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quarta-feira, 15 de junho de 2011

César foi advertido...


César foi Advertido...

Mozart Monteiro
Reformador (FEB)  Abril 1960

- As profecias na História antiga -  As pirâmides
e os papiros egípcios - O Oráculo de Delfos
e a Batalha de Salamina - O estranho sonho de
 Calpúrnia e o assassínio de César -

            Quer na Antigüidade Oriental quer na Antigüidade Clássica, há profecias históricas. Estas já se faziam em remotos tempos da civilização egípcia, a mais antiga do mundo. A Grande Pirâmide, ou pirâmide de Kheops, foi construída por volta de 2700 anos antes de nossa era. É talvez o monumento mais estudado da Terra, sob todos os pontos de vista, inclusive o científico e o religioso. Diz Davidson que ela é ‘a expressão geométrica da Revelação Divina’; e o sábio norte-americano Henry Mitchell observa que ela foi colocada no ponto central da massa global terrestre, sob uma forma geométrica sólida, ‘com o fim de entregar à Humanidade, através do séculos, uma mensagem não apenas científica, mas também profética’. É um livro de pedra, com medidas simbólicas, correspondentes a futuras datas históricas. Entre as datas proféticas que se encontram na Grande Pirâmide, figuram a do nascimento e da crucificação de Jesus. A última data profética é do ano 2001 da Era Cristã e assinala o início da nova era da História Humana.
            No Museu Britânico existe um papiro egípcio, de 1843 antes do Cristo, no qual já se profetizava o nascimento de Jesus e o advento do Cristianismo.

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            Na Grécia, na Ásia Menor e na Itália, durante a Antigüidade Clássica havia muitos oráculos. Eram lugares sagrados, onde os deuses respondiam às consultas dos crentes, sobre o futuro - em geral sobre o futuro próximo. Contavam-se mais de duzentos oráculos no mundo helênico. O mais famoso era o de Delfos, na Grécia, onde uma sacerdotisa, denominada Pythia, assistida de sacerdotes, fazia predições, em nome de Apolo. Os espartanos tinham tanta confiança nesse oráculo, que não empreendiam expedição alguma sem antes o consultarem. Como isso fosse imitado pelos outros povos gregos, Delfos tornou-se oráculo nacional. Os historiadores atribuem a vitória de Atenas sobre os persas, na batalha naval de Salamina, a uma predição do oráculo de Delfos, interpretado e seguido por Temístocles, o grande vencedor dessa batalha. As respostas dos oráculos eram, muitas vezes, em versos. Desde então, no correr dos séculos, tem havido profecias em versos, sendo as mais célebres as de Nostradamus - que, aliás, também vaticinou em prosa.

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            Em Roma, os áugures e os arúspices eram sacerdotes que tiravam presságios do vôo, do canto e das entranhas das aves, bem como do apetite dos frangos sagrados. Nada importante se fazia em Roma, sem essa consulta. Faziam-na até os generais, antes das batalhas, e até os magistrados antes das sentenças. O princípio religioso era este: - os deuses conhecem o futuro e, mediante sinais, permitem que o homem o preveja. A República tinha seis áugures, incumbidos de predizer o futuro. A República - isto é, o Estado - tinha frangos sagrados, assistidos por padres. Nenhum ato público, inclusive eleição, se realizava sem prévia consulta religiosa ao vôo dos pássaros. O Estado republicano guardava cuidadosamente os livros sibilinos, que eram coleção de profecias.

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            A sibila, entre os romanos, assemelhava-se à pítia de Delfos. A mais famosa foi a sibila de Cumes. Conta-se que ela vendeu a Tarquínio, o antigo, livros que prediziam todo o futuro de Roma - os chamados livros sibilinos. Aquele príncipe os depositou no Capitólio, confiando-lhes a guarda a dois sacerdotes, e, depois, a quinze. Nos momentos importantes, consultavam-se esses livros.
            Com o título de ‘Oráculos Sibilinos’, existe uma coleção de versos gregos, na qual são preditos não só os destinos de Roma como também os principais acontecimentos da vida do Cristo. Estas profecias sibilinas, sobre Jesus, são interpretadas por autores cristãos.

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            Ao tratar da morte de César, observa Plutarco que é muito mais fácil prever o destino que evitá-lo. O fim trágico do conquistador das Gálias - acentua o biógrafo - foi anunciado por presságios e prodígios impressionantes. E cita esses fenômenos, inclusive o de pássaros solitários que se foram colocar, em pleno dia, na praça de Roma. E lembra que Estrabão, o filósofo de seita dos estóicos, assinalou também outros presságios da tragédia que se aproximava. Salienta Plutarco que, num sacrifício que César então ofereceu, não se encontrou o coração da vítima - fato espantoso, por não existir, nos sacrifícios, animal sem coração. Ainda no tempo de Plutarco, contava-se que um adivinho (que, segundo Suetônio, se chamava Spurina) advertiu a César de que este estava ameaçado de grande perigo, nos idos de março, isto é, no dia 15, e que César, encontrando-se depois com esse adivinho, o saudou com esta pilhéria:
            - E então, já chegaram os idos de Março!...
            - Sim - respondeu-lhe, baixinho, o profeta -, eles vieram; mas ainda não passaram...
            Naquela noite, César e sua mulher, Calpúrnia, estavam dormindo, quando, de repente, as portas e janelas do aposento se abriram, sem se saber como, nem porquê. César levantou-se em sobressalto, pelo ruído que ouvira e pelo clarão da Lua, penetrando no quarto. E então viu Calpúrnia, mergulhada em sono, mas soltando gemidos e palavras confusas. A impressão de César era que a esposa o pranteava, tendo-o, morto, nos braços; porque ele fora assassinado.
            Diz Plutarco que, consoante alguns autores, citados por Tito Lívio, Calpúrnia, durante o sono, teve outra visão: a de que o pináculo, que o Senado, como grande homenagem, mandara colocar na cumeeira da casa de César, se quebrara. O certo é que, quando amanheceu, Calpúrnia suplicou ao marido que não fosse naquele dia ao Senado, acrescentando que, se ele não acreditasse no seu sonho, recorresse aos adivinhos, naquele mesmo dia.
            César, que nunca vira sua mulher assim, impressionou-se. Fazendo então diversos sacrifícios, as respostas lhe foram desfavoráveis.  Pensou em não ir ao Senado mas, instado por Décimo Brutus, foi. Ao chegar ali, um grupo de conspiradores o matou, com 23 punhaladas. (Ext. de ‘O Globo’, 18-2-59.)            

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