Ouro e Caridade
pág. 222 Ano 1959 “Reformador”(FEB)
O ouro de Tibério brilhava nas magnificências de Capri, mas desapareceu na bolsa de desapiedados legionários que faziam da violência o roteiro do despotismo.
A caridade do Cristo, sem ouro que lhe plasmasse a grandeza, é, até hoje, a luz que orienta o caminho das nações.
O ouro de Nero garantia o esplendor da Roma imperial, contudo, a breve tempo, converteu-se em perseguição e fogueira, incentivando a criminalidade e a destruição.
A caridade dos apóstolos do Evangelho, sem ouro que lhes emoldurasse a humildade, construiu a resistência de três séculos de martírio, nos quais os paladinos da Boa Nova lastrearam, a preço de sangue e sacrifício, os alicerces da fé cristã que representa a mais alta glória do mundo.
O ouro da corte de Luís XIII era fastígio e poder, no centro da Europa, mas recolheu-se, na retaguarda do progresso, à feição de poeira brilhante na pompa gelada dos museus.
A caridade de Vicente de Paulo, sem ouro que lhe estabilizasse o programa, ainda agora é clarão vigoroso e sublime, inspirando epopéias de bondade e renúncia.
Sem dúvida, o ouro é criação do Senhor a serviço do homem; todavia, só a caridade é suficientemente grande para gerar com ele a bênção do trabalho e a riqueza da cultura, o socorro do entendimento e o tesouro do bem eterno.
Não recuseis, assim, o concurso do ouro digno que vos visite as mãos sem as lágrimas do sofrimento alheio, mas não vos esqueçais de ungi-lo no bálsamo da caridade pura, a fim de que estejamos aproveitando e prestigiando os empréstimos da vida que nos são provisoriamente confiados pela caridade infinita das Leis de Deus.
Emmanuel
(Página recebida pelo médium
Francisco Cândido Xavier, na reunião da
noite de 12-10-1957, em Pedro Leopoldo.)
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