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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Intelectualismo pernicioso



Intelectualismo
pernicioso
Vinélius Di Marco / (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Novembro 1955

            Tem-se notado, a pesar nosso, que elementos talentosos, que poderiam ser utilíssimos à causa do Espiritismo, se esqueçam das recomendações doutrinárias e se deixem levar pelos impulsos que a vaidade estimula dissimuladamente. Em lugar de se esforçarem pela exemplificação evangélica, fiéis à Doutrina, se deixam arrastar por intelectualismo perigoso, que abrilhanta sua ação falada e escrita, aumentando-lhes os aplausos do superficialismo, mas, desgraçadamente, fazendo-os distanciar-se da austeridade evangélica.
           
            Na defesa de pontos de vista nem sempre fraternos, tripudiam sobre as lições doutrinárias, assumindo enormes responsabilidades perante o futuro, porque terão um dia, em obediência à Lei que rege a vida do Espírito, de prestar contas de seus atos. Nada melhor para a defesa da nossa educação espiritual do que a observância da Doutrina Espírita em paralelo com o Evansegundo o Espiritismo. Jesus foi a humildade personificada. Tendo poder para ser muito, fez questão de ser humilde, fazendo realçar a necessidade da humildade, quando disse: "Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou branco e humilde de coração e achareis repouso para as vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo."

            O intelectualismo que invadiu certos setores do Espiritismo é obra da treva. Reflete o abandono da Doutrina e o esquecimento do Evangelho. Sua ação é mais nociva do que a esterilidade, porque deixa consequências perniciosas, cava a desunião, incentiva os inimigos do Espiritismo, enfraquece o trabalho da Seara e estabelece antagonismos que não pode nem deve haver entre irmãos de um mesmo credo. Felizmente, há sempre companheiros que procuram, a tempo, refrear as manifestações negativas da treva, através de médiuns invigilantes, mais preocupados com os lauréis do mundo do que com os encargos contraídos por seu Espírito.

            O Espiritismo é e tem de ser cultivado pela humildade laboriosa. Sem humildade não há espírito evangélico nem há solidez doutrinária. Devemos insistir em que a Doutrina de Kardec seja a pedra de toque da formação moral de todos aqueles que ingressam no Espiritismo e nele permanecem. Não podemos ter a veleidade de aspirar a posições de relevo, muito menos de adquirir supremacia nisto ou naquilo. Nosso dever, perante Jesus e perante o Espiritismo, é ser humildes de coração, absolutamente fiéis às determinações doutrinárias e ao Evangelho segundo o Espiritismo.

            Não há lugar, na Seara Espírita, para vaidades literárias, para vaidades de qualquer natureza. O espírita de maior cultura intelectual e de maior talento, não vale mais do que o espírita inculto e sem talento, mas humilde cultor da Doutrina e do Evangelho. Não é o cérebro que aproxima a criatura humana de Deus, mas o coração. Cérebro, apenas, não traduz vibração sentimental, porque somente o coração sabe sentir. O ideal é a união do cérebro com o coração, predominando este sobre aquele. Quando o cérebro possui ascendência sobre o coração, a frieza calculista põe limites aos ritmos do sentimento e pode até anulá-los.

            Enfrentemos o intelectualismo pernicioso com os recursos constantes da Doutrina e do Evangelho. Pugnemos humildemente, mas com persistência, pela humildade, porque não se pode conceber espírita que não seja humilde, quer por educação doutrinária, quer por compreensão das verdades evangélicas.


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