animada, frequente conversa.

            Seguramente hora e meia depois, o espírito auxiliar anunciou que João ia terminar a primeira parte dos trabalhos.  

            Uma campainha ficara próxima dos baldes, mas fora da grade. Sentiu-se que esta era como que forçada, O Sr. Eurípedes indagou a razão desse fato e a explicação não se fez esperar.

            “É que colocaste a campainha longe da grade, distante do médium, cuja emissão fluídica quase não atingia. João luta com dificuldades para penetra-la de fluidos bastantes afim de fazê-la vibrar. “Ele é teimoso. Conseguirá.”

            Cinco minutos mais e o som vibrante da campainha retiniu diversas vezes, alegremente, como anunciando a vitória absoluta dos esforços do espírito.

            João está satisfeito, disse o seu companheiro do além, eis porque a campainha soou tantas vezes. Cubram o rosto do médium e abram as luzes.

            Fez-se isso e razão de sobra tinha o espírito de João para manifestar a sua imensa alegria: dentro da gaiola, pregada ao solo, os dois baldes, o de parafina, vazio e no outro um molde de mão humana com os dedos curvados e um formoso buquê de rosas!

            Simplesmente surpreendente!

            Não era tudo, porém. João recomendou, pela mesinha, que de novo se apagassem as luzes e esperássemos.  

            Obedecido e retomados os lugares, minutos depois, outra vez se destacou o fantasma - um ser brando, flutuante, perfeitamente distinto.

            Pediu música. Uma das filhinhas do Sr. Eurípedes Prado foi ao piano e começou a dedilhar uma valsa qualquer.

            -Não, disse o espírito. Sabem que fui artista. Amo a boa música. Mandem tocar clássicos. E, então, admirável! - ouviu-se um som como que longínquo mas distinto,
soando perto dos nossos ouvidos, comovendo-nos: o espírito cantava!

            Súbito pediu a sua música e enquanto a executavam ele entregou o molde em parafina à professora Elisabeth Hammond, distribuindo as flores pelos assistentes,
tendo apertado a mão do Sr. Giovanni.

            Ao apagar as luzes, molde e flores estavam dentre da grade pregada ao solo. Produzira, portanto, mais outro fenômeno de transporte.

            Findos os trabalhos, empenhou-se o Sr. Virgílio de Mendonça em despregar a grade. E como o martelo tivesse desaparecido, s. s. bem que esforços empregou para consegui-lo, transformado à última hora em solícito carpinteiro do João.

            A impressão que esses trabalhos deixaram em seus assistentes é decerto inextinguível.

            Diante de tão valiosos testemunhos, como sejam os dos Sr. Virgílio de Mendonça e Amazonas Figueiredo, que dirão os que negam a vida do Além?


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