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quinta-feira, 21 de março de 2019

A Solução Justa



A solução justa
 A Redação 
Reformador (FEB) Outubro 1925
 
            Aprouve ao Senhor, cujo misericordioso olhar pousa de contínuo sobre este abençoado rincão do planeta – a Terra de Santa Cruz - fecundando-a para o reflorescimento e a nova frutificação da árvore bendita do Evangelho, por suas mãos para a ali transplantada, que, em momento de clara inspiração, um punhado numeroso dos nossos legisladores políticos evitasse a luta inglória que já se esboçava funesta no seio da grande família brasileira, negando aprovação à medida, tentada no correr da revisão constitucional que se está elaborando, de oficialização de uma determinada seita religiosa.

            Graças lhe rendamos a Ele, o Mestre divino, pelo haver afastado assim do caminho dos Espíritos que se aprestam, reencarnando neste recanto da Terra, para dar impulso decisivo á obra de cristianização do mundo, a grande pedra de tropeço que se ocultava por de trás da singeleza e aparente inocência de dispositivo a ser encartado na nova Constituição.

            Celebremos jubilosos o acontecimento, como uma vitória de Seu amor, buscando aprender em toda a sua extensão o significado dessa vitória, para correspondermos ao objetivo que ela encerra, nós os que temos tomado feito discípulos do Evangelho e que temos tomado o encargo, difícil e prenhe de responsabilidades, de o pregoarmos nos tempos novos que se iniciam, anunciadores da era próxima em que o Espírito da Verdade abrirá o seu reinado na Terra, pela conversão das almas à palavra de salvação que à Terra trouxeram os mensageiros do Cordeiro de Deus.

            Vitória de Jesus, ela significa bondade, caridade, misericórdia e não comporta a existência de vencidos, nem de vencedores, que só Ele o é, e exprime um novo apelo do seu coração à fraternidade pois era sobretudo a fraternidade que se achava entre nós ameaçada pelo golpe que o fanatismo e a intolerância religiosa, sempre destrutivos e geradores de ódios, premedita contra a mais preciosa das liberdades: a de pensar, de sentir, de crer.

            Saibamos, portanto, corresponder a esse apelo, afim de que os inimigos da luz não consigam tramar nas trevas outros golpes semelhantes, ou piores, que não possam ser aparados, por nos havermos tornado merecedor deles, em consequência do nosso descaso para com o carinhoso desvelo do Senhor, agora mais uma vez manifestado pelo torrão brasílico donde a árvore que Ele outrora plantou na Palestina tem que estender a fronde por todo o orbe terráqueo, a toda parte levando os saborosos frutos pendentes da sua exuberante ramagem.
           
            Para acudirmos expressivamente ao amoroso apelo a que aludimos comecemos por demonstrar, nós, os espíritas, que de fato nos consideramos ovelhas do rebanho de que Ele é o único pastor, unindo-nos em seu derredor; relegando para plano inferior donde jamais deveram sair, todas as questiúnculas sobre que divirjamos; despreocupando-nos de personalidades quaisquer e de em torno dela nos agitarmos, absorta a visão do nosso espírito inteiramente pelas claridades imensas de que o Seu fulgurante olhar inunda os horizontes do nosso amanhã - guerreando sem tréguas em nós o homem velho, a fim de estarmos prontos sempre a avançar para o combate ao erro e à mentira, com um coração pacifico e fraterno, sob a armadura da fé viva e esclarecida do verdadeiro cristão.

            A Federação, que confia sempre na desvelada ação espiritual dos que do plano invisível dirigem a marcha progressiva da verdade na nossa pátria, plena e seguramente confiante estava em que eles, sob a chefia de Ismael, cumprindo os santos desígnios do divino Mestre saberiam, no momento oportuno, afastar o óbice que se pretendia opor aquela marcha.

            Cheia dessa confiança, antes de se dirigir aos homens, de lhes falar, num apelo á razão, à consciência, propugnando a paz sobre que, dentro da coletividade brasileira, pesava a ameaça das emendas chamadas religiosas; rogando-lhes não desunissem a obra de fraternidade que os constituintes de 1891 alicerçaram; exortando-os a que não patrocinassem a empresa nefanda de lançar entre os Brasileiros a mais venenosa de todas as sementes da discórdia, da separatividade, do desamor e das lutas estéreis, ela se voltou, em súplicas continuas, que a fé fazia fervorosas, para Aquele que, do trono de sua glória provê incessantemente ao bem do armento (rebanho) que o Pai lhe confiou, tudo facultando aos obreiros sinceros e verazes da sua Seara para prosseguirem na obra, sem que os inimigos do Semeador logrem destruí-la ou, sequer, paralisa-la.

            Legitimamente satisfeita, pois, ela se sente, por haver confiado assim e assim haver procedido, deixando-se guiar pela inspiração dos que a assistem caridosamente do Além, e  congratula consigo mesma e com os que formam as fileiras espíritas, onde também decerto todos o corações se abriram em preces ardentes ao Senhor do mundo, pela obtida demonstração do poder da fé ao serviço do Bem, que é justiça, que é paz, que é harmonia e fraternidade.         

            E, uma vez que lhe é dado externar esse júbilo e exprimir essas congratulações na data mesma em que se comemora a última encarnação do grande Espírito do codificador da doutrina a cujos altos ideais desejamos todos servir, permitido lhe seja associar o assinalamento do  fato de que tratamos às homenagens de gratidão, de respeito e de amor a que a obriga, para com ele, o imenso bem que lhe devemos, pela intensa luz que a sua obra projetou nas almas de quanto hoje se abeberam na límpida fonte do Evangelhos.
           
            Como síntese dessas homenagens e por sabiamente colhermos o fruto da vitória que acaba de alcançar Aquele que o enviou ao mundo com a missão de coordenar os ensinos de seus celestes mensageiros, recordemos apenas, para o executarmos melhor do que o temo feito até aqui, o lema por ele inscrito no lábaro que desfraldou, como marco assinalador do advento da era espírita: Trabalho, solidariedade, tolerância.

            Solidários pelas grandiosas aspirações que nos alimentam as almas, trabalhemos com afinco e renúncia na semeadura da Verdade, amando-a cada vez mais e combatendo serenamente o erro e a mentira, mas tolerantes para com os que se comprazem na mentira e no erro e por eles orando sem cessar.

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