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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Obra de Mestre




Obra 
de Mestre



            Allan Kardec desaconselha as preces-fórmulas, porque tendem a tornar-se mecânicas e serem lidas ou recitadas sem sentimento e até sem compreensão. A única prece válida é a do pensamento; no entanto, ele mesmo preparou uma coletânea de preces, que é trabalho genial e único, porque num pequeno opúsculo recapitula toda a Doutrina espírita e a conserva viva na sua forma de aplicação prática.

            Assim como a Oração Dominical é o resumo de toda a Doutrina cristã e se tornou a parte mais conhecida de toda a literatura religiosa, pois que até os analfabetos a aprendiam de cor e assim conservavam a maravilhosa súmula dos ensinos, também as preces de Kardec passaram a ser no Brasil a parte mais divulgada e mais procurada de toda a literatura espírita. Além dos exemplares que aparecem nos dois últimos capítulos de "O Evangelho segundo o Espiritismo" e que representam uma distribuição de mais de um milhar por mês, as preces são distribuídas em pequeno volume à parte, em tiragens ainda maiores do que o livro completo. Portanto, mais de trinta mil exemplares dessa coleção de preces são distribuídos por ano no Brasil e, como essa procura cresce sempre, temos nela um índice do renascimento religioso que representa a Terceira Revelação. É também o penhor da conservação da Doutrina, porque se a filáucia (egoísmo) humana em suas discussões filosóficas e científicas tende a lançar a dúvida nas almas e envenenar com a descrença os corações, a convicção religiosa alcança pela intuição as verdades eternas e sabe aplica-las na vida espiritual.

            Kardec foi superiormente inspirado ao preparar, nos capítulos 27º e 28º de "O Evangelho segundo o Espiritismo", os ensinamentos que vieram a formar a parte mais divulgada e mais preciosa da Doutrina. É a obra cristã mais perfeita que já foi publicada em tão pequeno espaço.

            A prece é nossa segunda barricada. Já vimos como agem as trevas contra o Espiritismo: 1º - Atacam "Os Quatro Evangelhos", de Roustaing; 2º - Reprovam as preces e com elas o livro que as recomenda, "O Evangelho segundo o Espiritismo"; 3º - Condenam toda ligação do Espiritismo com a Religião e por isso arrasam as demais obras de Kardec; 4º - Proclamam que Espiritismo é somente ciência; nem mesmo como filosofia o admitem. Chegado a esse ponto, a filáucia humana transforma o médium em simples cobaia e os Espíritos são forçados a abandoná-la. Entra o período das fraudes e escândalos e tudo está terminado.

            Foi esse o processo seguido em diversos países, nos quais foram anulados promissores movimentos, e o Espiritismo perdeu todo o terreno conquistado nos primeiros tempos. No Brasil também existem as duas campanhas: contra Roustaing e contra a prece, isto é, contra Roustaing e Kardec. Temos recebido as cartas mais atrevidas e injuriosas por defendermos os princípios de Kardec e Roustaing. Uns nos insultam por defendermos Roustaing e se dizem kardecianos; outros atacam simplesmente a prece, manhosamente, sem dizer que visam demolir a obra de Kardec, mas é evidente que, abolida a prece, todo o edifício kardeciano esboroa. É tremenda a responsabilidade da Federação em divulgar os dois livros: "O Evangelho segundo o Espiritismo" e "Os Quatro Evangelhos". Os ataques veementes que eles sofrem revelam o ódio que inspiram nas trevas, e, consequentemente, a sua importância capital.

            Não se ataca uma obra sem valor, porque as obras más morrem por si mesmas, com o tempo, e essas duas, tão combatidas, têm oitenta anos, tempo muito suficiente para já haverem desaparecido. No entanto, no momento em que escrevemos esta nota, de ambas estão sendo preparadas novas edições, porque continuam estimadas e procuradas pelos estudiosos.

            Dissemos que já conseguiram anular o movimento espírita em diversos países, por esse processo, e infelizmente isso é exato; mas o Espiritismo é a verdade eterna e há de ressurgir no futuro. Deus enviará outros trabalhadores para ocuparem o lugar dos que falharam em sua tarefa e a verdade vencerá mais tarde.

Redação
Reformador Nov 1946


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