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domingo, 8 de maio de 2011

13 Joanna de Ângelis


13


Joanna de Ângelis


Lucas (8,2) - Os doze estavam com Ele, como também algumas mulheres...

            Reproduzimos trechos extraídos de “Boa Nova” (FEB), de Humberto de Campos por Chico Xavier e  de  “A Veneranda  Joanna de Ângelis”  por Divaldo Franco e Celeste Santos:

Joana de Cusa...
            Entre a multidão que invariavelmente acompanhava a  Jesus nas pregações do lago, achava-se sempre uma mulher de rara dedicação e nobre caráter, das mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum. Tratava-se de  Joana, consorte de Cusa, intendente de Ântipas, na cidade onde se conjugavam interesses vitais de comerciantes e de pescadores.
Joana possuía verdadeira fé; contudo não conseguiu forrar-se às amarguras domésticas, porque seu companheiro de lutas não aceitava as claridades do Evangelho. Considerando seus dissabores íntimos, a nobre dama procurou o Messias, numa ocasião em que Ele descansava em casa de Simão, e lhe expôs a longa série de suas contrariedades e padecimentos. Alto funcionário de Herodes, em perene contato com os representantes do Império, repartia as preferências religiosas, ora com os interesses da comunidades judaica, ora com os deuses romanos, o que lhe permitia viver em tranqüilidade fácil e rendosa. Joana confessou ao Mestre os seus temores, suas lutas e desgostos no ambiente doméstico, expondo suas amarguras em face das divergências religiosas existentes entre ela e o companheiro.
            Após ouvir-lhe a longa exposição, Jesus lhe ponderou:
            “-Joana, só há um Deus, que é o nosso Pai, e só  existe uma fé para as nossas relações com o seu amor. Certas manifestações religiosas, no mundo, muitas vezes não passam de vícios populares nos hábitos exteriores. Todos os templos da terra são de pedra; eu venho, em nome de Deus, abrir o templo de fé viva no coração dos homens. Entre o sincero discípulo do Evangelho e os erros milenários do mundo, começa a travar-se o combate sem sangue da redenção espiritual. Agradece ao Pai o haver-te julgado digna de um bom trabalho, desde agora. Teu esposo não te compreende a alma sensível? Compreender-te-á um dia. É leviano e indiferente? Ama-o, mesmo assim. Não te acharias ligada a ele se não houvesse para isso razão justa. Servindo-o com amorosa dedicação, estarás cumprindo a vontade de Deus. Falas-me de teus receios e de tuas dúvidas. Deves, pelo Evangelho, amá-lo ainda mais. Os sãos não precisam de médico. Além disso, não poderemos colher uvas nos abrolhos, mas podemos amanhar o solo que produziu cardos envenenados, a fim de cultivarmos nele mesmo a videira maravilhosa do amor e da vida.”
            Joana deixava entrever no brilho suave dos olhos a íntima satisfação que aqueles esclarecimentos lhe causavam; mas, patenteando todo o seu estado d’alma, interrogou: 
            -Mestre, vossa palavra me alivia  o espírito atormentado; entretanto, sinto dificuldade extrema para um entendimento recíproco no ambiente do meu lar. Não julgais acertado que lute para impor os vossos princípios? Agindo assim, não estarei reformando o meu esposo para o céu e para o vosso reino?”
            O Cristo sorriu serenamente e retrucou:
            “-Quem sentirá mais dificuldade em estender as mãos fraternas, será o que atingiu as margens seguras do conhecimento com o Pai, ou aquele que ainda se debate entre as ondas da ignorância ou da desolação, da inconstância ou da indolência do espírito? Quanto à imposição das idéias - continuou Jesus, acentuando a importância de suas palavras - por que motivo Deus não impõe a sua verdade e o seu amor aos tiranos da Terra? Por que não fulmina com um raio o conquistador desalmado que espalha a miséria e a destruição, com as forças sinistras da guerra?
            A sabedoria celeste não extermina as paixões: transforma-as. Aquele que semeou o mundo de cadáveres desperta, às vezes, para Deus, apenas com uma lágrima. O Pai não impõe a reforma a seus filhos: esclarece-os no momento oportuno.
            Joana, o apostolado do Evangelho é o de colaboração com o céu, nos grandes princípios da redenção.
            Sê fiel a Deus, amando o teu companheiro do mundo, como se fora teu filho. Não percas tempo em discutir o que não seja razoável. Deus não trava contendas com as suas criaturas e trabalha em silêncio, por toda a Criação. Vai!... Esforça-te também no silêncio e , quando convocada ao esclarecimento, fala o verbo doce ou enérgico da salvação, segundo as circunstâncias!
            Volta ao lar e ama o teu companheiro como o material divino que o céu colocou em tuas mãos para que talhes uma obra de vida, sabedoria e amor!...”
            Joana de Cusa experimentava um brando alívio no coração. Enviando a  Jesus um olhar de carinhoso agradecimento, ainda lhe ouviu as últimas palavras:
            “-Vai, filha !...  Sê fiel!”


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