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sábado, 17 de janeiro de 2015

As minhas palavras não passarão


“As minhas palavras não passarão”
Francisco Thiesen
Reformador (FEB) Fev 1971

            “Com todo o nosso respeito pela filosofia que indaga e pela ciência que esclarece, reconheceremos sempre no Espiritismo o Evangelho do Senhor, redivivo e atuante, para instalar com Jesus a Religião Cósmica do Amor Universal e da Divina Sabedoria sobre a Terra. (Emmanuel - “Fonte Viva” , por F. C. Xavier).

            “A fé raciocinada é um passo para a fé absoluta, assim como a filantropia é a primeira porta que se abre para a caridade:" (Ismael - “Elucidações Evangélicas” , Antônio L. Sayão 3ª edição)

            No 1º século das ásperas lutas pela implantação do Evangelho no coração das criaturas terrenas, apóstolos e discípulos, adeptos e servidores do Cristianismo tiveram, confiada pelo Divino Mestre, "tarefa diferente na forma, mas idêntica no fundo”. Simão Pedro foi o "chefe legítimo do colégio apostólico, por seu espírito superior afinado com o pensamento do Cristo”. Tiago, filho de Alfeu, abraçou a "tarefa da harmonização da igreja com os judeus”. Levi, o coletor de impostos, um dos doze apóstolos, elaborou as primeiras anotações e tornou-se evangelista, conhecido como Mateus.

            E assim por diante, segundo uma hierarquia evolutiva e vocacional a que os espíritos se subordinam e atendidas as exigências especialíssimas dos serviços mais importantes de todos os tempos - os do estabelecimento do Reino de Jesus-Cristo no planeta.

            Ao convertido de Damasco, o valoroso Paulo de Tarso, coube tarefa multifária, nela avultando a coordenação e organização dos trabalhos da fé no âmbito da gentilidade.

            Em Antioquia, cuja igreja notabilizara-se pela harmonia dos cooperadores e por expressiva soma de realizações espirituais, propiciando valioso intercâmbio das Altas Esferas com seus colaboradores humanos, através do profetismo, inclusive mediante os raros fenômenos de "vozes diretas", Paulo de Tarso, em palestra com Barnabé, discípulo de Simão Pedro, teve a inspiração vinda de mais alto, sobre "a necessidade de buscar os gentios onde quer que se encontrem", asseverando que "só assim reintegrar-se-á o movimento em função de universalidade". Após historiar a difícil situação criada ante a absorção dos esforços apostólicos pelo judaísmo, considerou necessário "sacudir o marasmo da instituição de Jerusalém" para prevenir que em poucos anos a figura do Cristo fosse apagada ou confundida, e que depois da desencarnação de Pedro as Anotações de Levi fossem deturpadas. Para tanto seria "necessário levar a notícia de Jesus a outras gentes, ligar as zonas de entendimento cristão, abrir estradas novas".

            Prosseguindo na sua exposição a Barnabé, o ex doutor de Tarso concluiu: -
"Façamos anotações do que sabemos de Jesus e de sua divina exemplificação. Outros discípulos, por exemplo, poderiam escrever o que viram e ouviram, pois, com a prática, vou reconhecendo que Levi não anotou mais amplamente o que se sabe do Mestre. Há situações e fatos que não foram por ele registrados. Não conviria que Pedro e João anotassem suas observações mais íntimas? Não hesito em afirmar que os pósteros hão de rebuscar muitas vezes a tarefa que nos foi confiada”.

            Daí em diante e até às vésperas de sua última encarceração em Roma, no monte Esquilino, donde sairia para o derradeiro testemunho, - dificilmente algo de relevante se decidiria ou realizaria sem a participação, colaboração, discussão, intercessão ou iniciativa de Paulo de Tarso no grupamento apostólico, face à ascendência de sua natureza sensível, percuciente, realizadora, perseverante, humilde e desassombrada, de absoluta fidelidade ao Senhor e de fé inquebrantável no êxito do empreendimento cristão. Ao médico Lucas, que Paulo e Barnabé conheceram em Antioquia, se deve a denominação de cristãos aos adeptos e de Cristianismo à doutrina de Jesus, então denominados "caminheiros" e "Caminho", respectivamente. Mais tarde, em Troade, recebera Lucas o convite de Paulo para dedicar-se exclusivamente ao Evangelho, e aceitando-o transformou-se em companheiro de inúmeras jornadas da Fé, sendo instruído pelo ex-doutor da Lei sobre como escrever os Atos dos Apóstolos e, ainda, o Evangelho baseado nas narrações pessoais da Maria Santíssima, especialmente ouvidas em Êfeso. Outro evangelista surgiria da abnegação de Paulo de Tarso: Marcos. Era sobrinho de Barnabé, jovem inexperiente que a bondade e a energia do apóstolo encaminhariam à dedicação consciente ao trabalho, inclusive com advertências assim: - "Não te esqueças de que a marcha para o Cristo é feita igualmente por fileiras. Todos devemos chegar bem; entretanto, os que se desgarram tem de chegar bem por conta própria".  João escreveria bem mais tarde o Evangelho que Bittencourt Sampaio denominou "Divina Epopeia", além das Epístolas e do Apocalipse.

            Após a surpresa de Silas, quando em Delfos Paulo fez calar um espírito que se
manifestara por popular pitonisa - saudando-o e aos companheiros como "anjos do
Altíssimo", visando a estimular-lhes a vaidade, - o apóstolo esclareceu: “O Cristianismo sem o profetismo (o mediunismo dos nossos dias) seria um corpo sem alma. Se fecharmos a porta de comunicação com a esfera ao Mestre como receber seus ensinos? Já pensaste em Cristo sem ressurreição e sem intercâmbio com os discípulos.  Ele sabia distinguir o joio do trigo. Não pretendemos, nestas linhas, apresentando um punhado apenas de episódios ligados à organização cristã e à dedicação de Paulo ao Messias Divino, senão encaminhar os estudiosos que ainda a desconhecem à obra de Emmanuel, "Paulo e Estêvão", recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, na qual estão historiados minuciosamente os fatos reais pertinentes à atividade do colégio apostólico. A leitura de "Paulo e Estevão" dá-nos a compreensão da ilimitada amplitude da Religião do Amor e da Sabedoria, fixando-nos indelevelmente no espírito a verdade revelada de que os textos dos 4 Evangelhos, dos Atos, das Epístolas e do Apocalipse foram grafados em meio a lutas e lágrimas, com endereço aos Espíritos Eternos na Universalidade da Vida, inexistindo, por isso, em sua tessitura, palavras ou pensamentos que não careçam de estudo, meditação e vivência, em espírito e verdade, nos estágios evolutivos que formos alcançando na busca da perfeição.


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