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domingo, 1 de julho de 2012

Sobre a Natureza do Corpo de Jesus




Sobre a Natureza
do Corpo de Jesus


           
Melindrosa questão se agita no momento,
 Nos Grupos Espíritas:
                                   E tem, como alimento,
A fina compleição do corpo de Jesus,
Que por amor de nós morreu pregado à cruz.
Delicada questão, transcendental, etérea;
Se de fluidos foi feito ou feito de matéria.

De fluidos, querem uns, de matéria, outros querem;
E do "Infinito" a voz a lhes dizer: "Esperem!" .
A luz está na mão de Deus Onipotente;
E de certo virá, mas, progressivamente.
A quem quiser que a noite passe fugidia,
Não chegará mais cedo a doce luz do dia.
Para que pois correr assim, com tanta ânsia?
Mal podeis distinguir um facho na distância,
E quereis ver um astro a quintilhões de léguas!
Dai pois o tempo ao tempo e trabalhai sem tréguas,
Na vinha do Senhor ... na vinha de Jesus ...
Porque o salário, vem; e o pagamento é luz.
Trabalhai com ardor, a praticar o bem,
E lede por enquanto a Obra de Roustaing.

E para que saberdes vós a natureza
Do Corpo de Jesus?
                                   Dizei-o com franqueza.
Que bem vos pode vir da funda conjetura?
Do ser, ou do não ser, viria, porventura,
Alguma utilidade à vossa evolução?
Para ter caridade e amor ao vosso irmão,
Precisais de cuidar de assunto tão profundo?
Vaidade de saber. .. tão própria deste mundo.
             
Se fordes perguntar ao lírio acetinado,
Que Deus mandou nascer à beira de um valado,
Ou dentro do paul. .. em meio ao lamaçal                 
À rosa branca e pura. .. à rosa oriental           
Donde lhes veio a cor imaculada e fina,
A fragrância sublime excelsa e peregrina...
Do seu formoso encanto a doce singeleza,
Bem certa que ouvireis dizer: "Da natureza!
Do azul, harmonioso... azul sereno... etéreo...
E não busqueis saber mais nada do mistério.
Tudo vem a seu tempo: a flor antes do fruto;
Que assim o determina o Célico "Estatuto".

Se fosse igual ao vosso o corpo do Messias,
Assim como julgais em vossas fantasias,
Haveis de então dizer, haveis de então mostrar,
Como foi que se deu o seu ressuscitar,
Se um´alma desprendida e livre que voou,
Jamais pode voltar ao corpo que deixou?

E qual a explicação também que podeis dar,
Do fato deslumbrante, estranho e singular,
Da transfiguração sublime do Tabor,
Onde se ouviu a voz Divina do Senhor?
Ou quando Pedro o viu andando sobre o lago,
Tranquilo, e nas feições um carinhoso afago,
Que foi quando o chamou julgando-se em perigo,
Temendo da borrasca o rígido fustigo?
E ainda ao conseguir no pórtico do Templo,
- Fato de que jamais houvera humano exemplo -
Sumir-se mesmo ali, de modo misterioso,
Por entre o olhar severo, atento e rigoroso,
Da turba que tentava então apedrejá-lo, .
Sem mais o poder ver! ... sem mais poder achá-lo?!

Alguma coisa tem também de singular,
Esse caso estranhado em que deveis pensar,
De tão cedo extinguir-se a vida de Jesus
Errl três horas que esteve, apenas, sobre a cruz;
Um caso sem igual, porque, na maioria,
Só três dias depois a vida se extinguia;
É fato que assombrou romanos e Judeus,
A Escribas e a Caifás, a Pôncio e fariseus.
Disse um dia Jesus: "Buscai, e achareis".
Pois eu também vos digo agora, que busqueis[1].
Em verdade vos digo, e ouça quem quiser:
De todos quantos têm nascido de mulher,
Embora seja imensa, ilimitada a lista,
Nenhum ainda foi maior do que o Batista.
Disse o meigo Jesus[2].  
                                   Ao tempo em que João,
Andando a batizar nas margens do Jordão,
Falando de Jesus, por sua vez dizia :
"Depois de mim virá quem tem maior valia;
Quem é mais poderoso e de quem eu jamais
Serei merecedor - e não julgueis de mais -
E nem digno sequer, ao menos, de abaixado,
Desatar-lhe a correia ou laço do calçado[3].

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Dizei-me agora irmãos, com calma e sem trejeitos:
Qual é a tradução que dais a tais conceitos?

Também o Bom-Pastor assim dissera um dia,
Com voz amena e doce, estranha melodia,
Duma doçura igual aos favos das abelhas,
Falando desse amor que tem pelas ovelhas:
Por isso é que meu Pai me ama; por eu dar
A vida pela ovelha ao vê-la desgarrar.
Ninguém pode tirar-ma: eu mesmo a dou de mim.

Dou-a, para depois a reassumir. Assim,
Eu sei que tenho a força, o dom de a poder dar,
E tenho ao mesmo tempo o dom de a retomar,
Conforme o meu querer, direito que é só meu,
Divino Mandamento que meu Pai me deu.[4]
Dizei-me agora irmãos, olhando para a luz
Se era igual ao vosso, o corpo de Jesus.

 Se vós não ignorais que em mundos superiores
Ao vosso, onde não há as mesmas vossas dores,
Por serem humanidades já evoluídas,
E por essa razão já são constituídas
De matéria mais fina e pouco ponderada,
Ou seja a vossa "A noite" e a outra "um'alvorada"
E se também sabeis que à Terra nunca veio
Espírito mais puro - e crede-o sem receio -
E nem jamais no mundo houvera criatura
De tanta perfeição... de candidez mais pura ...
De tão divina graça... e tão divino encanto,
Dizei-me bons irmãos; dizei-me, no entretanto,
Como admitis, então, que espírito tão belo,
Feito de luz e amor, de célico desvelo,
Viesse lá do azul... das regiões divinas ...
Das camadas do Céu... etéreas... diamantinas ...
Mais próximas de Deus... mais puras... mais sutis,
Vestir um trapo igual ao trapo que vestis?
Seria porventura a dor do Nazareno  
Mais branda que num corpo ao vosso igual, terreno?
Por certo que não foi; e com verdade o digo,
Embora não queirais ainda estar comigo.
Não é no corpo astral, que vibra o padecer,
E as outras sensações de mágoa e de prazer?

Acaso deixará de ser material
O vosso perispírito, o vosso corpo astral,
Embora em quintessência e quase imponderável?
E não tendes também a prova incontestável
De Espíritos, embora em média evolução,
Poderem-se tanger, ferir vossa visão,
Bastando para isso a força de vontade,
Profunda e concentrada, unida à faculdade
De saberem buscar no fluido universal
Dos páramos sem fim, sutil manancial
De energia e vigor, com permissão de Deus,
Os fluidos, para unir aos próprios fluidos seus,
Formando deste modo o precioso "plasma"
E fazerem com ele o corpo do fantasma?
Se já vos veio a luz que vos permite ver,
O que acabais de ouvir, e eu, de vos dizer,
Fatos de que jamais se pode duvidar,
Então porque lutais, irmãos, em aceitar

Que Espíritos de luz, de grande elevação,
Escolhidos por Deus, pr'a virem na Missão
De acompanhar Jesus, possível lhes não fora
Trabalharem também na obra redentora,
Cientes de elementos fluídicos astrais,
Como também das leis de Deus Universais?

E se acaso julgais não serem os meios únicos,
E quiserdes também os fluidos mediúnicos,
Não os teriam pois na Virgem e em José,
Mateus e Barnabé? em Pedro e em João?

Se ao corpo de Jesus não dais a fluidez,
Fazeis do Evangelho um simples entremez.
Depois, que ficam sendo, então, às vossas vistas
O próprio Jesus-Cristo e os quatro Evangelistas?
E, se tais objeções fareis ao Evangelho,
A duvidardes dele e parecer-vos velho,

Não devereis vós crer, nem esperar de Deus,
Que Lucas e João, que Marcos e Mateus,
Para firmar-se a fé e harmonizar os povos,
Venham dar-vos agora uns Evangelhos novos.

Esperem, bons irmãos, a luz que já vem vindo.
A hora chegará. .. as trevas vão fugindo ...
Trabalhai sem cessar na seara do bem,
E não deixeis de ler a Obra de Roustaing.


Antônio Mendes Diniz da Gama
Reformador (FEB) 1927  (pág. 338)



[1] Mat. VII, 7
[2] Mat. XI,11
[3] Mat.III,11 – Marcos I,7 – Lucas III, 16 – João I,27
[4] João X, 15, 17, 18.


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