‘Concordatas’
Reformador (FEB) Dezembro 1953
Longe de nós qualquer apoio às perseguições que a Igreja diz estar sofrendo em certos países europeus, talvez em consequência dos abusos, por ela praticados, em todos aqueles países, quando seus governantes, deles e dela, viviam de mãos dadas, desfrutando as ‘delícias da vida’, enquanto ao povo, oprimido, só concediam o direito de trabalhar, sofrer e calar.
Lendo o ‘Jornal de Commercio’, de 14 de Novembro de 1953, lá encontramos, à página 2, logo na primeira coluna, um resumo da última concordata celebrada entre o governo espanhol e o Vaticano.
Não desejamos comentá-la. Registraremos, apenas, alguns dos seus itens, para que, no futuro, ao estourar uma reação libertadora contra a opressão atual, todos saibam ser ela a resultante dessas concordatas políticas. Eis, pois, o registro:
- A Igreja recebe uma subvenção anual do governo espanhol.
- Todas as terras, edifícios, tipografias e tesouros (sic) da Igreja estão isentos de impostos.
- Os padres não poderão ser julgados pelos tribunais sem o consentimento da Santa Sé.
- Antes de julgar um sacerdote, sob acusações criminais, o magistrado deve obter consentimento da autoridade religiosa.
- Os julgamentos de religiosos devem ser realizados com precauções que evitem a publicidade.
- As sentenças serão cumpridas em conventos e não em prisões do Estado.
- A polícia não poderá entrar nas igrejas, capelas ou cemitérios.
- Só a Igreja poderá anular casamentos e deliberar sobre separação de corpos.
- O ensino religioso, católico, será obrigatório, por professores aprovados pela Igreja.
- As cerimônias e manifestações religiosas, fora dos lares, são reservadas ao culto católico.
Agora, as duas ‘generosidades’ da Concordata:
- Os filhos de pais não católicos poderão, a pedido destes, deixar de frequentar as aulas de religião.
- Ninguém será molestado por suas crenças religiosas ou pelas práticas, em particular, de seu culto.
Finalmente, um comentário do ‘Jornal do Commercio’:
“As vantagens obtidas por Franco, em virtude da assinatura da Concordata, incluem o fortalecimento do seu prestígio ante os seus inimigos.” I. Pequeno
..................................
Do Blogueiro: Talvez um de nossos leitores da Espanha possa comentar o que mudou nesses últimos 60 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário