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domingo, 18 de janeiro de 2015

Perdoai-lhes Pai!


Perdoai-lhes Pai!
Vinélius Di Marco / (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Agosto 1955

            Abrimos o Evangelho e começamos a ler o capítulo 10 e respectivos versículos, de João. E repetimos os versículos: "11 - Eu sou o bom pastor, O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. 12 - O que é mercenário, e não pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as arrebata e dispersa. 13 - O mercenário foge, porque é mercenário, e não se importa com as ovelhas. 14 - Eu sou o bom pastor, conheço as minhas ovelhas, e as que são minhas me conhecem a mim. 15 - assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. 16 - Tenho também outras ovelhas que não são deste aprisco, estas também é necessário que eu as traga; elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um pastor", etc.

            Meditamos sobre a significação dessas palavras de Jesus, enquanto nossa vista pousava melancolicamente sobre uma foto publicada em "O Globo”, desta Capital, na primeira página do segundo caderno da edição de 9 de Junho último. Sob o título "A freira instrutora militar", o clichê mostra grupo de menores uniformizados, de armas ao ombro, em marcha militar, tendo ao lado uma irmã de...  caridade, sua instrutora na arte de matar o próximo., Como legenda, lê-se: "A Irmã Joan Marie diretora do curso primário da Academia Militar de Bishop Quarter em Oak Park, Illinois, Estados Unidos, além de ensinar as matérias do curso aos seus alunos, ainda ajuda na instrução militar, como se vê na fotografia, embora não fosse preparada especialmente para isso, (Foto U. P. especial para O GLOBO)."

            Temos visto sacerdotes, imponentes em suas vestes talares, abençoar instrumentos de guerra, aspergindo água benta em espadas destinadas a  derramar sangue humano, Temos visto também, em festas militares, as manifestações de regozijo de autoridades eclesiásticas quando se comemoram fastos bélicos, numa indisfarçável concordância com os atos de guerra que determinaram a vitória sangrenta de determinados grupos humanos sobre outros. E nos lembramos, então, daquelas palavras inolvidáveis de Jesus: "Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos"... Em face da religião, todos os homens, independentemente de sua nacionalidade e de sua raça, são, antes de tudo, e apesar de tudo, seres humanos, filhos de Deus.

            Uma irmã, dita de caridade, instilando no coração da juventude o pendor para a guerra! Abandonando sua missão religiosa, de unir as criaturas pelo amor, dentro da paz e pela paz, para ajudar na instrução militar! E sempre a repercutir em nossos ouvidos as palavras do meigo Nazareno: " Bem-aventurados os misericordiosos" , " E quando lemos coisas como essa que vimos de transcrever ou quando vemos pretensos representantes de Deus na Terra e pseudo seguidores da trilha de Jesus abençoarem armas de guerra, não compreendemos como, depois de tantos e tantos séculos, o Sermão da Montanha ainda não encontrou acesso no coração dos que falam em nome do Mestre e que trazem sempre Deus nos lábios, mas longe do coração! "Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Esta a Lei que Jesus considerou base, fundamento, alicerce da sua Doutrina.

            Ó Espíritas de todo o Brasil, de todo o mundo! Elevai os vossos corações banhados na justa compreensão do Evangelho de Jesus e orai por esses irmãos nossos, desviados da verdadeira senda cristã! Pedi a Deus para que eles sejam iluminados pela razão e retrocedam para o reencontro do caminho justo traçado pelo Cristo! A Doutrina de Jesus é de amor e de caridade, é de paz e fraternidade! Ela tem por fim unir todas as criaturas num único sentimento de afeto, para glória do sacrifício inenarrável de Jesus! Se o Mestre preferiu sacrificar-se, a fim de deixar aos pósteros o exemplo do amor, da dedicação, da renúncia, como é que pregadores de seu credo, que se inculcam os únicos representantes das verdades cristãs na Terra, insistem em subverter seus belos e edificantes exemplos.

            Ó Jesus amado! Pedi a Deus, como o fizestes no alto do Gólgota:


            - Perdoai-lhes, Pai! Eles não sabem o que fazem!

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