-Os Primeiros Discípulos-
4,18 Caminhando ao longo do mar da Galiléia, viu dois irmãos: Simão (que se chama Pedro) e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores 4,19 e disse-lhes: “Vinde após mim e vos farei pescadores de homens!” 4,20 Na mesma hora abandonaram suas redes e o seguiram. 4,21 Passando adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu e seu irmão João, que estavam com seu pai Zebedeu, consertando as redes. Chamou-os. 4,22 E eles abandonaram a barca e seu pai e o seguiram. 4,23 Jesus percorria toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas, pregando o Evangelho do reino, curando todas as doenças e enfermidades entre o povo. 4,24 Sua fama espalhou-se por toda a Síria: Traziam-lhe os doentes e os enfermos. os obsedados, os lunáticos, os paralíticos. E Ele os curava a todos. 4,25 E seguia-o grande multidão da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia e de além do Jordão.
Para Mt (4,18-22) -Dupla vista, temos a palavra de A. Kardec em “A Gênese”, em seu Cap. XV:
“Nada apresentam de surpreendentes estes fatos, desde que se conheça o poder da dupla vista e a causa, muito natural, dessa faculdade. Jesus a possuía em grau elevado e pode dizer-se que ela constituía o seu estado normal, conforme o atesta grande número de atos da sua vida, os quais, hoje, têm a explicá-los os fenômenos magnéticos e o Espiritismo.”
“A acuidade do pensamento e, por conseguinte, certas previsões decorrem da vista espiritual. Quando Jesus chama a Pedro, André, Tiago, João e Mateus, é que lhes conhecia as disposições íntimas e sabia que eles o acompanhariam e que eram capazes de desempenhar a missão que tencionava confiar-lhes. E mister se fazia que eles próprios tivessem intuição da missão que iriam desempenhar para, sem hesitação, atenderem ao chamamento de Jesus.”
“Em muitos passos do Evangelho se lê: “Mas Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, lhes diz...” Ora, como poderia ele conhecer os pensamentos dos seus interlocutores, senão pelas irradiações fluídicas desses pensamentos e, ao mesmo tempo, pela vista espiritual que lhe permitia ler-lhes no foro íntimo?
Muitas vezes, supondo que um pensamento se acha sepultado nos refolhos da alma, o homem não suspeita que traz em si um espelho onde se reflete aquele pensamento, um revelador na sua própria irradiação fluídica, impregnada dele. Se víssemos o mecanismo do mundo invisível que nos cerca, as ramificações dos fios condutores do pensamento, a ligarem todos os seres inteligentes, corporais e incorpóreos, os eflúvios fluídicos carregados das marcas do mundo moral, os quais, como correntes aéreas, atravessam o espaço, muito menos surpreendidos ficaríamos diante de certos efeitos que a ignorância atribui ao acaso.”
Para Mt (4,23-24), -As Curas - retornamos a “A Gênese”, em seu Cap.XV:
“De todos os fatos que dão testemunho do poder de Jesus, os mais numerosos são, não há como contestar, as curas. Queria Ele provar dessa forma que o verdadeiro poder é o daquele que faz o bem; que o seu objetivo era ser útil e não satisfazer à curiosidade dos indiferentes, por meio de coisas extraordinárias. Aliviando os sofrimentos, prendia a si as criaturas pelo coração e fazia prosélitos mais numerosos e sinceros, do que se apenas os maravilhasse com espetáculos para os olhos. Daquele modo, fazia-se amado, ao passo que, se se limitasse a produzir surpreendentes fatos materiais, conforme os fariseus reclamavam, a maioria das pessoas não teria visto senão um feiticeiro, ou um mágico hábil, que os desocupados iriam apreciar para se distraírem.”
“O Espiritismo, igualmente, pelo bem que faz é que prova a sua missão providencial.
Ele cura os males físicos, mas cura, sobretudo, as doenças morais e são esses os maiores prodígios que lhe atestam a procedência. Seus mais sinceros adeptos não são os que se sentem tocados pela observação de fenômenos extraordinários, mas os a quem liberta das torturas da dúvida; aqueles a quem levantou o ânimo na aflição, que hauriram forças na certeza, que lhes trouxe, acerca do futuro, no conhecimento do seu ser espiritual e de seus destinos. Esses os de fé inabalável, porque sentem e compreendem.
Os que no Espiritismo unicamente procuram efeitos materiais, não lhe podem compreender a força moral. Daí vem que os incrédulos, que apenas o conhecem através de fenômenos cuja causa primária não admitem, consideram os espíritas meros prestigitadores e charlatães.
Não será, pois, por meio de prodígios que o Espiritismo triunfará da incredulidade: será pela multiplicação dos seus benefícios morais, porquanto, se é certo que os incrédulos não admitem os prodígios, não menos certo é que conhecem, como toda gente, o sofrimento e as aflições e ninguém recusa alívio e consolação.”
Do livro “Emmanuel”, de Emmanuel por Chico Xavier, extraímos a seguinte.....
Mensagem
Aos Médiuns
"Venho exortar a quantos se entregaram na Terra a missão da mediunidade, afirmando-lhes que, ainda em vossa época, esse posto é o da renúncia, da abnegação e dos sacrifícios espontâneos. Faz-se mister que todos os Espíritos, vindos ao planeta com a incumbência de operar nos labores mediúnicos, compreendam a extensão dos seus sagrados deveres para a obtenção do êxito no seu elevado e nobilitante trabalho.
Médiuns! A vossa tarefa deve ser encarada como um santo sacerdócio; a vossa responsabilidade é grande, pela fração de certeza que vos foi outorgada, e muito se pedirá aos que muito receberam. Faz-se, portanto, necessário que busqueis cumprir, com severidade e nobreza, as vossas obrigações, mantendo a vossa consciência serena, se não quiserdes tombar na luta, o que seria crestar com as vossas próprias mãos as flores da esperança numa felicidade superior, que ainda não conseguimos alcançar! Pesai as consequências dos vossos mínimos atos, porquanto é preciso renuncieis à própria personalidade, aos desejos e aspirações de ordem material, para que a vossa felicidade se concretize.
Felizes daqueles que, saturados de boa vontade e de fé, laboram devotadamente para que se espalhe no mundo a Boa Nova da imortalidade. Compreendendo a necessidade da renúncia e da dedicação, não repararam nas pedras e nos acúleos do caminho, encontrando nos recantos do seu mundo interior os tesouros do auxílio divino. Acendem nos corações a luz da crença e das esperanças, e se, na maioria das vezes, seguem pela estrada incompreendidos e desprezados, o Senhor enche com a luz do seu amor os vácuos abertos pelo mundo em suas almas, vácuos feitos de solidão e desamparo.
Infelizmente, a Terra ainda é o orbe da sombra e da lágrima, e toda tentativa que se faz pela difusão da verdade, todo trabalho para que a luz se esparja fartamente encontram a resistência e a reação das trevas que vos cercam. Daí nascem as tentativas que vos assediam, e partem as ciladas em que muitos sucumbem, à falta da oração e da vigilância apregoadas no Evangelho.
Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas, e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso. O seu pretérito, muitas vezes, se encontra enodoado de graves deslizes e de erros clamorosos. Quase sempre, são Espíritos que tombaram dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligência, e que regressam ao orbe terráqueo para se sacrificarem em favor do grande número de almas que desviaram das sendas luminosas da fé, da caridade e da virtude. São almas arrependidas que procuram arrebanhar todas as felicidades que perderam, reorganizando, com sacrifícios, tudo quanto esfacelaram nos seus instantes de criminosas arbitrariedades e de condenável insânia...”
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