Coração
do Mundo...
por
Ramiro Gama
in ‘O Bom Pastor’
1956
-Brasil Coração do
Mundo, Pátria do Evangelho-
Se a Grécia e a Roma da antiguidade
tiveram a sua hora, como elementos primordiais das origens de toda a
civilização; se o império português e espanhol se alastrou quase por todo o
planeta; se a França e a Inglaterra tem tido a sua hora proeminente nos tempos
que assinalam as etapas evolutivas do mundo, o Brasil terá também o seu grande
momento no relógio que marca os dias da evolução da humanidade (1); terá sua
expressão imortal na vida do espírito, representando a fonte do pensamento
novo, sem as ideologias de separatividade e inundando todos os campos das
atividades humanas com uma nova luz (2); terá, enfim, em seu seio, o
"Império do Coração", que, na frase feliz de Spencer, salvará o
mundo, porque, com ele, será inaugurado na terra o Reinado da Sabedoria que AMA
e do Amor que SAME.
- Mas, o Brasil será mesmo, um dia,
a Terra da Promissão, o Coração do Mundo e a Pátria do Evangelho? Será, de
fato, em seu meio que nascerá o tão sonhado "IMPÉRIO DO CORAÇÃO”? Quem nos
documentará tão auspiciosa assertiva?
- Algumas citações veladas das
Escrituras; a conformação geográfica do Brasil e a índole pacífica, bondosa e
crente de seu povo e significados símbolos, fatos, e conhecimentos
espiritualizados e decifrados, na hora presente, pelos que tem coração de senti-los
e olhos de vê-los!
E que haveria, no futuro, uma
"Terra da Promissão"; uma "CANAAN", uma "PÁTRIA DE
FARTURA" em cujo ambiente o mel e o leite escorreriam em abundância, isto
é um fato que ninguém contesta, porque está registado nas páginas das
Escrituras, no velho Testamento, e fora promessa solenemente feita por Moisés,
o grande Legislador hebreu, que tanto soube, com sua clarividência guiadora e missionária,
formar os alicerces da humanidade anterior à era cristã, para que o Cristo de
Deus construísse, como construiu, o monumento da Sua Verdade, do Seu Amor, da
Sua Vida!
Essa Terra e essa Pátria, que é o
berço de romagens para detalhadas Tarefas a prol de nosso evolvimento espiritual,
certamente possui as características da sua Alta Missão..
- E quais serão elas, que, de
maneira concludente melhor falem aos sentimentos dos que já possuem o 6º sentido
da graça da Intuição, com que o Amor que ama presenteia os que o buscam,
sincera espontaneamente?!
- São as características do Coração
e da Cruz! - A fonte do Amor e o símbolo
da Fé. E não serão essas as características autênticas da nossa Pátria? -
Observemos o Brasil, e, olhando seu território e seu céu, nos certificaremos
dessa verdade esplendorosa e comovedora: que muito antes do "Tratado de Tordesilhas fixar as balizas
das possessões espanholas, já o Brasil trazia nos seus contornos a formação
geográfica do Coração do
Mundo"; e que muito antes de nascer Aquele que trouxera à Terra o mais
perfeito Código de Felicidade ou o Estatuto do "Império do Coração",
que foi Jesus, também trazia o sinal certo e afirmativo de que seria, além de
"Coração do Mundo", a
"Pátria do Evangelho"!
Não é, pois, uma verdade que até
acima de sua cabeça tem a efígie da Fé a lhe guiar os passos e a lhe conceder o
Cajado do Pastoreio Divino da Boa-Nova: - O CRUZEIRO DO SUL?! '
Humboldt, conta-nos Emmanuel,
citando outros historiadores, visitando o vale do Amazonas, exclamou extasiado:
que ali demorava O CELEIRO DO MUNDO!
Pois, onde se poderá ver maior
fartura nas terras e nos corações das dádivas materiais e espirituais que não
sejam no seio dessa terra e nos corações dessa gente, Brasil e brasileiros?!l
Pois não é aqui que vemos, segundo afirmou Vaz de Caminha, o cronista de
Portugal na época
cabralina, que tudo dá no Brasil, bastando apenas que ao solo joguemos as
sementes sadias e abençoadas do nosso esforço? Pois não é do coração dos seus
habitantes que vemos sair o leite puro da "ternura humana", de
que nos falava Danúsio, e o mel das suas virtudes cristãs,
tão citado pelo nosso grande Ruy Barbosa?!
Por isso mesmo, povoou-se com três
raças melancólicas, virtuosas e humildes. Primeiramente, surgiram os índios,
que eram e são os "simples de coração" (3); em segundo lugar, às suas
praias alvacentas e lindas, chegaram os "sedentos da Justiça Divina"
(4) nas pessoas daqueles 20 degredados, inocentes, criaturas, vítimas do
fanatismo religioso da época, que culminou, mais tarde, na chamada "Noite
de S. Bartolomeu", em França, com a matança em massa de cerca de 80 mil
huguenotes, - degredados portugueses esses enviados às índias, como exilados,
por D. Manoel II, e à frente dos quais estava este abnegado esteio da alma
brasileira: AFONSO RIBEIRO, cuja história de luz e bondade a História omitiu
... Em terceiro lugar, vieram os negros, os escravos, como "expressão dos humildes e dos aflitos, para a formação
coletiva de um povo bem-aventurado por sua
brandura e fraternidade". (5).
E, naqueles dias longínquos de 1500,
na afirmativa inspirada de Humberto de Campos, já então se ouviam no Brasil os ecos
suaves e doces do "Sermão da Montanha", provando-nos que ele, o nosso
País, seria mesmo a “Pátria do Evangelho",
por ter sido berço destinado ao "Coração
do Mundo", porque trazendo o selo desse Coração no perfil da sua
geografia e possuir, na sua formação etnográfica, três raças tristes"
caritativas, simples e religiosas, das quais saíram depois os mais tocantes
gestos de Amor ao próximo, à Pátria e a Deus. Todos
eles, o índio, o português e o negro, concorreram para a estruturação
espiritual da nossa História e das virtudes do nosso povo e do seu amor à
Liberdade, à Beleza, ao Direito e à Religião da Caridade.
E, aos nossos olhos de brasileiros;
passam e nos comovem os vultos inconfundíveis de: - "Ceci e Peri",
tão bem cantados e romanceados pela lira mágica de Gonçalves Dias e a pena
feiticeira de José de Alencar; de Arariboia, o servidor leal; de Mem de Sá, o
herói da Terra Fluminense; de Calabar, o precursor de nossa Independência, e
Vidal de Negreiros, Camarão e Henrique Dias, no "Arraial de Bom Jesus", na "Confederação dos Tamoios", na "Guerra dos Guararapes", onde cada qual escreveu sua página de
bravura e civismo, - o primeiro, contra portugueses, a favor dos holandeses a
bem do Brasil, e os dois últimos, a favor de portugueses contra holandeses, mas
a favor de nossa terra; do grande "Zumbi",
na "Guerra dos Palmares', nos
"Quilombos", em que se
mostra como aquele último “Tapir",
glorificado pela lira de Bilac, digno da sua raça e do seu país de origem; dos
"Bandeirantes" queridos e
sonhadores, plantando bandeiras e civilização por onde passavam; como
Bartolomeu Bueno, o terrível "Anhanguera",
e Fernão Dias Pais Leme, o "Caçador
das Esmeraldas" e das ilusões muito brasileiras, e Frei Caneca, na
"Confederação do Equador",
os quais constituem o DUO heroico dos precursores da nossa República; de
Tiradentes e Bárbara Heliodora, um, o santo mártir
da nossa "Independência", a
outra, o estoicismo feito mulher, padrão de sacrifício feminino com a virtude
rara de saber amar ao seu amado, à sua grande Causa e à sua Pátria; de Barroso,
Osório e Tamandaré, na "Guerra do
Paraguai", como padrões de guerreiros legítimos
que nunca provocaram nem invadiram terras alheias, mas apenas souberam defender
seu torrão e o fizeram de maneira sem igual, dando aos brasileiros um Código de
Defesa, de Civismo e de Bravura; de Caxias, o maior General Brasileiro, o ídolo
de nosso Exército,
o Pacificador do Brasil; de Evaristo da Vieiga, a alma do "FICO"; de
Feijó, o Apóstolo da "Regência";
de José Bonifácio, o Sábio; de Clemente Pereira, o Diplomata, as Vozes mais
autorizadas da nossa INDEPENDÊNCIA"; dos Visconde e Barão do Rio Branco,
pai e filho, figuras radiosas da nossa grandeza territorial e da nossa
emancipação escravagista; de Patrocínio e Nabuco, Castro Alves e Ruy, João
Alfredo e a Princesa Izabel, os autores do "13 de Maio de 1888, sendo que a Princesa Izabel, pela vitória da
liberdade dos negros, sacrificou o próprio trono; de Anchieta, Nóbrega e Vieira,
os construtores da civilização brasileira; e até, finalmente, do vulto
respeitoso e venerando de D. Pedro lI, o Imperador e Sábio, democrata e bom: e
de Sebastião, o grande filho de Narbone, martirizado no tempo de Diocleciano, o
santo Cavaleiro, que lutou pela nossa Causa, ajudou a Terra Carioca na sua fase
construtiva e se tornou, por isso, seu Padroeiro!
Gente boa a brasileira! Pois foram
os brasileiros que, primeiramente, colocaram suas habitações rústicas e
primitivas à disposição do estrangeiro, e onde Diogo Dias dançou, com eles, na
areia, celebrando o primeiro "Banquete
de Fraternidade humana na Terra de Vera Cruz!" (6).
Lembremo-nos, finalmente, que Cabral
foi o instrumento inconsciente de um Recado de Deus, por isto mesmo não,
descobrira essa Terra por ACASO, - não. Mas que tudo se dera por vontade divina
e inspiração do Alto. Na hora apropriada, as Índias são abandonadas em meio da calmaría
Intensa, contam-nos "outros historiadores", e Cabral, cujo
repouso vinha sendo povoado
de sonhos sobrenaturais e nos quais seu espÍrIto vinha sendo trabalhado,
cuidadosamente, para que cumprisse a alta Missão, - em dado momento, cede ao impulso
de uma orientação desconhecida e, com surpresa de seus comandados, descobre o
Brasil no ano de
1500, há 456 anos! E recebe a mais linda das Mensagens como recebera, 8 anos
antes, o vidente de Palos, quando viera descobrir a América, que ele trazia na
mente e no coração, positivando a redondeza da Terra, numa época em que, nem de
leve, se conhecia essa Verdade, como ainda hoje tantos outros sábios ainda não
conhecem a da 3ª Revelação ...
BRASIL!
Levantemos nossos corações,
brasileiros!
Sursum Corda!
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