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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Quantas bençãos dela vem...



Quantas bênçãos dela vêm!

Não cultives aversões;
Nada disso te faz bem;
Faze uma prece e observa
Quantas bênçãos dela vêm!

Não guardes no coração
Qualquer mágoa por ninguém;
A oração é sempre luz:
Quantas bênçãos dela vêm!

Ante os percalços da estrada
E as dores que sobrevêm,
Fala, pois, com Deus na prece:
Quantas bênçãos dela vêm!

Perante qualquer problema
Que nas sombras te retém,
Recorre à oração e aguarda
Quantas bênçãos dela vêm!

Se a descrença das pessoas
Atingiu a ti também,
Pela prece tudo muda:
Quantas bênçãos dela vêm!

Deus ouve nossos clamores,
Não menospreza ninguém.
Que valor tem uma prece:
Quantas bênçãos dela vêm!

Casimiro Cunha

in: “Semeadores da Verdade”
Espíritos Diversos
Psicografia de Alaor Borges Jr.
Editora Espírita Paulo e Estevão - 1998


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A Existência do Inferno

Domingos de Gusmão queima livros dos Cátaros

A existência do Inferno
Lincóia Araucano (Ismael Gomes Braga)
Reformador ((FEB) Novembro 1947

            Absolutamente nada teríamos nós que ver com o ardoroso livro do Padre Paschoal Lacroix - A Existência do Inferno Provada de Pleno Acordo com a Sã Razão - no qual defende S. Revma. a sua fé robusta num Deus irado que condena a quase totalidade dos seus filhos às fogueiras eternas. A questão interessaria somente aos católicos romanos e passaríamos por ela com o devido respeito que nos merecem todas as convicções humanas; mas a páginas tantas, ou, mais precisamente, à página 144, S. Revma. escreve esta epígrafe: Contra o Espiritismo, e passa a combater a doutrina reencarnacionista e refutar o Espiritismo. Aí já nos parece de nosso dever pedir a palavra, com o devido respeito, para examinarmos os argumentos do Autor.

             Dogmatiza S. Revma.:

             "A morte é o último limite do prazo concedido para operar a salvação".

            Examinemos esta proposição. O homem morre em todas as idades; com alguns minutos, algumas horas, alguns dias, anos, decênios ou em plena velhice. Uma criatura a quem Deus só concedeu 10 anos de vida, só viveu infantilmente, brincando, sem pensar em coisa alguma séria. Mui pouco provável que tenha feito algo digno da bem-aventurança eterna. Admitamos mesmo que só tenha feito mal. Seu discernimento ainda é insuficiente para a pena severíssima de uma condenação eterna. Seria justo que outro receba oitenta anos para preparar a sua salvação e este só dez anos, dos quais sete foram passados sem responsabilidade, segundo a Doutrina da Igreja, e só três teve ele para se aparelhar à vida eterna? O Autor é terminante:

              "Conforme a morte achar cada um, justo ou pecador, amigo ou inimigo de Deus, assim será a sua eterna sorte, ou de bem-aventurado no céu, ou de réprobo no inferno".

            O infeliz que nasceu e viveu num meio ignorante, sem mestre de religião, nos remotos sertões, morre sem saber distinguir entre o bem e o mal, praticando o mal por ignorância, mas estará irremediavelmente condenado ao fogo eterno.

            S. Revma. entra a atacar violentamente a doutrina reencarnacionista que permitiria a esse infeliz salvar-se por meio de outras existências. A reencarnação é burla do demônio para lançar os homens no inferno, assegura-nos S. Revma. Cita o caso de uma menina que ele mesmo conhecera e que antes de completar quatro anos já sabia ler perfeitamente, escrever, fazer contas, mas isso nada tem que ver com reencarnação. A menina sabia, porque o pai ensinou. O Autor mesmo nos diz:

           "Fazemos exceção da doutrina budista, relativamente recente, (1) da transmigração das almas e das provações infindas, todos os povos do mundo fazem começar na morte a lei inexorável da justiça como castigo sem fim. Contra esta opinião universal os espíritas sustentam a reencarnação e a continuação das provações e expiações após a morte..."

            (1) Quinhentos anos mais antiga e muito mais divulgada do que o Cristianismo.

            Não é exato que o budismo seja a única religião reencarnacionista: também o bramanismo o é e, portanto, essa doutrina é mais velha e muito mais numerosa do que a Católica Romana. Não é exato, também, que todos os povos do mundo creiam em penas depois da morte, porque os materialistas, desde os saduceus do tempo de Jesus até os positivistas do século vinte, não creem na sobrevivência da alma.

            Leiamos os argumentos contra a reencarnação e as expiações depois da morte:

           "Não há dúvida de que Deus teria podido prolongar para a alma separada do corpo o tempo de merecimento, porém, de fato não o fez. Sabemos isso com absoluta certeza pela revelação".

            Examinemos, pois, a revelação nos Livros Sagrados da Igreja...

            No Velho Testamento encontramos logo o Decálogo (Êxodo, XX, 5. e 6): ...sou Deus zeloso, que puno a iniquidade dos pais nos filhos, na terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem ...  "Não pune nos mesmos, nem nos seus filhos e netos, mas na terceira e quarta geração (in tertiam et quartam generationem), porque só então os culpados já se reencarnaram e recebem as consequências de seus pecados.

            Passando ao Evangelho, vemos Jesus interrogando os seus discípulos: "Quem dizem que eu sou" e eles respondendo: "Dizem uns que és João Batista; outros, que Elias; outros, que Jeremias ou algum dos profetas". (Mat. 16:13 e 14).

            Não é evidente que Jesus sabia que o povo o tomaria pela reencarnação de um grande vulto do passado e o mesmo pensavam os discípulos?

            Mais adiante, Jesus declara que João Batista é Elias reencarnado (Mat. 17: 10 a 13). Depois Jesus diz a Nicodemos que para entrar no céu é preciso nascer de novo (Jo. 3:1 a 12). Jesus ensina a doutrina reencarnacionista com toda a clareza quando diz que João Batista, filho de Zacarias e Isabel, cujos pais todos conheciam, e viram-no desde a infância, era a reencarnação do Profeta Elias: "Pois todos os profetas e a lei até João profetizaram; e se quereis recebê-lo, ele mesmo é Elias que há de vir. O que tem ouvidos ouça"... (Mateus, 11:13 a 15). .

            A doutrina reencarnacionista está solidamente apoiada na Revelação cristã, mas está também revelada no bramanismo, mil anos antes de Gautama Buda, confirmada por ele, fundador do Budismo, quinhentos anos antes do Cristo: Quanto ao número de crentes, o dogma reencarnacionista tem o dobro dos crentes que tem o dogma do inferno eterno: mas não é só Sócrates e outros grandes filósofos ensinaram essa doutrina; a sã razão faz dela pedra angular da Justiça Divina. Só ela explica a evolução universal e é necessária, portanto, à filosofia científica como solução do problema da evolução dos seres vivos, mais notadamente do homem.

            O Espiritismo não a inventou, não a criou, não a descobriu, somente deu-lhe novo impulso no Ocidente e com isso vai evitando o domínio do materialismo ateu a que conduzem os dogmas absurdos, ilógicos, blasfemos que reclamam fé cega num Deus que o fanatismo religioso transformou em monstro odioso que criaria bilhões de seres nas trevas primitivas, privados de todos os meios de se salvarem, para serem condenados irremissivelmente por toda a eternidade. Com a doutrina da existência única que pode ser até de alguns minutos, como já dissemos, seguida da condenação eterna, ficariam sem explicação numerosos fatos naturais: gerações sem conto que viveram e vivem fora da civilização cristã; desigualdade de ideias morais e intelectuais inatas; povos bárbaros e primitivos que existiram e existem criados por Deus e sem a mínima possibilidade de salvarem-se.

            A doutrina do inferno eterno é tão ilógica, tão repugnante, que engendra o ateísmo materialista e afasta a humanidade ocidental da religião. As Igrejas que ensinam tal doutrina, assumem uma responsabilidade tremenda perante Deus e a humanidade. Felizmente, é um dogma em plena decadência, pertence aos séculos tenebrosos. Quem no lo informa é o mesmo Padre Lacroix nas págs. 77 e 78 do seu livro. Leiamos:

         "O professor George H. Beets, da Northwestern University, de Chicago, acaba de publicar um livro interessante, referindo nele o resultado de um inquérito sobre o estado doutrinal das principais seitas protestantes da América  do Norte. Reuniu em seu volume as respostas de 500 ministros protestantes de credos diferentes e de 200 estudantes de teologia a um questionário de 56 quesitos sobre pontos essenciais da doutrina cristã. Todos concordam apenas na existência de Deus. Quanto à existência do inferno 53 ministros e só 11 estudantes de teologia aceitaram a possibilidade de haver tal local de punição".

            Reduzamos isso a percentagem: 10,6 % dos ministros creem no inferno, portanto, 89,4 % não creem. Dos estudantes de teologia, 94,5 negam o inferno e somente, 5,5 % creem nele. Logo, o inferno perde por 636 votos contra apenas 64 a favor, ou sejam 91 % contra e 9 % a favor. Se os dogmas se aprovam ou reprovam por votação, nos Concílios, já é tempo de proclamarem as Igrejas protestantes que Deus é todo amor e encontra sempre em sua infinita misericórdia os meios de salvar seus filhos. Para isso dispõe Ele de saber e poder infinitos e da eternidade inteira. Os dogmas da unicidade da existência e do inferno eterno seriam a falência do Criador: teria Ele falhado completamente na criação, porque teria criado uma humanidade incapaz de salvar-se, pecadora, ignorante, indigna de seu Criador: e como a árvore se conhece pelo fruto, Deus seria uma árvore má, porque seus frutos seriam esta humanidade tão longe de qualquer perfeição. Tal caricatura de Deus fez o poeta dizer:

            "Depois o Criador (honra lhe seja feita!)
            Achou a sua obra uma obra imperfeita,
            Mundo sarrafaçal (que trabalha mal no seu ofício), globo de fancaria (trabalho grosseiro, coisa malfeita).,
           Que nem um aprendiz de Deus assinaria... "

            A luz da verdade, da doutrina reencarnacionista, tudo se esclarece e enaltece ao Infinito a Divindade: A Terra não é senão pequena parte do Universo, penitenciária provisória para onde são mandados os Espíritos rebeldes que perturbavam a harmonia de mundos mais adiantados. Os maus da Terra são degredados, estão cumprindo pena entre povos espiritualmente primitivos e rudes. Estes, primitivos e rudes, são crianças espirituais, filhos da Terra e progridem intelectualmente com o auxílio dos condenados que são grandes inteligências desprovidas de moral. Deus sabe salvar a todos: os maus, que são desterrados para mundos inferiores, cumprem missões de progresso material e intelectual em suas
penitenciárias, ajudando os Espíritos jovens a desenvolver a inteligência e melhorar a situação de habitabilidade de seu mundo.

            Além dos primitivos habitantes da Terra e dos culpados que aqui estão cumprindo penas, ainda Deus nos envia grandes Missionários, Espíritos de elevação moral e intelectual que nos vêm guiar rumo à felicidade eterna.

            A Terra é habitada por três categorias de seres humanos: 1º - seus próprios filhos, crianças espirituais, formam os povos primitivos, os selvícolas que ainda não são bons nem maus, que são simbolizados por Adão e Eva no Éden, antes de haverem comido o fruto da árvore da ciência do bem e do mal; 2º - os rebeldes que só progrediram em inteligência e não merecem ainda habitar mundos melhores; para estes a Terra é um mundo inferior, ou inferno, mas não eterno, porque eles progredirão e sairão d'aqui; 3º - os raros Espíritos realmente superiores, em missão, que aqui se chamam Vicente de Paulo, Francisco de Assis, Thomas Edison, Allan Kardec, Zamenhof e outros.

            Logo, não conhecemos a humanidade inteira, mas somente uma pequena fração e esta mesma ainda em formação, caminhando para a perfeição que terá fatalmente de alcançar um dia. A obra de Deus é um poema grandioso que nos enleva à adoração; ao ensejo de servi-Lo por amor, respeito, admiração, mas não pelo pavor do Inferno, pelo terror de um monstro cruel que nos imporia violentamente que o amássemos e servíssemos para não sermos lançados às chamas eternas. Reclamaria todo amor, mas só inspiraria todo o ódio, por nos haver criado incapazes de nos salvarmos, nos expor à tentação de demônios infinitamente mais inteligentes do que nós e só haver dado a um número insignificante de seus filhos os recursos necessários à salvação, numa desigualdade irritante e odiosa. Tal monstro só poderia ser temido e odiado, mas nunca amado sinceramente, como devemos amar a um Deus todo amor que nos salva a todos, absolutamente a todos, só nos deixando a escolha do tempo: uns seguem desde o início o caminho do bem e salvam-se cedo; outros seguem o caminho do mal, sofrem, repetem as provas, demoram, são lançados a mundos inferiores (infernos), mas finalmente se corrigem e por fim se salvam. A crença na existência da encarnação única e no inferno eterno é uma blasfêmia, ofensa à infinita bondade de Deus, negação da sua sabedoria, do seu amor. Felizmente, como vimos acima, essa ideia monstruosa, só digna de séculos tenebrosos, vai desaparecendo do mundo. Deus que lhe abrevie o desaparecimento!




sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Conselhos a um Juiz





Conselhos a um Juiz

            Meu Amigo, meu Irmão, que o Justo Juiz te ilumine a inteligência e fortaleça o coração.

            Não te falta socorro e é por isso que te pedimos prosseguir, sem desfalecimento, na missão de que foste revestido pelo Supremo Poder.

            Sabemos que as tuas noites são cheias de vigílias dolorosas.

            Assombram-te, muitas vezes, os quadros do caminho redentor, repleto de responsabilidades diversas. Não temas, porém.

            As tuas provações de homem, no campo doméstico, e os infinitos cuidados que te impõe a vida social são bem pesados, bem o reconhecemos. Entretanto, é preciso serenar o coração e seguir avante.

            A missão de julgar é efetivamente angustiosa para quantos receberam de Jesus mais avançadas concepções do direito humano.

            O juiz reto sofre amarguras interiores e experimenta aflições de toda a sorte, porque a conceituação de Humanidade encontra, em seu raciocínio e em sua sensibilidade, esfera mais vasta para a necessária dilatação; contudo, não podemos prescindir dos Missionários da Ordem.

            A toga é sagrada na medicação do organismo coletivo e há que examinar a heterogeneidade dos caracteres, na estrada da evolução, para compreendermos semelhante exigência.

            É por essa razão que te rogamos calma e coragem no desempenho dos teus deveres humanos e divinos.

            Aceita as injunções do teu cargo à maneira de embarcação, no oceano encapelado, à procura do porto de tua paz intima.

            Os padecimentos intelectuais que te perturbam frequentemente, nesse mister, decorrem do passado distante, que, muitas vezes, julgaste sem maior consideração.

            Conheceste o tormento de todos aqueles que lavram sentenças imponderadas e iníquas.

            É por esse motivo que a tua situação, embora honrosa e digna, constitui doloroso sacerdócio para a tua alma sensível.  

            Segue, todavia, com a Lâmpada do Cristo, nas mãos operosas. Essa claridade sublime que brilha, sem ofuscar, iluminar-te-á os olhos inteligentes na emissão de todos os despachos que a Justiça reclama de tua mente.

            No exame dos processos mais comuns, lembra-te, meu Irmão, de que Amigos abençoados te auxiliam e orientam, cooperando em tuas reflexões e despachos fraternos.

            Tenha a Calma e a Ponderação como duas conselheiras permanentes de teu caminho e encontrarás sempre a Porta de Jesus tocada de sublimes inspirações para o teu espírito sinceramente interessado em servir ao Divino Mestre.

            Procura o aspecto mais nobre, o ângulo mais elevado, a particularidade mais digna, no desdobramento de teus esforços, no campo da luta construtiva. Entretanto, se é preciso salientar a grandeza da absolvição, que liberta e restaura, não podes igualmente esquecer que o organismo social do mundo ainda apresenta zonas enfermiças e cancerosas. E o Sacerdote da Ordem e da segurança, em numerosas ocasiões, é compelido a desempenhar as funções do médico: isolando e amputando, curando chagas e sanando deformações.

            Em todas as minudências do caminho, procura o amparo da Inspiração Divina que te segue de perto, através de companheiros leais, desde muitos séculos, associados ao teu espírito, na obra de redenção.

            Adeus. E que a Paz do Senhor habite em teu coração, como o mais precioso dom de vida eterna, são os votos do amigo e servo humilde,

Emmanuel

Emmanuel por Chico  Xavier, em 14 de março de 1946, às 12 horas,  destinada ao
Dr. Lafaiete Dutra Ateniense, juiz de Direito da Comarca de Piranga, em Minas Gerais, que no-la deu a publicar)



Examinai Tudo...






Examinai Tudo

            As Igrejas reformadas proclamaram o direito e o dever de cada crente examinar livremente as Escrituras, em vez de deixar ao Clero essa tarefa. Foi um grande bem, porque nos diferentes graus de evolução de cada Espírito encarnado, as Escrituras não interessam do mesmo modo e por igual à todos, e não podem ser interpretadas unilateralmente para a coletividade. Cada crente, realmente, fará nelas as descobertas que lhe são mais necessárias no momento e não poderia confiar a outrem essa tarefa.

            Apoiando esse dever de livre exame, citam a cada instante as seguintes palavras de Paulo, em sua Primeira Epístola aos Tessalonicenses, cap. 5, versículo 19 a 21:

              "Não extingais o Espírito; não desprezeis as profecias, mas ponde tudo à     prova, retende o que é bom."

            Por vezes abreviam em forma de máxima: "Examinai tudo e aceitai o que é bom", o que não prejudica o pensamento de Paulo, do grande Inspirado. Mas, precisamos examinar o sentido que tinham essas palavras ao tempo de Paulo, e para isso basta folhearmos o Livro de Atos dos Apóstolos, onde leremos:           .

             2: 1/4: ”Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente veio do céu um ruído, como de um vento tempestuoso, que encheu toda a casa onde estavam sentados e lhes apareceram umas como línguas de fogo, as quais se distribuíram, para repousar sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem."

            5: 16: “Também das cidades circunvizinhas de Jerusalém afluía uma multidão trazendo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais eram todos curados."

           6:9/10:  " ...disputavam com Estevão; e não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito pelo qual ele falava."

          8: 7: "Pois os espíritos imundos de muitos possessos saíam, clamando em alta
voz!' 

         8 29: “Disse o Espírito a Felipe: Aproxima-te e ajunta-te a este carro."

        10:19/20: "Enquanto Pedro estava meditando sobre a visão, disse-lhe o Espírito: Eis que dois homens te procuram; levanta-te, pois, desce e vai com eles, nada duvidando; porque eu os enviei!'

        11: 12: (Fala Pedro): “O Espírito disse que eu fosse sem escrúpulo com eles."

        15: 32: "Judas e Silas, que eram também profetas ... "

        16: 16/18: "Enquanto íamos ao lugar de oração, veio-nos ao encontro uma moça que tinha um espírito adivinhador, a qual com as suas adivinhações dava muito lucro aos amos. Ela, seguindo a Paulo e a nós, clamava: Estes homens que vos anunciam o caminho da salvação, são servos de Deus Altíssimo. E fazia isso por muitos dias. Mas Paulo, enfadado, virou-se para ela e disse ao Espírito: Eu te ordeno em nome de Jesus Cristo que saias dela; e na mesma hora saiu."

         19: 12:  "... e deles saíam os espíritos malignos."    

         21: 4: "... e eles pelo Espírito diziam a Paulo que não entrasse em Jerusalém!'

         23: 9: "... e quem sabe se lhe falou algum espírito ou anjo?"

         Como se vê dessas citações, os Discípulos de Jesus, ao tempo de Paulo, achavam-se em constantes relações com Espíritos bons e maus, e os que, como Judas e Silas, possuíam faculdades mediúnicas, eram chamados Profetas. Regressando aos tempos de Paulo pelo estudo do Novo Testamento, vemos que só há diferenças de palavras: chamavam possessos aos obsidiados, profetas aos médiuns e profecias às comunicações de Espíritos superiores, mas os fenômenos eram os mesmos de hoje e de todos os tempos. Portanto, as palavras de Paulo, postas em linguagem moderna, seriam assim traduzidas:

            "Não impeçais ao Espírito comunicar-se; não desprezeis as comunicações, mas examinai-as bem e só retende as boas."        

            Isso mesmo recomendam Kardec e todos os espíritas esclarecidos e prudentes. Logo, os versículos citados tão frequentemente pelos nossos irmãos das Igrejas reformadas, não significam - como eles supõem - que o livre exame deve limitar-se às Escrituras e que a Revelação terminou em Apocalipse. Muito ao contrário, refere-se Paulo precipuamente às comunicações dos Espíritos, ao que modernamente chamamos Espiritismo.

            Na forma abreviada, poderíamos redigir assim: "Examinai tudo o que dizem os Espíritos e aceitai o que for bom".

            Como o materialismo que invadiu as Igrejas, quase todos os ensinos da Bíblia se tornaram incompreensíveis ou até ridículos para o homem moderno; mas a Verdade eterna nunca será sepultada. Quem haja lido a moderna literatura espírita, volte a reler a Bíblia e lá encontrará os mesmos fenômenos de todos os tempos. Em vez de destruir as Escrituras, o Espiritismo lhes projeta nova luz, é chave para muitos mistérios, resolve muitas obscuridades.

            O Cristo e os primeiros cristãos curavam os enfermos, afastavam os obsessores, mas as Igrejas perderam a fé e abandonaram as práticas cristãs que só agora ressurgem com o Espiritismo. Quanto às instruções que os Discípulos de Jesus recebiam diretamente dos Espíritos, as Igrejas as classificam hoje em duas categorias: "embuste ou diabolismo", e não percebem que estão destruindo seus próprios alicerces, porque foram fundadas sobre essas mesmas comunicações. - Perderam a fé e, como Pedro, estão afundando.

            Entendamos, pois, as palavras de Paulo, referindo-se às Escrituras existentes em seu tempo, cujo estudo era livre aos leigos, mas mui especialmente às comunicações que amiúde seus contemporâneos recebiam dos Espíritos, e, assim, sigamos lhe o inspirado conselho: Examinemos todas as comunicações, e retenhamos as que são boas.

            Em luta contra a Igreja Católica Romana, que não permite aos leigos o exame das Escrituras, os nossos irmãos protestantes interpretam as palavras do Apóstolo dos Gentios como referentes à Bíblia, sem se lembrarem de que em tal sentido as palavras seriam intempestivas, porque nenhuma Igreja, ao tempo de Paulo, era contrária ao livre exame. Só três ou quatro séculos mais tarde o livre exame sofreu contestação eclesiástica. No entanto, prestaram os protestantes grande serviço inconsciente, porque nós repetiremos com Paulo e no mesmo sentido: "Não frustreis o Espírito: examinai tudo e aceitai o que é bom".

Redação
Reformador Agosto 1946


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Cristo Vencerá!



Cristo
Vencerá
Hernany T. Sant’Anna


"As mágoas do mundo vão tomar vulto impiedoso."
Emmanuel ("Reformador", Fevereiro, 1948.)

"E a condenação é esta: que a Luz veio ao mundo,
e os homens amaram mais as trevas que a Luz,
porque as suas obras eram más."  João, 3:19.

            Os bafos sufocantes da borrasca acaloram a atmosfera do mundo e a dor lacera sem piedade as almas transidas de pavor. Do pélago abissal da miséria humana sobem gemidos abafados e angustiosos. O medo domina os corações ensombrecidos das criaturas. Algo de terrível se prenuncia e se teme. Catástrofes pavorosas se preparam para dias não longínquos. Paira no ar uma incerteza profunda.

            Há um arrepio de maus presságios varando o misterioso arcano do futuro.

            Durante séculos a fio a humanidade acumulou montanhas de ódios, e já a emanação sedimentosa dos pensamentos sombrios e ferozes se aglomera sobre a Terra, em espessas camadas superpostas e ameaçadoras, que lembram cirros virulentos e invisíveis...

            O monstro da destruição, por ela alimentado com tanta solicitude, rosna sanhudo à sua face, qual áspide principescamente criada para o assassínio traiçoeiro do seu dono! 

            O vendaval não tarda a desencadear sobre as valas torturadas do orbe a procela furiosa que se alimenta de sangue e que se banha nas lágrimas!           

            Relegado o Evangelho do Cristo, olvidados os seus divinos ensinamentos, ergastulado no cárcere dos dogmas o espírito sublimado da sua Doutrina de Amor que outra coisa poderia suceder à humanidade desvairada, senão a completa bancarrota dos seus princípios superiores esmagados perante o esquife da justiça, apunhalada pelo egoísmo feroz, nos delírios da vaidade e da rapina?

            Na orgulhosa presunção da sua trágica cegueira, o homem rejeitou a direção de Jesus chafurdando-se no mar das experiências dolorosas do desvario e dos crimes. Agora, num crepúsculo agoniado de jornada, treme assustadiço ante os densos novelos de fumaça que sobem do monturo letal dos próprios erros!

            Armados até os dentes, espreitam-se os povos, numa estranha dança de malabarismos fatídicos, temendo pela própria sorte! As máquinas de obstrução criadas pelo homem ameaçam-lhe a própria subsistência e a dura necessidade de paz não consegue suplantar a fantástica miragem da luta de extermínio!            

            Eis o salário da rebeldia humana! Eis o altíssimo preço da ambição!

            A tormenta desabará. A Justiça Divina que dá a cada qual segundo as suas obras, não susterá o automatismo da lei de causa e efeito que o Espiritismo tão bem define e prega. A sementeira de maldades e ignomínias rebentará num oceano de frutos amargurosos de prantos e de dores, e o homem aprenderá, por fim, que o Evangelho do Senhor não é um conto de fadas, mas uma Lei de Vida que ninguém pode violar sem funestas consequências.

            Então, raiará para a Terra um Novo Dia. As lições maravilhosas de Jesus, vivificadas e restabelecidas em sua pureza original pela 3ª Revelação, regerão as manifestações do sentimento enobrecido nas forjas da amargura. Uma Nova Aurora despontará, fecunda, para este orbe triste e malsinado, e a aleluia de há dois mil anos ressoará mais vívida e mais clara, nas quebradas dos nossos alcantis.

            O Espírito do Bem reinará na alma dos homens!

            Cristo vencerá!
Reformador (FEB) Novembro 1948




segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Porque sou Espírita?



Porque sou Espírita

            O padre do meu Quartel, bem fardado e ostentando as insígnias de capitão, iniciara um "fichário" de todo o pessoal, muito embora, de acordo com as nossas leis em vigor, nenhuma autoridade lhe coubesse para organizá-lo.

            Mas o "capelão" desejava saber de que se compunha o seu "rebanho" de fiéis católicos e ao qual deveria dedicar todo o zelo paternal, inclusive o de ouvir, cada uma das suas "ovelhas", em confissão - a grande arma secreta - e de ficar a par de tudo o que se passasse, inclusive com as consciências alheias.

            Ficou estupefato ao tomar conhecimento da existência de elevado número de adeptos da seita luterana, entre os soldados e, mais ainda, ao saber que existiam oficiais, sargentos e soldados que eram espíritas.

            Não me tendo sujeitado a ser "fichado" pelo ilustre capelão caí, naturalmente, no seu desagrado e foi com imenso prazer que, certa vez, alto e bom som, contei-lhe a minha história religiosa.

            Ei-la, em síntese:

            "Criado numa pequena cidade do interior do Ceará, cujo domínio religioso pertencia inteiramente aos clérigos, e subordinado ao preconceito de família, ainda criança, sem mesmo nada conhecer da maldade humana, fui levado ao confessionário, para contar... os meus pecados!

            Pecados de um menino de 7 anos!

            Plantara-se, destarte, o marco inicial de uma vida de misticismo, de pavor e de agonia, em que o receio de ir para o inferno, a cada instante, infundia tamanho medo, que concorria, cada vez mais, para tornar-me tímido e exageradamente temeroso.

            Felizmente, fui estudar na capital, conheci um meio mais adiantado, rompi as amarras que me prendiam às sacristias e joguei por terra os antolhos tão prejudiciais a um jovem da minha idade.

            Veio, depois disto, a fase da repulsa e da melhor compreensão.

            O paganismo da Igreja Católica embasbacara-me; as suas cerimônias litúrgicas, feitas para impressionarem o povo, desiludiram-me e fiquei descrente do catolicismo, como era de esperar.

            Não via o exemplo de humildade, tão preconizado pelos seus representantes, enquanto a exploração, por toda parte, constitui a o apanágio dos seus sacerdotes, que jamais deixavam de clamar por maiores "esmolas" e que recebiam "espórtulas" por tudo quanto faziam, exceto pela confissão, dado o interesse que ela representa para os "príncipes" da igreja.

            Era impossível continuar sendo católico, porque sempre combati o fingimento e, como homem, não devia ser hipócrita, enganando a mim mesmo.

            Nunca mais pisei numa igreja, a não ser ao tempo de solteiro, para olhar as pequenas, namorar ou cumprir um encontro marcado para a hora da missa domingueira, como faz muita gente por este Brasil afora.

            Li certa vez, que podemos abraçar o Espiritismo por duas maneiras: pelo estudo da doutrina ou forçado pelo sofrimento, que é o caso mais comum.

            Realmente, foi isto o que me aconteceu.

            O desaparecimento súbito do meu velho pai trouxe, em consequência, um profundo abatimento moral que me conduziu às raias do desespero.

            Seria possível continuar assim?

            Certamente não. Minhas responsabilidades, na vida material, eram enormes: deveres profissionais, manutenção da família e educação dos filhos, impunham-me outra atitude de energia e mais firmeza.

            Mas, como reagir contra tanta fraqueza?

            Ah! Para felicidade minha, tratei de fortalecer o espírito.            

            Lembrei-me de recorrer à doutrina dos seres invisíveis que povoam os mundos.

            Recebi, pelo correio, a coleção das obras de Kardec que, a pedido meu, enviara a Federação e, daí para cá, tenho estudado constantemente tudo quanto diz respeito ao Espiritismo, conquanto continue sendo um ignorante no assunto, dadas a sua transcendência, a sua pureza e a sublimidade dos seus ensinamentos.

            E porque sou um espírita?

            Porque vi no Espiritismo a verdadeira filosofia, o caminho seguro a trilhar neste mundo cheio de escolhos, a única religião despida de exteriorizações, dado que seu caráter científico permite perscrutar a verdade e demonstrar cabalmente a excelência da vida espiritual.

            Porque encontrei nele a verdadeira caridade, sem publicidades e sem ostentações, a socorrer os necessitados, os sofredores e os presidiários.

            Porque não há hipocrisia nem falsidade; não há preces a troco de dinheiro, nem ninguém visa, exclusivamente, os bens materiais; não há ódios nem vinganças; não há diferenças sociais, nem preconceitos de cor.

            Porque achei nele a luz confortadora, a grandeza dos corações generosos, a sinceridade nas atitudes e o encanto nas afirmações de fé.

            Porque não existem ameaças aos que creem, nem perseguições aos que se não subordinam aos seus princípios salutares.

            Porque não se engana a ninguém, não se mistifica nem se explora o Cristo; não se emol duram personagens, nem se lhes atribuem qualidades divinas.

            Porque passei a compreender melhor a vida, a ser tolerante, a sentir o conforto da moral pura, que não visa livrar ninguém das fúrias demoníacas mas, apenas, o aperfeiçoamento espiritual.

            Porque aprendi a ser paciente, a encarar de melhor forma os problemas da vida e a procurar, sempre, fazer algo em prol da humanidade, pelo amor fraternal e para o bem-estar da própria consciência.

            Porque comecei a entender a felicidade terrena sob outro prisma mais realístico, mais humano e mais sentimental".

*

            Padre! O Espiritismo não precisa tornar-se uma religião obrigatória ou semioficial. Os que a seguem, o fazem por compreensão e por livre e espontânea vontade. Esta é a mais pura verdade!

R. Alencar Nogueira
Reformador (FEB) Fev 1948


sábado, 20 de outubro de 2012

Hegemonia de Jesus




Hegemonia
de Jesus

            "Disse-lhes Jesus: - Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou." João 8:58.

            Impossível localizar o Cristo na História, como se fora qualquer personalidade humana.

            A divina revelação de que foi Emissário Excelso, o harmonioso conjunto de seus exemplos e ensinos falam mais alto que a mensagem instável dos mais elevados filósofos que visitaram o mundo. 

            Antes de Abraão, precedendo os grandes vultos da sabedoria e do amor na História mundial, o Cristo já era o luminoso centro das realizações humanas. De sua misericórdia partiram os missionários da luz que, lançados ao movimento da evolução terrestre, cumpriram, mais ou menos bem, a tarefa redentora que lhes competia entre as criaturas, antecedendo as eternas edificações do Evangelho.

            A localização histórica de Jesus recorda a presença pessoal do Senhor da Vinha. O Enviado de Deus, o Tutor Amoroso e Sábio, veio abrir caminhos novos e estabelecer a luta salvadora para que os homens reconheçam a condição de eternidade que lhes é própria.

            Os filósofos e amigos ilustres da Humanidade falaram às criaturas, revelando em si uma luz refratada, como a do satélite que ilumina as noites terrenas; os apelos desses embaixadores dignos e esclarecidos são formosos e edificantes; todavia, nunca se furtam à mescla de sombras.

            A vinda do Cristo, porém, é diversa: em sua Presença Divina, temos a fonte da verdade positiva, o sol que resplandece.

Emmanuel
por Chico Xavier

Reformador (FEB)
Dezembro 1946



sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Carta aos Jovens



Carta
aos Jovens


            Irmãos de minh'alma:

            Viva o Espírito do Cristo em nossos corações e nos dos nossos companheiros .

            Somos jovens, porque os milênios não nos decrepitam, mas renovam; e porque nossos espíritos imortais apenas começaram sua vida eterna.

            A vida eterna é patrimônio do Eterno Pai, que no la deu. Tomemo-la com reconhecimento e entremos na sua posse.

            A posse da vida eterna é a paz e a alegria do coração, mas o pecado é a morte da alma.

            O pecado é a transgressão da Lei; e a Lei é boa, porque Amor.

            Amemos, e teremos, paz, e a paz nos dará alegria, e a alegria da paz interior nos encherá de felicidade a vida do espírito.

            A alegria é luz interior que vem de dentro; o riso que vem de fora é engodo do mundo; e o mundo mente.

            Precatai-vos pois da mentira do mundo, porque a mentira ilude e a ilusão leva ao erro, e o erro perde.

            Pregais o bem, e o bem seduz as almas, e as almas vos aplaudem. Cuidai, porém, que os aplausos que sobem da Terra vos não fechem os ouvidos do espírito à voz que desce do céu.

            Porque a voz que sobe da Terra, fala do que se vê na Terra, e na Terra só se vê o exterior; mas o Alto penetra o interior dos sentimentos.

            O interior é o real; o aparente é fictício, e o fictício é o engano.

            O engano traz a decepção e a decepção traz a amargura, e a amargura tira a paz e a alegria do coração.

            Sede pois, em essência, como o mundo vos vê e vos celebra, para que não suceda que sejais aos olhos do Senhor como os sepulcros caiados ou os falsos profetas.

            Tende cuidado que a sede de parecerdes bons vos não leve a agirdes bem aos olhos humanos; mas procurai que a virtude dos vossos corações determine vossas boas obras.

            Porque é pelo fruto que se conhece a árvore; mas não pela beleza exterior do fruto, e sim pela sua sanidade interior.

            A dor dos homens vos convida à caridade. Eu, porém, não desejo que sejais simplesmente caridosos, mas, sim, cheios de amor.

            Porque onde existe amor não pode haver a caridade que se exterioriza na prática mecânica de um gesto comum.

            Essa caridade custa e dói; o amor Iene, suaviza e redime.

            Jesus não foi nunca caridoso, no sentido restrito da palavra, porque sempre amou; e jamais falou em caridade. Porque a caridade entre os homens se faz de cima para baixo, mas o amor se manifesta nivelando planos.

            Tendes a seiva do entusiasmo e o sol da mocidade. Purificai a seiva e dosai o Sol, para que não se dê que a seiva se desperdice e, o Sol vos queime.

            Sede esclarecidos na fé, equilibrados na esperança e incondicionais no amor.

            Porque a fé cega leva ao fanatismo, a esperança desequilibrada conduz à fantasmagoria, mas o amor condicionado traz as malquerenças e as disputas.

            Não busqueis fundar a vossa obra nas palavras que proferis, mas no trabalho que fazeis. Porque a vida da palavra é o ato; porque o pensamento é semente e a palavra é árvore, mas só a obra é fruto.

            Não meçais, pois, vosso trabalho pelas medidas das conveniências humanas ou do esforço menor, ou das convenções da sociedade. Mas aquilatai-o pela sua intensidade, essência e frutificação.

            Não vos inquieteis, todavia, com as colheitas do vosso esforço, mas com o plantio das vossas mãos; porque, em verdade, ninguém colhe no dia que planta. E, às vezes, o que planta uma árvore não lhe colhe os frutos; mas das que virão por ela, no frutificar das sementes que ela der.

            Sede mansos e humildes, compreensivos e tolerantes. Porque de pugnadores o mundo já está cheio, e nem por isso, é bom: mas é da mansidão que ele precisa.

            Sois os renovadores do mundo. A renovação do mundo é a instituição do Amor de Jesus. Enchei-vos, pois, do Amor de Jesus, para poderdes espalhá-lo pelo mundo. Porque ninguém dá o que não tem: nem pode fazer a outrem semelhante aquilo que não é.

            Meu abraço vos dou e meu afeto.

            Jesus, Nosso Senhor, vos abençoe.

por      Fontes da Luz
Reformador (FEB) Novembro 1947