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sexta-feira, 18 de março de 2011

06/50 'Crônicas Espíritas'





Artigos publicados no ‘Correio da Manhã’

(Neste ponto o livro retoma a numeração...)

1CM

            Recebi diversas cartas de um senhor que parece ser
 um sacerdote da Igreja Católica, assinadas com as iniciais J. P. .
De acordo com a promessa feita ao padre Dubois, de Belém, Pará, 
este Sr. J. P. se transforma no padre Dubois.
            Na última carta, o padre Dubois mostrou-se um tanto magoado 
por me negar em lhe responder pelo “Correio da Manhã” 
e insiste que este seja o órgão da minha explicação às suas perguntas.
            Assim, pois, venho mais uma vez abusar da generosidade 
do “Correio”, para responder a um anônimo, aliás, gentil e paciente.
            Não se conformando com a explicação que dei no meu artigo 
de 29 de Abril, diz o padre Dubois:
 “Ainda que fosse possível a satisfação do criminoso, 
no exemplo dos dois sócios, crimes 
há que absolutamente não podem ser expiados segundo essa doutrina. 
O homicídio, por exemplo; 
como é que o assassino poderia restituir
 ao assassinado o prejuízo que lhe causou? 
Ele poderá restituir-lhe a vida que lhe tirar, que lhe roubar?”
            O assassino não, mas Deus sim, 
concedendo-lhe uma nova encarnação.
            No entanto, nem sempre o assassino que premedita
 um crime pode realizá-lo. Por quê? 
E por que morre tanta gente de acidentes de toda espécie, 
afogada, estraçalhada, queimada, 
enquanto a maioria morre de morte natural?
Por que tanta gente sofre miséria e dor, 
enquanto outros passam vida regalada?
            Meu amigo, não somos nós e sim Jesus 
quem ensina no Evangelho que: 
- “Não cai um cabelo da nossa cabeça sem que Deus o queira”,
 isto é, sem que seja a lei da justiça que se cumpre, 
devido à lei ensinada a Pedro no Horto das Oliveiras: 
“Enfia a espada na bainha, pois quem com ferro fere, 
com ferro será ferido”. (S. Mat., 25:54)
            Os sofrimentos excepcionais têm nessa lei a sua razão de ser, 
e são, para nós, o meio de resgate e expiação 
de faltas cometidas em passadas existências. 
E, sem ser assim, não existiria a Justiça Divina.
            Ninguém tem o direito de tirar a vida, 
pois que não pode restituí-la; não há, entretanto,
 crime algum que se não possa expiar, e que não venha a ser expiado, 
reabilitando-se o criminoso.
            E para isso não precisa Deus que o homem 
eja o instrumento da sua justiça. 
Os cataclismos, os acidentes de toda espécie, 
que a providência do homem não pode evitar,
 como as horrorosas enfermidades e sofrimentos morais, 
são o meio de resgate de faltas passadas. 
E, ainda que o amigo não aceite esta explicação, 
a sua Igreja não apresenta outra mais 
plausível e mais satisfatória à razão.
            O fato é que o assassino só consegue matar 
quando sua vítima foi assassina numa das existências precedentes, 
e, isto, se ele escolheu, antes de encarnar, 
a prova de morrer de morte violenta, nesta existência. 
Ainda assim, se ele, por exemplo, 
tiver ocasião de salvar uma criatura com o risco de sua própria vida,
 e se lançar no perigo para esse fim, sem cogitar de si, 
também resgata um homicídio.
            O amigo diz bem, que o homem sofre porque pecou;
 mas, se é observador,
 há de encontrar muita gente que sofre sem ter cometido
 ato algum nesta vida que merecesse a punição por que passa;
 de fato, não podia haver pecado, por ter nascido, por exemplo, 
aleijado e idiota. Por que isso? Esses sofrimentos só podem
 ser a conseqüência de atos praticados em existências anteriores.
O seu argumento “de que os animais também sofrem” não subsiste,
 pois estes não têm consciência de si, e não raciocinam. 
O princípio inteligente que os anima age pelo instinto e não pela razão.
O amigo não soube interpretar as palavras de Jesus:
 “Deixai vir a mim os pequeninos porque dos tais é o reino dos céus”, 
isto é, desprezou o resto das palavras em que Jesus 
explica o sentido do versículo: “Em verdade vos digo: 
que todo o que não receber o reino de Deus como pequenino, 
não entrará nele”. (Marcos, 10:13-15)
O ensino que Jesus deu com estas palavras, segundo os Espíritos, 
é o seguinte: Quem se não abstiver de pensamentos culpáveis,
 inúteis, frívolos; quem não tiver a simplicidade de coração, a humildade,
 que são ao mesmo tempo a base, a origem, 
o meio e a via para as virtudes, para a purificação, 
para o progresso e, por conseguinte, 
condizentes à pureza e à perfeição, não pode
 possuir a paz e a felicidade, 
que pertencem àqueles que souberam cumprir
 com o seu dever para com Deus, 
amando o seu próximo como a si mesmo.
E até breve. 

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