O Cardeal Arcoverde
encerra a sessão
Ismael Gomes Braga
Reformador (FEB) Setembro 1955
As sessões de doutrinação em Pedro Leopoldo (Minas
Gerais) são feitas de portas fechadas, como recomendava Allan Kardec, e repetem
hoje os nossos Guias. Nelas só tomam parte os membros do grupo, os médiuns e
doutrinadores.
Por uma graça especial dos Guias,
foi-nos permitido assistir a uma dessas sessões, em 21 de Julho de 1955, quando
no Rio de Janeiro se realizava o 36º Congresso Eucarístico Internacional. Foi
muito penoso para todos nós entrarmos em contato com os grandes sofredores
desencarnados, ouvirmos histórias horríveis de grandes faltas e suas tremendas
consequências.
Seria uma impiedade expor tão
sangrentas chagas diante do público. Delas não trataremos aqui. Muitos
sofredores dão seu nome, mesmo sem serem interrogados, e contam suas tristes
histórias. Apenas vamos registar que os doutrinadores trabalham com muito amor
e inteligência, ajudando os sofredores.
A prece de encerramento foi a única
comunicação da noite que se gravou em fita para ser mais tarde datilografada.
Fê-la com muito sentimento o luminoso Espírito do Cardeal Joaquim Arcoverde
que, ao terminar sua oração, disse algumas palavras de saudação e declinou o
seu nome.
Eis a prece, obtida psicofonicamente,
por incorporação no médium Francisco Cândido Xavier:
Jesus!
Senhor e Mestre!
Nesta hora em que a Igreja Católica
Romana, de que temos sido modesto servidor, se engalana, no
Brasil, com os júbilos do Trigésimo Sexto Congresso Internacional das Forças
que a representam, derrama sobre nós a bênção do teu olhar.
Ensina-nos que a tua causa é aquela
do amor que exemplificaste e que, por isso, não há cristãos separados, mas,
sim, ovelhas dispersas de teu aprisco, a se dividirem provisoriamente nos
templos da fé viva, em que a tua Doutrina é venerada.
Tu que desceste da glória à
manjedoura para servir-nos, induze-nos à humildade para que te não injuriemos o
nome com a mentirosa soberbia do ouro terrestre.
Tu que estendeste a abnegação aos
próprios verdugos, inclina-nos à bondade e à tolerância, a fim de que sejamos
verdadeiros e fiéis irmãos uns dos outros.
Tu que nos recomendaste a oração
pelos que nos perseguem e caluniam, expulsa de nossa vida o ódio e a crueldade,
a discórdia e o fanatismo, que tantas vezes nos envenenam os corações.
Tu que te detiveste, entre cegos e
estropiados, enfermos e paralíticos, distribuindo o socorro e a esperança,
impele-nos a deixar nossa velha torre de egoísmo e isolamento, a fim de consagrarmo-nos
contigo à exaltação do bem.
Tu que não possuíste uma pedra onde
repousar a cabeça, guia-nos ao desprendimento e à caridade, para que a
embriaguez da efêmera posse humana nos não imponha a loucura.
Senhor, nós, os religiosos da tua
revelação, abusando do poder da fortuna, temos nossos deveres para com o mundo
que, engodado pela inteligência transviada nas trevas, ainda agora se dirige
para a deflagração de pavorosa carnificina.
Divino Pastor, compadece-te do
rebanho desgarrado nos espinheirais da ilusão e da sombra! Perdoa-nos e
ajuda-nos.
Mestre, faze que os sacerdotes
retos, que já atravessaram as cinzas do túmulo, voltem de novo à Terra, em
auxílio de seus irmãos que ainda se mergulham no nevoeiro da carne!..
E que todos nós, acordados para a
justiça, possamos retornar ao teu Evangelho de amor puro e simples, louvando-te
o apostolado de luz, para sempre.
Infelizmente, a escrita não pode reproduzir a beleza da
voz com que foram ditas estas palavras, em tom pausado, emocionante, solene,
majestoso, que nos tocou profundamente os corações ao ouvi-las.
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