A resposta abaixo foi formulada após o 36º
Congresso Eucarístico (evento católico) realizado no Rio de Janeiro em 1955.
Temos outras respostas. Vamos tentar coloca-las juntas...
O Anátema Papal
Túlio Tupinambá / Indalício Mendes
Reformador (FEB) Setembro 1955
As palavras do Papa Pio XII,
incluindo o Espiritismo entre os inimigos do Catolicismo, embora
constituam dolorosa inverdade, que jamais deveriam ter partido dos lábios de um sacerdote
de alta hierarquia em seu credo e ao qual se atribui o título de Santidade,
revelam, por outro lado, eloquente confissão do estado de terror e pânico que
tomou conta da Igreja. Só o fato de o Papa se referir diretamente ao
Espiritismo é uma demonstração do grande desenvolvimento que alcançou no mundo,
e principalmente no Brasil, a Terceira Revelação, a ponto de justificar uma
advertência frontal do Chefe da Igreja Católica. Ainda que habituados já aos
agravos oriundos do Catolicismo, que nos ataca e ofende, sem atentar para a
nossa humílima condição de meros obreiros do Cristo, não deixamos de ficar
surpreendidos com as palavras do Papa Pio XII. Que fazemos nós para ser
considerados "inimigos astutos do Catolicismo"? Não seguimos sua
doutrina nem aceitamos seus atos litúrgicos,
obedientes ao exemplo de Jesus, que não adorou ídolos nem imagens. Pregamos,
porém, a pureza do Evangelho interpretado em Espírito e Verdade. Procuramos
acender no coração das criaturas o amor pelos semelhantes, consoante os
ensinamentos do Nazareno. Buscamos realizar obras de caridade e de assistência
aos que sofrem de males do corpo e da alma, sem a estipulação de obrigações de
nenhuma ordem. Não mantemos sacerdotes profissionais nem desfrutamos de
privilégios humanos. Nosso caminho é o mesmo que foi trilhado por Jesus e seus
primeiros discípulos. Cuidamos da
nossa Doutrina com carinho e nos exercitamos da melhor maneira possível na
prática do
bem,
em suas diferentes formas. Nossas casas de caridade servem a todos
indistintamente, sem discriminação de credos. Qualquer ser humano, seja
católico, protestante, muçulmano, judeu, mórmon ou ateu, vale para nós a mesma
coisa que o espírita, quando necessita de ajuda. Jesus não distinguiu ninguém e
a todos acolheu com a mesma solicitude e a mesma boa-vontade. E ainda fez
sentir que não são os sãos que precisam de socorro, mas os enfermos. O espírita
já conhece o caminho da Verdade e colabora sempre, em qualquer circunstância,
para o bem do próximo. Não faz o bem apenas a outros espíritas, porque, se
assim fosse, estaria fugindo das lições de Jesus.
Em que podemos ser inimigos do
Catolicismo ou de outro qualquer credo, se apenas nos preocupamos com o nosso
para melhor servirmos ao mundo? Foi isto o que Jesus pregou e diligenciamos,
tanto quanto nossas inferioridades o permitem, "amar os nossos inimigos", "fazer o bem aos que nos odeiam" e "orar pelos que nos perseguem e caluniam". Não somos inimigos
de quem quer que seja e nossas obras atestam nossas palavras. Leiam os livros
espíritas, os elevadíssimos conceitos das obras divulgadas pela Federação
Espírita Brasileira, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier e de ou
devotados servidores do Mestre.
Àqueles que nos consideram seus
inimigos, como a Igreja, pela palavra do Papa Pio XII, por exemplo, o
Espiritismo responde com preces ungidas de amor! Porque somos agredidos,
insultados, subestimados e perseguidos pelos que não mais se lembram, se é que
alguma vez as aprenderam, destas palavras de Jesus: "Em verdade vos digo que quantas vezes o fizestes a um destes meus
irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mateus
- XXV:40). Às objurgatórias iradas contra
nós, porque progredimos no coração do povo,
respondemos com o Evangelho, nossa defesa, nosso amparo, nossa luz, nosso
abrigo! Que
Deus se compadeça dos que falharam em sua missão terrena, desertando do serviço real
do Cristo Jesus! Que o Pai se apiade daqueles que persistem nas trevas a que o
ódio conduz, em vez de se iluminarem no amor que tudo redime!
Grande é a responsabilidade do Papa
Pio XII e suas palavras contra cristãos, como nós que
nada mais fazem do que alimentar-se no celeiro do Evangelho, pregando a
doutrina cristã, exemplificando os ensinamentos de Jesus, sem prevenções nem
malquerenças, mas, antes, com o profundo desejo de conciliar e fraternizar,
porque, afinal de contas, todos somos filhos de um único Pai e todos irmãos do
Cristo de Deus!
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