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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Roustaing - Biografia


Roustaing  Biografia

            Ninguém melhor que o Apóstolo do Espiritismo no Brasil - Bezerra de Menezes - para nos falar de J.-B. Roustaing. Para tal, transcrevemos escrito de Bezerra, como publicado pela Gazeta de Notícias, em 22 de Abril de 1897 (em “Vida de Jesus”  de Antônio Lima):

            Allan Kardec, Espírito preposto por Jesus para reunir em um corpo de doutrina ensinos confiados, pelo mesmo Jesus, ao Espírito de Verdade, constituído por uma legião de Altíssimos Espíritos, só apanhou o que estes deram, e estes só deram o que era compatível com a compreensão atual do homem terreno.
            Mas, o homem não cessa de desenvolver a sua faculdade compreensiva, e os principais fundamentos da Revelação Espírita, compreendidos nas obras fundamentais de Allan Kardec, tendem constantemente a se alargar em extensão e compreensão, como ele mesmo veio alargar os princípios fundamentais do ensino ou Revelação messiânica, tal como esta veio alargar os da Revelação moisaica.
            A Allan Kardec sobrevivem outros missionários da verdade eterna que, sem destruir a obra feita, porque esta é firmada na lei e a lei é imutável, darão mais luz para mais largo conhecimento das faces mais obscuras daquela verdade.
            Eis aí que já apareceu Roustaing, o mais moderno missionário da lei, que em muitos pontos vai além de Allan Kardec, porque é inspirado como este, mas teve por missão dizer o que este não o podia, em razão do atraso da humanidade.
            Não divergem no que é essencial, mas sim nos modos de compreender a verdade, porque esta, sendo absoluta, nos aparece sob mil fases relativas ao nosso grau de adiantamento intelectual e moral, que um não pode dispensar o outro, como as asas de um pássaro não se podem dispensar, para o fim de ele se elevar às alturas.
            Roustaing confirma o que ensina Allan Kardec, porém adianta mais que este, pela razão que já foi exposta acima.
            É, pois, um livro precioso e sagrado o de Roustaing; mas o autor, não possuindo, como homem, a vantagem que faz sobressair o trabalho de Kardec, na clareza e concisão, torna-o bem pouco acessível às inteligências de certo grau para baixo.
            Seria obra de meritório valor dar à sua exposição de princípios relevantíssimos a concisão e a clareza que sobram no mestre e que lhe faltam sensivelmente.”

Lida a palavra de Bezerra, fomos à fonte - A Revue Spirite de Junho de 1866 - de onde retiramos alguns trechos escritos por Kardec,  para melhor entender a posição do próprio Codificador:
           
            Até nova ordem não daremos às suas teorias nem aprovação nem desaprovação, deixando ao tempo o trabalho de as sancionar ou as contraditar. Convém pois, considerar essas explicações como opiniões pessoais dos Espíritos que as formularam, opiniões que podem ser justas ou falsas e que, em todo o caso, necessitam da sanção do controle universal, e, até mais ampla confirmação, não poderiam ser consideradas como partes integrantes da doutrina espírita...”
            “...o livro do Sr. Roustaing não se afasta dos princípios do livro dos Espíritos e do dos Médiuns.”
            “ Sem a prejulgar (a obra de Roustaing), dizemos que já foram feitas objeções sérias a essa teoria e que, em nossa opinião, os fatos podem perfeitamente ser explicados sem sair das condições de humanidade corporal.”
           
            Divaldo Franco assim se expressou sobre Roustaing, em 6.10.1969, em palestra proferida no G E Fabiano, RJ:
            Durante muitos anos eu não entendia. Eu  fui a Roustaing, que é a minha fonte inexaurível de estudo evangélico! Há quase 20 anos que eu leio João Batista Roustaing, meditando na sua palavrazinha, nas belas informações da Sra. Collignon, provindas da Espiritualidade. Mas é de uma interpretação maravilhosa”. Também consta do Reformador de Jan 1970.

            Cabe perguntar agora sobre o que escreveu Roustaing para gerar tanta surpresa aos espíritos menos compreensivos. Para tanto, reproduzimos trechos do prefácio de Adeptos de Roustaing”, por Luciano de Anjos, prefácio assinado por Gilberto Perez Cardoso:
            “Para os que ‘ignoram’ a obra, é interessante que se chame a atenção para aspectos que julgamos marcantes no trabalho de Roustaing:
         A interpretação, lógica e concordância com a revelação espírita, dos evangelhos segundo Mateus, Lucas, Marcos e João. Os extraordinários fenômenos que cercaram o nascimento, vida e morte de Jesus são esclarecidos com base em leis magnéticas, de atração e repulsão de fluidos ou energias e destacando a intervenção mediúnica que é notável em diversos trechos.
         A famosa questão da ‘queda espiritual’. Em “Os Quatro Evangelhos”       encontramos o motivo da encarnação e das dores e sofrimentos experimentados pelas criaturas encarnadas... Sem a ‘teoria da queda’ fica-se a duvidar da Bondade e Justiça Divinas que obrigariam a um ser, sem culpa, iniciar uma evolução a partir de dificuldades e sofrimentos não merecidos...
         O problema do chamado corpo ‘fluídico’ de Jesus... O termo fluídico adjetivando o corpo do Cristo, empregado pelos Espíritos e citado por Roustaing em toda a Obra, significa que o mesmo foi formado por aglutinação de fluidos retirados da Natureza.”

São adeptos de Roustaing, dentre muitos outros: Bezerra, Augusto Elias da Silva, Ewerton Quadros, Bittencourt Sampaio, Joaquim Travassos, Fred Fígner, Manuel Quintão, Vinícius, Pedro Richard, Frederico Jr., Guillon Ribeiro,  Yvonne Pereira, Antônio Wantuil, etc.

“Jean-Baptiste Roustaing, filho de François Roustaing (vendedor) e Marguerite Robert, nasceu em Bordeaux, Gironde, em 1806, numa casa humilde da Ponte de São João nº 1. De 1823 a 1826, residiu em Toulouse, onde lecionou Literatura, Ciência e Filosofia. Com os proventos das aulas, custeou seus estudos de Direito. Estagiou em Paris, de 1826 a 1829, ingressando na advocacia provavelmente no ano seguinte. Fixou-se, mais tarde, em sua terra natal, integrando o Conselho da Ordem dos Advogados, de 13.8.1847 a 2.8.1855. Nesse período, a partir de  11.8.1848,  exerceu  o  cargo  de   bastonário (presidente), durante o ano judiciário 48/49. Tinha então 42 anos. E, a partir de 10.8.1852, o cargo de secretário do Conselho pata o ano judiciário 52/53. Adoeceu gravemente em 1858, restabelecendo-se apenas em 1861, quando voltou a advogar. Em dezembro deste ano, conheceu a médium mecânica Emilie Collignon, que lhe transmitiu mensagem dos evangelistas e de Moisés sobre a sua missão. Tem início a recepção de “Os quatro Evangelhos”, terminada em maio de 1865. No ano seguinte a obra é lançada e aplaudida por Allan Kardec. J.-B. era viúvo de Elizabeth Roustaing, conhecida por Jenny. Tinha um irmão mais velho chamado Joseph e um sobrinho do mesmo nome. Desencarnou às 10 horas do dia 2 de janeiro de 1879, na Rue Saint-Simont nº17, com 73 anos, prometendo: “Voltarei.” 

            Impossível falar de Roustaing sem uma referência muito elogiosa à médium que o acompanhou em seus trabalhos. Assim, a mesma fonte - Luciano dos Anjos - nos escreve sobre a Sra. Collignon:

            “Nascida Emilie Bréard, passou a chamar-se Emilie Collignon após seu casamento com o capitalista Ch. (provavelmente Charles) Collignon. O casal já era espírita, pelo menos a partir de Janeiro de 1862, quando frequentava a residência do Sr. Sabô, na Rue Barennes n 13, em Bordeux, onde se realizavam as sessões pioneiras de Espiritismo, naquela cidade. O Sr. Sabô era conhecido de Allan Kardec, a quem recomendou que Roustaing procurasse, quando este iniciou seus estudos espíritas. A mãe de Emilie era, porém, muito católica. A partir daquele ano de 1862, Allan Kardec iniciou a divulgação de uma série de mensagens recebidas por Emilie Collignon, nas páginas da “Revue Spirite”, endossando-lhes o conteúdo doutrinário. E escreveu grandes elogios, em suas páginas, a pelo menos cinco brochuras editadas pela médium.
            Emilie Collignon desenvolveu expressiva atividade no campo da filantropia, tendo conhecido o advogado J.-B. Roustaing em sua residência, no mês de dezembro de 1861, quando este foi apreciar ali um quadro recebido mediunicamente. Ela era médium mecânica, ignorando muitas vezes  o teor do que recebia  da espiritualidade. Em maio de 1865, terminou a psicografia de “Os 4 Evangelhos”, lançados no ano seguinte. Foi a mãe de um dos mais simpáticos prefeitos de Paris. Desencarnou no dia 25.12.1902, em Quimper, sede do Departamento de Finister, na região da Bretanha, França.”







Um comentário:

  1. Enfim, um blog com uma opinião sincera, fundamentada, elogiosa e correta a respeito do grande missionário da fé: JEAN BAPTISTE ROUSTAING! Parabéns!

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