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sábado, 6 de agosto de 2011

'As Bem Aventuranças'



As Bem Aventuranças

         5,1     E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte e sentou-se.  Seus discípulos aproximaram-se dele.  5,2 Então, iniciou sua pregação, dizendo: 5,3 Bem aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o reino dos céus! 5,4 Bem aventurados os que choram porque serão consolados! 5,5 Bem aventurados os mansos porque possuirão a Terra! 5,6 Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! 5,7 Bem aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia! 5,8 Bem aventurados os de coração puro porque verão a Deus! 5,9 Bem Aventurados os pacíficos porque serão chamados filhos de Deus! 5,10 Bem aventurados os que são perseguidos por causa da justiça porque deles é o reino dos céus! 5,11 Bem aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim!  5,12   Alegrai-vos e exultai porque grande será a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós!     



            Para  Mt (5,1) - E  Jesus, vendo a multidão, subiu  a  um  monte...  -  tomemos
 “Fonte Viva” de Emmanuel por Chico Xavier:

            “O procedimento dos homens cultos para com o povo experimentará elevação crescente à medida que o Evangelho se estenda nos corações.

            Infelizmente, até agora, raramente a multidão tem encontrado, por parte das grandes personalidades humanas, o tratamento a que faz jus.

            Muitos sobem ao monte da autoridade e da fortuna, da inteligência e do poder, mas simplesmente para humilhá-la ou esquecê-la depois.

            Sacerdotes inúmeros enriquecem-se de saber e buscam subjugá-la a seu talante.

            Políticos astuciosos exploram-lhe as paixões em proveito próprio.

            Tiranos disfarçados em condutores envenenam-lhe a alma e arrojam-na ao despenhadeiro da destruição, à maneira dos algozes de rebanho que apartam as reses para o matadouro.

            Juízes menos preparados para a dignidade das funções que exercem, confundem-lhe o raciocínio.

            Administradores menos escrupulosos arregimentam-lhe as expressões numéricas para a criação de efeitos contrários ao progresso.

            Em todos os tempos, vemos o trabalho dos legítimos missionários do bem prejudicado pela ignorância que estabelece perturbações e espantalhos para a massa popular.

            Entretanto, para a comunidade de aprendizes do Evangelho, em qualquer clima de fé, o padrão de Jesus brilha soberano.

            Vendo a multidão, o Mestre sobe a um monte e começa a ensinar...
            É imprescindível empenhar as nossas energias, a serviço da educação.

            Ajudemos o povo a pensar, a crescer e a aprimorar-se.

            Auxiliar a todos para que todos se beneficiem e se elevem, tanto quanto desejamos melhoria e prosperidade para nós mesmos, constitui para nós a felicidade real e indiscutível.

            Ao leste e ao oeste, ao norte e ao sul da nossa individualidade, movimentam-se milhares de criaturas em posição inferior à nossa.

            Estendamos os braços, alonguemos o coração e irradiemos entendimento, fraternidade e simpatia, ajudando-as sem condições.

            Quando o cristão pronuncia as sagradas palavras “Pai Nosso”, está reconhecendo não somente a Paternidade de Deus, mas aceitando também por sua família a Humanidade inteira.”



            A seguir, de Luiz Sérgio por Irene Pacheco Machado, em “Dois Mundos Tão Meus”:

                “As primeiras palavras de  Jesus ao povo, sob a forma de bênção...

Mt 5,3  - Bem aventurados os pobres de espírito :  O Evangelho deve ser pregado ao pobre e não ao espírito orgulhoso.

Mt 5,4 - Bem aventurados os que choram :   O pranto que dá direito à consolação é o que tem por objeto os pecados, o afastamento de Deus, as misérias do exílio terreno. Cristo nos ensina que o arrependimento sincero tem poder de remover a culpa do pecado. O choro não consiste em melancolia e lamentação. O pranto que Cristo pregou foi o pranto do arrependimento. Quis Jesus dizer que para todo pranto existe um consolo: a fé.

Mt 5,5 - Bem aventurados os mansos e pacíficos: Se possuímos humildade, sobrepor-nos-emos aos menosprezos, às repulsas, aos aborrecimentos a que estamos expostos diariamente. Aquele que não revida ofensas já galgou o altar da nobreza e é feliz, porque já venceu a si mesmo.

Mt 5,6 - Bem Aventurados os que têm senso de justiça: Sim, quão grande valor possui aquele que luta pela justiça e é justo e bom para com os seus semelhantes.

Mt 5,7 - Bem aventurados os misericordiosos: O misericordioso está longe de ser contaminado pelo pensamento impuro que escurece a alma e enfraquece o senso moral das criaturas.

Mt 5,9 - Bem aventurados os pacíficos:  O pacificador tem o dom de transformar o espinheiro em cipreste, em lugar da urtiga crescerá murta e a vida exultará e florescerá como o narciso. (Isaías, 60,13 e 35,1)

                Descortinou-se à nossa frente toda a pregação de Cristo, que deixava a multidão atenta, embevecida e temerosa. Como é difícil se salvar! Quem terá força para viver em espírito, estando ainda encarnado? Mas Jesus prosseguia:

                - Estes princípios que vos dei permanecerão. Recebei-os e edificai sobre minhas palavras. Todo aquele, pois, que escuta minhas palavras e as pratica assemelhá-lo-ei ao homem prudente. 



            Seguem as explicações no texto de A. Kardec, em  “O Evangelho Segundo O Espiritismo”, cap. 5º para Mt (5,4-6 et 10):
           
            ...“Os espíritos não podem aspirar à felicidade perfeita senão quando puros; toda mancha lhes interdita a entrada nos mundos felizes.”

            ...“Se Deus julgou conveniente lançar um véu sobre o passado é porque isso devia ser útil; essa lembrança poderia nos humilhar estranhamente ou exaltar nosso orgulho e, por isso mesmo, entravam nosso livre arbítrio; em todos os casos, traria uma perturbação nas relações sociais.”
           
            ...“De resto, esse esquecimento não ocorre senão durante a vida corporal. Reentrando na vida espiritual, o espírito retoma as lembranças do passado.”

            ...“Vós vos deveis considerar felizes por sofrer, porque as vossas dores neste mundo são a dívida das vossas faltas passadas, e essas dores, suportadas pacientemente sobre a Terra, vos poupam séculos de sofrimento na vida futura. Deveis, pois, estar felizes porque Deus transformou vossa dívida permitindo pagá-la presentemente, o que vos assegura a tranqüilidade para o futuro.”
           
            O Capítulo 7º de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”,  é todo  ele  dedicado  a  análise  de  Mt (5,3)  -  Bem Aventurados os pobres de espírito... Dele, extraímos alguns trechos, a saber:
           
            ... “Por pobres de espírito  Jesus não entendeu os homens desprovidos de inteligência, mas os humildes: Ele disse que o reino dos céus é deles e não dos orgulhosos.”

            ... “Em dizendo que o reino dos céus é para os simples, Jesus quer dizer que ninguém é nele admitido sem a simplicidade de coração e a humildade de espírito; que o ignorante que possui essas qualidades será preferido ao sábio que crê mais em si que em Deus. Em todas as circunstâncias, ele coloca a humildade no plano das virtudes que nos aproximam de Deus, e o orgulho entre os vícios que nos distanciam dele...”


            Para  Mt  (5,4) - Bem Aventurados os que choram porque serão consolados - destacamos, de “Livro da Esperança” de Emmanuel por Chico Xavier:

            “Perguntas, muitas vezes, pela presença dos espíritos guardiães, quando tudo indica que forças contrárias às tuas noções de segurança e conforto, comparecem, terríveis, nos caminhos terrestres.

            Desastres, provações, enfermidades e flagelos inesperados arrancam-te indagações aflitivas. Onde os amigos desencarnados que protegem as criaturas?

            Como não puderam prevenir certos transes que te parecem desoladoras calamidades?

            Se aspiras, no entanto, a conhecer a atitude moral dos espíritos benfeitores, diante dos padecimentos desse matiz, consulta os corações que amam verdadeiramente na Terra.

            Ausculta o sentimento das mães devotadas que bendizem com lágrimas as grades do manicômio para os filhos que se desvairaram no vício, de modo a que não se transfiram da loucura à criminalidade confessa. Ouve os gemidos de amargura suprema dos pais amorosos que entregam os rebentos do próprio sangue no hospital, para que lhes seja amputado esse  ou aquele membro do corpo, a fim de que a moléstia corruptora, a que fizeram jus pelos erros do passado, não lhes abrevie a existência. Escute as esposas abnegadas, quando compelidas a concordarem chorando com os suplícios do cárcere para os companheiros queridos, evitando-se-lhes a queda em fossas mais profundas de delinquência. Perquire o pensamento dos filhos afetuosos, ao carregarem, esmagados de dor, os pais endividados em doenças infecto-contagiosas, na direção das casas de isolamento, a fim de que não se convertam em perigo para a comunidade.

            Todos eles trocam as frases de carinho e os dedos veludosos pelas palavras e pelas mãos de guardas e enfermeiros, algumas vezes desapiedados e frios, embora continuem mentalmente jungidos aos seres que mais amam, orando e trabalhando para que lhes retornem ao seio.

            Quando vejas alguém submetido aos mais duros entraves, não suponhas que esse alguém permaneça no olvido, por parte dos benfeitores espirituais que lhe seguem a marcha.

            O amor brilha e paira sobre todas as dificuldades, à maneira do sol que paira e brilha sobre todas as nuvens. Ao invés de revolta e desalento, oferece paz e esperança ao companheiro que chora, para que, à frente de todo mal, todo o bem prevaleça.

            Isso porque onde existem almas sinceras, à procura do bem, o sofrimento é sempre o remédio justo da vida para que, junto delas, não suceda o pior.”

            Ainda do  “Livro da Esperança” - para Mt  (5,5) - Bem aventurados os mansos porque eles herdarão a Terra, lemos:

            “Surgem, sim, as ocasiões em que todas as forças da alma se fazem tensas, semelhando cargas de explosivos, prestes a serem detonadas pelo gatilho da boca... Momentos de reação, diante do mal, em que a fagulha da mágoa assoma do íntimo, aviventada pelo sopro do desespero...

                Entretanto, mesmo que a indignação se te afigure justificada, reflete para falar.

                A palavra não foi criada para converter-se em raio da morte.

                Imagina-te no lugar do interlocutor. Se houve deficiência no concurso de outrem, recorda os acontecimentos em que o erro impensado te marcou a presença; se algum companheiro falhou, involuntariamente, na obrigação, pensa nas horas difíceis, em que não pudeste guardar fidelidade ao dever. Em qualquer obstáculo, pondera que a cólera é bomba de rastilho curto, comprometendo a estabilidade e a elevação da vida onde estoura.

                Indiscutivelmente, o verbo foi estabelecido para que nos utilizemos dele. O silêncio é o guardião da serenidade, todavia, nem sempre consegue tomar-lhe as funções. Isso, porém, não nos induz a transfigurar a cabeça num vulcão em movimento, arremessando lavas de azedume e inquietação. Conquanto se nos imponha dias de fraqueza e esclarecimento, é possível equacionar, harmoniosamente, os mais intrincados problemas sem adicionar o fogo da violência às parcelas da lógica.

                Dominemo-nos para que possamos controlar circunstâncias, chefiemos as nossas emoções, alinhando-as na estrada do equilíbrio e do discernimento, de modo a que nossa frase não resvale na intemperança.

                Guardar o silêncio, quando preciso, mas falar sempre que necessário, a desfazer enganos e a limpar raciocínios, entendendo, porém, que  Jesus não nos confiou a verdade para transformá-la numa pedra sobre o crânio alheio sim num clarão que oriente aos outros e alumie a nós.”
               
 
            Para Mt (5,7) reservamos, de  “O Evangelho segundo o Espiritismo”,  de A. Kardec, a seguinte frase:
           
            ..“A misericórdia é o complemento da doçura, porque aquele que não é misericordioso não  saberia ser brando e pacífico; ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas.”                   

            Para  Mt (5,7) - Bem aventurados os misericordiosos... -  leiamos “Palavras de Vida Eterna” de Emmanuel por Chico Xavier:

            “Deixe que a luz da compaixão te clareie a rota, para que a sombra te não envolva.

           
            Sofres a presença os que te pisam as esperanças ? Compaixão para eles.

            Ouves a palavra dos que te ironizam? Compaixão para eles.

            Padeces o assalto moral dos que te perturbam? Compaixão para eles.

            Recebes a farpa dos que te perseguem? Compaixão para eles.

            A crueldade e o sarcasmo, a demência e a vileza são chagas que o tempo cura.

            Rende graças a Deus, por lhes suportares o assédio sem que partam de ti.

            No fundo, são males que surgem da ignorância, como a cegueira nasce das trevas.

            Não sanarás o desequilíbrio do louco, zurzindo-lhe a cabeça, nem expulsarás a criminalidade do malfeitor, cortando-lhe os braços.

            Diante de todos os desajustamentos alheios, compadece-te e ampara sempre.

            Perante todos os disparates do próximo, compadece-te e faze a melhor que possas.

            Todos somos alunos do educandário da vida e todos somos suscetíveis de queda moral no erro.

            Usa, pois, a misericórdia com os outros e acharás nos outros a misericórdia para contigo.” 

            Para Mt  (5,9) - Bem aventurados os pacificadores... - leiamos, uma vez mais, a Emmanuel por Chico Xavier, em “Palavras de Vida Eterna”:

            “Por muitas sejam as dores que te aflijam a alma, asserena-te na oração e pacifica os quadros da própria luta...

            Se alguém te fere, pacifica desculpando.

            Se alguém te calunia, pacifica servindo.

            Se alguém te menospreza, pacifica entendendo.

            Se alguém te irrita, pacifica silenciando.

            O perdão e o trabalho, a compreensão e a humildade são as vozes inarticuladas de tua própria defesa.  Golpes e golpes são feridas e mais feridas. Violência com violência somam loucura.

            Não ergas o braço para bater, nem abras o verbo para humilhar.

            Diante de toda perturbação, cala e espera, ajudando sempre.

            O tempo sazona o fruto verde, altera a feição do charco, amolece o rochedo e cobre o ramo fanado de novas flores.

            Censura é clima de fel.

            Azedume é princípio de maldição.

            Onde estiveres, pacifica.

            Seja qual for a ofensa, pacifica.

            E perceberás, por fim, que a paz do mundo é dom de Deus, começando de ti.”

            Ainda para Mt (5,4-6 et 5,10) buscamos a explicação no texto de A. Kardec, em  “O Evangelho Segundo O Espiritismo”, cap.5º:

            “As compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra não podem ocorrer senão na vida futura;  sem a certeza do futuro, essas máximas seriam um contra senso, bem mais, seriam um engodo. Mesmo com essa certeza, compreende-se dificilmente a utilidade de sofrer para ser feliz.”

                ...“A fé no futuro pode consolar e levar à paciência, mas não explica essas anomalias que parecem desmentir a Lei de Deus.”

                ...“Deus, todo poder, todo bondade, é soberanamente bom e justo, sem o quê não seria Deus. Assim, não pode agir por capricho nem com parcialidade. As vicissitudes da vida têm, pois, uma causa e, uma vez que Deus é justo, essa causa deve ser justa. Eis do que cada um deve compenetra-se bem. ”            

                ...“As vicissitudes da vida são de duas espécies: Umas têm sua causa na vida presente, outras fora dela.”

                ...“Há males dos quais o homem é a causa primária nesta vida. Há outros, pelo menos na aparência, que lhe são completamente estranhos e que parecem atingi-lo como por fatalidade.”

                ...“Aqueles que nascem em semelhantes condições, seguramente, nada fizeram nesta vida para merecer uma sorte tão triste, sem compensação, que não podiam evitar...”

                ...“Entretanto, em virtude do axioma de que todo efeito tem uma causa, essas misérias são efeitos que devem ter uma causa e, desde que se admita um Deus justo, essa causa deve ser justa. Ora, a causa precedendo sempre o efeito, uma vez que não está na vida atual, deve ser anterior a ela, quer dizer, pertencer a uma existência precedente.”

                ...“O homem pois, não é sempre punido, ou completamente punido na sua existência presente, mas não escapa  jamais às consequências de suas faltas.”

                ...“Assim se explicam, pela pluralidade das existências, as anomalias que apresenta a repartição da felicidade e da infelicidade entre os bons e os maus neste mundo.”

                ...“Entretanto, não seria preciso crer que todo sofrimento suportado neste mundo seja, necessariamente, o indício de uma falta determinada; são, frequentemente, simples provas escolhidas pelo espírito para acabar sua depuração e apressar seu adiantamento.

             Assim, a expiação serve sempre de prova, mas a prova não é sempre uma expiação; mas, provas e expiações, são sempre sinais de uma inferioridade relativa, porque o que é perfeito não tem mais necessidade de ser provado.”       
         

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