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domingo, 5 de junho de 2011

02/03 Pacto Áureo


Unificação
Reformador (FEB)  Novembro 1949

            Os espíritas do ‘Coração do Mundo’, no dia 5 de Outubro de 1949, data a que o nosso colega ‘Mundo Espírita’ muito acertadamente chamou - Dia Áureo da Confraternização -, vibraram de entusiasmo pelo grande acontecimento da Unificação, pois que a notícia foi levada celeremente a todos os recantos da Pátria, através de telegramas, de rádios, de cabogramas e de telefonemas interurbanos.
            Com um entusiasmo nunca dantes verificado em nossos meios, os abraços se sucediam, enquanto de muitos olhos a alegria se manifestava cristalina e bela, através de pérolas liqüefeitas a rolarem, silenciosas, mas vivificadas pelo Espírito, pelas faces dos velhos trabalhadores da Seara.
            ‘Reformador’ não pode registrar os acontecimentos. Seus redatores não se sentem capazes de descrever com palavras precisas, talvez por inexistentes no vocabulário humano, os quadros de verdadeira espiritualidade então presenciados por todos quantos tiveram a grande felicidade de se encontrarem reunidos, na Capital da República.
            Dessa forma, que nos perdoem os nossos leitores e passemos à transcrição do primeiro documento:

Grande Conferência Espírita
realizada no Rio de Janeiro:

            Ata da reunião entre os diretores da Federação Espírita Brasileira e os representantes de várias Federações e Uniões de âmbito estadual: Aos cinco dias do mês de Outubro do ano de mil e novecentos e quarenta e nove (1949), na sede da Federação Espírita Brasileira, à Avenida Passos, nº 30, na cidade do Rio de Janeiro, Capital da República, Brasil, presentes o Sr. Antônio Wantuil de Freitas, presidente da F.E.B., e demais signatários desta, após se dirigirem ao Alto, em prece, suplicando bênçãos para todos os obreiros da Seara Espírita do Brasil, bem como para toda a Humanidade e depois de longo e coordenado estudo do movimento Espírita Nacional, a que pertencem, acordaram em aprovar os seguintes itens, ‘ad referendum’ das Sociedades que representam:
1º)       Cabe aos Espíritas do Brasil porem em prática a exposição contida no livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, de maneira a acelerar a marcha evolutiva do Espiritismo.
2º)       A FEB criará um Conselho Federativo Nacional, permanente, com a finalidade de executar, desenvolver e ampliar os planos da sua atual Organização Federativa.
3º)       Cada Sociedade de âmbito estadual indicará um membro de sua diretoria para fazer parte desse Conselho.
4º)       Se isso não for possível, a Sociedade enviará ao Presidente do Conselho uma lista tríplice de nomes, a fim de que este escolha um desses nomes para membro do Conselho.
5º)       O Conselho será presidido pelo presidente da Federação Espírita Brasileira, o qual nomeará três secretários, tirados do próprio Conselho, que o auxiliarão e substituirão, em seus impedimentos.
6º)       Considerando que desde a sua fundação a F.E.B. se vem batendo pela autonomia do Distrito Federal, conforme se vê em seu órgão - ‘Reformador’ -, fica o Distrito Federal considerado como Estado, em igualdade de condições com os demais Estados do Território Nacional. 
7º)       O presidente da Federação Espírita Brasileira nomeará uma comissão de três juristas espíritas e dois confrades de reconhecida idoneidade para elaborar o Regulamento do Conselho Federativo Nacional e propor as modificações que se tornarem necessárias nos atuais Estatutos da Federação Espírita Brasileira.
8º)       No caso de haver mais de uma sociedade de âmbito estadual em algum Estado, tudo se fará para que se reunam entorno de uma terceira, cuja presidência será exercida em rodízio e automaticamente pelo presidente de cada uma delas, substituídos que serão, anualmente, no dia 1º de Janeiro de cada ano.
9º)       Anualmente, em sua primeira reunião do mês de agosto, o Conselho organizará o seu orçamento, o qual, uma vez aprovado pela Diretoria da F.E.B., será entregue ao tesoureiro dessa.
10º)     Caberá à Federação Espírita Brasileira entrar com cinqüenta per cento do que for determinado para o referido orçamento, devendo os restantes cinqüenta per cento  ser distribuídos em cotas iguais entre todas as Sociedades pertencentes ao Conselho.
11º)     Na escrita da F.E.B. o seu tesoureiro deverá criar um título no qual lançará todo o movimento de valores, inclusive de donativos que forem feitos com a facilidade de facilitar os trabalhos do Conselho, quantias essas que, de forma alguma, poderão ser aplicadas senão por deliberação do dito Conselho.
12º)     As sociedade componentes do Conselho Federativo Nacional são completamente independentes. A ação do Conselho só se verificará, aliás, fraternalmente, no caso de alguma Sociedade passar a adotar programa que colida com a doutrina exposta nas obras: : “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos Médiuns”, e isso por ser ele, o Conselho, o orientador do Espiritismo no Brasil.
13º)     Deverá ser organizado um quadro de pregadores espíritas, composto de sócios das Sociedades adesas, os quais, dentro de suas possibilidades, serão escalados para visitar as Associações que ao Conselho dirijam convites para festividades de caráter puramente Espíritas.
14º)     Se possível, será criado, também, um grupo de pregadores experimentados e cultos, com a difícil missão de levar a palavra do Evangelho aos grupos que, ainda mal orientados, ofereçam campo à semeadura cristã.
15º)     Nenhum membro do Conselho poderá dar publicidade a trabalho seu, individual, subscrevendo-o como membro do Conselho Federativo Nacional, salvo se o trabalho for antecipadamente lido e aprovado pelo Conselho.
16º)     Os membros do Conselho são considerados como exercendo cargo de confiança das Sociedades que os indicarem.
17º)     Sempre que possível o Conselho designará um os seus membros para assistir aos trabalhos doutrinários realizados pelas Sociedade.
18º)     Se alguma colidência encontrar,  pedirá ele se convoque a diretoria da Sociedade e, então, confidencialmente, exporá o que deverá ser modificado, de acordo com o plano geral estudado pelo Conselho. E nada mais havendo, eu, Oswaldo Mello, servindo de secretário, escrevi e datilografei, assinando-a juntamente com os componentes da reunião, que decorreu sob a mais viva emoção dos circunstantes. e, para constar, fiz esta, que subscrevo, aos cinco dias do mês e ano referidos.
a) Oswaldo Mello, secretário. Antônio Wantuil de Freitas, presidente da Federação Espírita Brasileira; Arthur Lins de Vasconcellos Lopes, por si e pelo Sr. Aurino Barbosa Souto, presidente da Liga Espírita do Brasil; Francisco Spinelli, pela Comissão Executiva do Congresso Brasileiro de Unificação Espírita e pela Federação Espírita do Rio Grande do Sul; Roberto Pedro Michelena; Felisberto do Amaral Peixoto; Marcírio Cardoso de Oliveira; Jardelino Ramos; Oswaldo Melo, pela Federação Espírita Catarinense; João Ghignone, presidente e Francisco Caitani, membro do Conselho da Federação Espírita do Paraná; Pedro de Camargo - Vinícius e Carlos Jordão da Silva, pela União Social Espírita de S. Paulo; Bady Elias Curi, pela União Espírita Mineira; Noralino de Mello Castro, presidente do Conselho Deliberativo da União Espírita Mineira. Em tempo: Depois de assinado o presente documento, o presidente Wantuil de Freitas, após manifestar o seu regozijo pelo histórico acontecimento com palavras cheias de fé e de esperança nos destinos gloriosos do Brasil Espírita, convidou o confrade Pedro Camargo Vinícius a proferir a prece final, de encerramento dos trabalhos, o que foi feito, fervorosamente, em súplica ardente aos Espíritos Superiores, aos quais rogou  assistência e iluminação para o desenvolvimento rápido dos nossos trabalhos, na semeadura do bem e do amor, em torno do Mestre e Senhor, Eu, Oswaldo Mello, subscrevo e assino, como testemunho da verdade. Oswaldo Mello.

            Nota Confortadora

            Após a prece final proferida pelo confrade Vinícius e quando todos ainda se encontravam em concentração, manifestou-se psicofonicamente o saudoso presidente da F.E.B. Guillon Ribeiro, cujas palavras de aprovação, de fé e de grande amor foram recebidas como um prêmio de Mais Alto, por intermédio daquele companheiro que tão abnegadamente serviu e serve à Causa do Espiritismo Cristão.
            A palavra de Guillon Ribeiro foi recebida mediunicamente pelo Sr. Oswaldo Mello, secretário da Conferência e presidente da Federação Espírita Catarinense.
            Em sua reunião, realizada alguns minutos após o encerramento dos trabalhos acima referidos, o ‘Grupo Ismael’, célula máter da F.E.B., recebeu duas belíssimas comunicações: uma, de início, psicografada, do Espírito de Bittencourt Sampaio, e outra, psicofônica, do Espírito de Ismael.
           
Proclamação
aos Espíritas
Reformador (FEB)  pág. 73  Abril 1950

            O Conselho Federativo Nacional, órgão da Federação Espírita Brasileira, surgido do Pacto Áureo de 5 de Outubro do ano próximo findo, ratificado pelas Entidades Espíritas, representadas pelos seus signatários e aprovado sincera e entusiasticamente por todas as demais Federações, Uniões e Ligas de âmbito estadual, que tiveram a oportunidade de examiná-lo, jubilosamente se dirige aos Espíritas espalhados por todos os quadrantes da nossa amada Pátria, levando-lhes cordial e afetuosa saudação.
        Instalado oficialmente a 1º de Janeiro deste ano, funciona o Conselho normalmente, achando-se empossados e em pleno exercício das respectivas funções os seguintes Conselheiros:

Prof. Ismael Gomes Braga (Rio Grande do Norte)
Dr. José Augusto de Miranda Ludolf  (E. da Paraíba)
Dr. Alcides Neves Ribeiro de Castro (Pernambuco)
Dr. Ubaldo Ramalhete Maia (E. do Espírito Santo)
Dr. Miguel Timponi (Minas Gerais)
Dr. Carlos Imbassahy (E. do Rio de Janeiro)
Farm.º Carlos Jordão da Silva (S. Paulo)
Prof. Arnaldo Claro S. Tiago (Santa Catarina)
Dr. Arthur Lins de Vasconcellos Lopes (Paraná)
Ten. Cel. Severino Antônio da Cunha (Rio Grande do Sul)
Sr. Aurino Souto (Distrito Federal)

            Consciente da grave responsabilidade que assumiu como depositário da confiança com que o honraram as nobres Entidades Espíritas que o compõem, empenha-se abnegadamente na obra de fortalecimento dos laços de solidariedade que as unem, a fim de que possam estabelecer sobre base sólida de compreensão e trabalho o clima da verdadeira e legítima Fraternidade, que é a síntese sublime de amor, ensinada e exemplificada pelo Divino Mestre.
            Tarefa tão nobilitante, é fora de dúvida que não pode ser levada a bom termo somente por um ou alguns grupos espíritas, por mais numerosos e bem orientados que sejam. Carece de apoio de todos os Confrades, sem distinção de raça, nacionalidade e condição social ou econômica, porque as realizações duradouras no campo da Fraternidade têm que ser obra comum, executada à sombra do Evangelho.
            O aperfeiçoamento da coletividade só poderá ser conseguido pela educação íntima do homem no sentido do bem - postulado fundamental do Cristianismo.
            O ambiente da Terra é de inquietação e incerteza. Graves apreensões atormentam e sobressaltam a Humanidade, convencida, hoje, mais que nunca, de que o remédio salvador, para a desordem e o caos em que se abisma, é a renovação espiritual e moral do homem.
            Tal renovação, entretanto, sem embargo de ser a constante preocupação dos povos, vem sendo tentada por processos nem sempre adequados, por facilmente sujeitos a desvirtuasses e desvios.
            Só o Espiritismo, como expressão sublimada do Cristianismo, poderá esclarecer a Humanidade e orientá-la com segurança, no caminho do aperfeiçoamento e da concórdia.
            Meditando sobre a relevância destas verdades, reúnem-se os Espíritas do Brasil, num salutar exemplo de renúncia e sinceridade e transformam em brilhante realidade o Acordo de 5 de Outubro de 1949, criando, sob a égide da Federação Espírita Brasileira, o Conselho Federativo Nacional, cujo objetivo imediato é a Confraternização da Família Espírita Brasileira, como marco inicial da grande jornada da Confraternização Universal.
            Urge, portanto, que todos os Espíritas se unam, sem rivalidades nem competições, em torno da Federação Espírita Brasileira, fazendo-se representar no Conselho Federativo Nacional todas as instituições de âmbito estadual, a fim de que este grande movimento de fraternidade e compreensão, incontestavelmente já vitorioso, possa produzir os magníficos resultados por todos justificadamente esperados e ansiosamente desejados.
            No caso de haver mais de uma sociedade de âmbito estadual em algum Estado, deverão reunir-se sob uma legenda comum, cuja presidência será exercida em rodízio e automaticamente pelo presidente de cada uma delas, de modo que fique inteiramente respeitada a autonomia das sociedades componentes.
            Sem nenhuma cogitação político-partidária, que aberraria dos fins visados, o Conselho Federativo Nacional quer somente congregar os trabalhadores do Bem, para a prática, o estudo, a difusão e a exemplificação do Cristianismo, marchando com humildade e pureza de intenção - característicos dos verdadeiros Espíritas - tendo sempre  em mente que muito será exigido daquele que muito recebeu, e que a cada um será dado segundo as  suas obras, tal como ensinou o Divino Mestre.

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