Pesquisar este blog

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Gabriel Delanne: Ciência e Espiritismo.


 ‘Gabriel Delanne:
Ciência e Espiritismo’
Parte 1/2

por Sylvio Brito Soares
Reformador (FEB)    Dezembro 1977

            E na velha e lendária cidade de Paris, palco de tantos acontecimentos históricos de repercussão mundial, então a capital do mundo civilizado, pela luz que espargia através da literatura, das artes, da filosofia e da ciência positiva, nessa velha metrópole, dizíamos, vivia, lá pelo ano de 1857, um casal de vida simples e honesta, o Senhor Alexandre Delanne, comerciante, e sua esposas D. Marie-Alexandrine Didelot Delanne.
            No dia 23 de março desse ano, seu lar se engalanou com o nascimento de um filho a quem deram o nome de François-Marie-Gabriel. Nas fisionomias de ambos se estampava a grande alegria que lhes ia n’alma.
            Devemos esclarecer que os genitores desse menino eram espíritas convictos e praticantes, bem compenetrados de seus deveres espirituais. O Sr. Alexandre, um dos seus fundadores da “Liga Parisiense de Ensino”, foi afeiçoado amigo e colaborador de Allan Kardec, tanto assim que fazia parte da direção da Sociedade Espírita por ambos criada.
            Quando do sepultamento do inolvidável mestre, no Cemitério de Montmartre, o Sr. Alexandre Delanne foi também um dos oradores que se fizeram ouvir no momento de baixar ao túmulo o corpo físico de Kardec. E ao inaugurar-se, em 1870, o “dólmen” do Codificador, construído no cemitério de Père-Lachaise, A. Delanne, impedido, por motivo de saúde, de comparecer àquela solenidade, escreveu uma carta, na qual, dando o seu próprio testemunho, fez sobressair as qualidades de Allan Kardec.
            A Sra. Alexandrine Delanne possuía excelentes dotes mediúnicos, tendo sido mesmo um dos médiuns que, com suas comunicações, muito auxiliaram Allan Kardec no trabalho hercúleo da Codificação do Espiritismo.
            Fácil será concluir que o nosso Gabriel Delanne, ao reingressar na Terra, encontrou um ambiente espiritual propício à sua preparação, a fim de bem desempenhar, posteriormente, a tarefa que a seu Espírito fora confiada pelos irmãos maiores da pátria do Além.
            Ele próprio afirmava, sem rebuços, que a sua crença inabalável era a espírita, coisa aliás digna de ser assimilada, porque bem demonstra a fortaleza de seu caráter. Confessar publicamente a qualidade de espírita, naqueles tempos já tão distantes, era demonstrar nenhum temor às chacotas populares e às críticas desabonadoras que costumam fazer os homens enfatuados de seu saber terreno.
            Ouçamos suas próprias palavras:

            Minhas reminiscências remontam ao ano de 1860. Meu pai era espírita, tanto que aprendi o francês, escutando as suas conversas sobre Espiritismo, e mais ainda, ouvindo as suas explicações, os seus raciocínios em torno mo mesmo assunto. Assim é que formei minha consciência acerca do Mundo e da criatura pela prática diuturna desse argumento paternos.”

            O articulista de “La Revue Spirite”, ao escrever, em o número de março de 1926, o artigo de fundo referente à desencarnação de Gabriel Delanne, teve ensejo de frisar:

            ...Gabriel Delanne jamais poderia supor, quando adolescente, que mais tarde se tornaria um dos principais líderes do Espiritismo Kardequiano. A impressão que se tinha era que o destino o faria perlustrar outros caminhos. Cursava, então, a Escola Central de Artes e Ofícios: seria engenheiro eletricista. Com isso, desde cedo orientaria seu pensamento pelos moldes rigorosos da Ciência, e pode-se dizer que essa sua formação intelectual serviu-lhe poderosamente, e dela sempre se utilizou na elaboração de suas obras de proselitismo”.

            De fato, as obras de Delanne, para quem as lê sem ideias preconcebidas, influem de maneira decisiva no espírito do homem culto que sabe raciocinar e ver as coisas como realmente elas são: sim, porque muitos as leem colocando antes um par de óculos, cujas lentes do fanatismo científico ou religioso deturpam e obscurecem completamente até a luz do próprio Sol que nos aquece e ilumina.
            Verifica-se, em todas as páginas das obras delanneanas, surgir, palpitante, a precisão científica de sua argumentação, o respeito da verdade demonstrada. E não se diga que essa leitura, devido ao seu caráter científico, seja enfadonha, cansativa, monótona. Absolutamente; muito pelo contrário, seu estilo simples e sugestivo prende a atenção dos leitores que lhe acompanham, cheios e interesse e entusiasmo, o raciocínio vazado numa lógica perfeita e calcado nos mais sadios princípios científicos.
            Delanne sofria de profunda alergia por tudo que transpirasse erro ou fraude. Seu interesse pelo estudo e propagação das obras de Allan Kardec, através da faceta científico, levou-o, quando contava tão-somente 26 anos de idade, a abandonar a profissão de engenheiro.
            Há no Brasil um culto conterrâneo nosso que teve a ventura de conhecer pessoalmente Gabriel Delanne, aliás no último quartel de sua vida terrena, e é com prazer que transcrevemos da revista “Reformador”, de março de 1948, alguns trechos de uma sua entrevista. Trata-se do nosso confrade Dr. Canuto Abreu, que disse:

            Frequentei sua casa, que era sede também de uma sociedade espirítica. Assisti a trabalhos por ele presididos. Ouvi suas lições práticas. Suas longas e cintilantes narrativas. Suas discussões, em que às vezes erguia a voz, exaltado pela convicção posta em dúvida, e logo a baixava, sorridente, ao perceber a porta do misticismo, que detestava como cientista.
            “Gabriel Delanne era a meus olhos como um herdeiro da missão em que seus pais haviam eficientemente colaborado. Era, naquele instante de minha vida, o maior e o mais velho da segunda geração do Espiritismo.”

            Ainda o Dr. Canuto Abreu, através do primeiro número da revista que publicara com o título “Metapsíquica”, conta-nos que ao perguntar a Delanne se conhecera Allan Kardec, obtivera a resposta seguinte:

            “Perfeitamente. Acariciava-me e, duma feita, pondo-me ao joelho e abraçando-me pela cintura, profetizou que eu seria um sacerdote do Espiritismo. Não fui bem um “sacerdote”, mas tenho a presunção de que fiz o possível em minhas forças para bem servir à Doutrina, no setor que me coube”.

            Adiante, a nova pergunta, respondia ele com humildade:

            “Nada tenho dilatado. Tudo que há, é de Kardec. Apenas tenho feito constatações. Mostrei-as em meus livros e demonstro-as na prática diária. Nada acrescento”.

            Modéstia do grande escritor, pois quem  suas obras verifica desde logo a larga contribuição que ele trouxe contribuição que ele trouxe ao Espiritismo, acendendo novas luzes na obscuridade de muitos problemas concernentes à comunicação dos “mortos” com os “vivos”.
            Desde os 13 anos de idade se sentiu atraído pelas pesquisas em torno do Espiritismo experimental, e desde essa época se aplicou à observação continuada dos fenômenos que lhe era dado testemunhar no seu próprio lar.
            Gabriel Delanne, em palestra com Henri Regnault, disse que quando resolvera consagrar-se resolutamente à propaganda espírita, foi-lhe transmitida uma mensagem do seguinte teor:

            ‘”Nada temas. Tem confiança. Jamais serás rico sob o ponto de vista material; coisa alguma, porém, te faltará na vida”.

            Era com indizível prazer que Delanne contava a seus íntimos o seguinte episódio de sua vida:

            “Em certo dia do ano de 1883 recebi uma carta em que a missivista, residente em Versalhes, encarecia a minha visita, a fim de inteirar=me sobre assunto concernente ao Espiritismo.
            A impressão que tive ao receber essa carta foi péssima, não apenas porque o papel era de inferior qualidade, mas sobretudo porque os termos em que estava vazada eram um tanto quanto obscuros, além de muitíssimos erros ortográficos e sintáticos.
            Refletindo melhor, resolvi atender a essa solicitação. Em chegando à residência da missivista, veio abrir a porta uma senhora já idosa. Ao saber que se tratava da minha pessoa, fez-me entrar imediatamente, conduzindo-me a uma sala bastante ampla e modestamente mobiliada. A um canto dessa sala havia uma grande mala toda forrada de couro amarelo-escuro, a qual, desde logo, despertou minha atenção. Com uma terrível acentuação inglesa, a senhora, sem se preocupar com o exame a que lhe estava submetendo, repetia-me, já um tanto enfarada, ser pensamento seu fundar um jornal para difundir o Espiritismo.
            Mas, minha senhora, respondi-lhe, para tal cometimento torna-se necessário dinheiro, mesmo porque um jornal, para que se mantenha, exige muito dinheiro.
            Nesta altura a idosa senhora dirigiu-se, em passos pesados, em direção à mala. Abrindo-a, dele tirou um maço de velhos papéis e do meio deles, uma grande carteira de couro, da qual retirou cinco cédulas de mil francos cada uma, entregando-mas tranquilamente. Diga-se de passagem que, nessa época- 1883 -, cinco mil francos representavam soma muito elevada.  E ao entregar-me essa importância disse: Eis o necessário para as primeiras despesas. Estou pronta a fornecer-lhe daqui por diante o que se tornar preciso. Estará disposto a aceitar o encargo de dirigir esse jornal? Surpreso, diante do inesperado, emudeci. Ela então repetiu com firmeza, aceita? Sim, articulei, e agradeço, Senhora, o interesse demonstrado em torno da difusão do Espiritismo.
            Para que agradecer? retrucou-me, acrescentando: logo que saia o primeiro número peço-lhe procurar-me para juntos prosseguirmos na propaganda do Espiritismo. E, levantando-se e de modo um tanto brusco, deu-me a entender que a visita estava terminada.”
            Foi assim que, graças à generosidade de uma inglesa, e que outra não era senão a Senhora Elizabeth d’Esperance – ainda desconhecida em França, nessa época -, que surgiu a revista “O Espiritismo”.
            Realizou Delanne experiências com médiuns de grande fama. Em 1904, juntamente com Charles Richet e outros estudiosos, presenciou os prodigiosos fenômenos de materialização da Vila Cármen, em Argel.
            Destarte, a produção literária de Delanne não se apoia em especulações imaginárias, mas em fatos por ele mesmo investigados e confirmados. Dedicando-se, de maneira especial, ao labor de demonstrar que o Espiritismo assenta sob bases científicas, escreveu essas principais obras, que hoje correm mundo: “Recherches sur la Mediumnité”, L’Âme est Immortelle”, “Le Spiritisme devant la Science”, “Le Phénomène Spirite”, “L’Évolution Animique”, “Les appariitions matérialisées des vivant et des morts”, em dois volumes e com mais de 1300 páginas (primeiro tomo: “Les Fantômes des Vivants”. segundo tomo: “Les Apparitions des Morts”), “Documents pour servir à l’étude de la réincarnation” (Paris, 1924), e finalmente “La Réincarnation”.
            Em “O Espiritismo perante a ciência” traça ele, com rara maestria, um quadro completo dos dados que o Psiquismo pode apresentar para merecer o respeito dos cientistas.  E para darmos uma prova da admirável segurança de sua argumentação, basta que lancemos os olhos sobre suas páginas e verificaremos, então, que desde a época, já longínqua, em que apareceu a 1ª edição dessa obra – 1883 - , o seu autor teve a satisfação de verificar que algumas das mais importantes teorias expostas tiveram a consagração da Ciência. Isto ele próprio confessa na parte final da referida obra, em edições subsequentes.
            Delanne sabia muito bem quão poderosa é a força da intolerância e da paixão, por isso na Introdução do seu livro “Pesquisas sobre a mediunidade”, datada de 25 de fevereiro de 1900, escreveu:

            A luta é inflamada e, provavelmente, será longa, de vez que os prejuízos religiosos e científicos se mostram obstinados. Insensivelmente, porém, a evidência acaba impondo-se. Temos agora a convicção de que a grandiosa certeza de imortalidade se tornará uma verdade científica, cujas consequências benfazejas, fazendo-se sentir no mundo inteiro, mudarão os destinos da Humanidade”.

            Noutro ponto dessa Introdução, salientava, bem inspirado, que a Física moderna, o magnetismo, o hipnotismo, a sugestão verbal ou mental, a clarividência, a telepatia e o Espiritismo, todos esses conhecimentos novos conduzem irresistivelmente o homem para o invisível e para o Além.

            Do Apêndice dessa mesma obra selecionamos o tópico seguinte:

            As provas das comunicações dos Espíritos, em cada ordem de fenômeno, são tão numerosas quão variadas; não é de se duvidar que o futuro ainda proporcionará novas provas, de tal sorte que, diante do número e da esmagadora evidência dessas manifestações, o Espiritismo se apresentará como ele o é realmente, isto é, a demonstração científica da imortalidade.

            O surto evolutivo, em geral, no século XX, tem sido espantoso, especialmente no que se relaciona a Ciência, que, nestes últimos anos atingiu uma proporção verdadeiramente geométrica. A Física e a Química, a partir da desintegração atômica, passaram a liderar as grandes conquistas do saber humano. Por isso não será fora de propósito dizer que a obra ‘A Evolução Anímica”, publicada em 1895, é mais um atestado eloquente das verdades do Espiritismo, e coloca a personalidade de seu autor num pedestal que bastante o dignifica.
            Muitos conhecimentos científicos, expostos pelo autor, sofreram, no correr dos anos, uma natural transformação e progresso, o que, entretanto, não invalidou  o vigor e a firmeza dos conceitos doutrinários espiritistas emitidos por Delanne, mas antes, vieram afirma-los cada vez mais.
            Julgamos interessante trasladar, para estas colunas, dois tópicos da Introdução de “A Alma é Imortal”:

            O Espiritismo projeta luz nova sobre o problema da natureza da alma. Fazendo que a experimentação interviesse na Filosofia, isto é, numa ciência que, como instrumento de pesquisa, apenas empregava o senso intimo, ele facultou que o Espírito seja visto de maneira efetiva e que todos se certifiquem de que até então o msmo Espírito estivera muito mal conhecido” . “o problema da imortalidade  da alma, que outrora pertencia à alçada da Filosofia, pode, nos dias atuais, ser atacado pelo método positivo. Já observamos uma orientação nova, criada pela pesquisa experimental.”

            O mundo tem sofrido muito, em virtude das concepções materialistas que avassalaram, por assim dizer, quase todos os ramos da atividade humana. Um dos maiores responsáveis por esse surto desagregador é justamente o clericalismo, com seus abusões e absurdos clamorosos, verdadeiras fábricas de descrentes e desiludidos. De maneira que são merecedoras de destaque estas palavras do autor de “O Fenômeno Espírita”, contidas em seu prefácio datado de 1893:

            O materialismo triunfa por toda parte, mas já se pressente ser de curta duração o seu reinado; basta servirmo-nos de suas próprias armas e combate-lo em seu próprio terreno.

            “A escola positivista encera-se na experimentação; imitemo-la: nenhuma necessidade temos de apelar para outros métodos, porque os fatos são obstinados, como diz o sábio Alfred Russel Wallace, e deles não é fácil desembaraçar-se.”
            “Em vez de apresentar aos incrédulos toda a doutrina formulada pelos Espíritos e codofocada por Allan Kardec, demos-les simplesmente a ler os trabalhos dos mestres, como Robert Hare, Crookes, Wallace, Oxon, Zöllner, Aksakof, pois que não poderão recusr os testemunhos desses grandes homens, que são, por títulos diversos, sumidades intelectuais no vasto domínio das ciências.”
           
            No ano de 1925, Delanne, com cerca de 68 anos de idade, deu a luz da publicidade uma obra de incomparável valor, intitulada “A Reencarnação”, última, aliás, saída de sua maravilhosa pena. Embora a última, como dissemos, na ordem cronológica, não nos arreceamos em dizer que, pelo rigor de sua lógica, pelo valor de sua argumentação, pela escolha de suas provas, pela superioridade de sua teses, pela imparcialidade com que apresenta os fatos, essa obra é a primeira da coleção delanneana.
            A sua Introdução é uma peça notável e que bem merecia fosse integralmente incorporada a este artigo, não fora a angustiante exiguidade de espaço.
            Dessa forma, apresentemos apenas o trecho final:

            A doutrina da reencarnação tem um alcance filosófico e social de considerável importância para o futuro da Humanidade, porque estabelece as bases de uma psicologia integral, que maravilhosamente se adapta a todas as ciências contemporâneas, em suas mais altas concepções. Estudemo-la, pois, com imparcialidade, e veremos que é ela mais que uma teria cientifica, porque uma verdade imponente, irrecusável.”

            A idade avançada, a paralisia e a cegueira não conseguiram diminuir o potencial de sua atividade e a pujança da sua Inteligência e nem arrefecer-lhe o entusiasmo, sempre vivo em defesa dos postulados espíritas á luz da ciência.
            Em todas as publicações espíritas apareciam seus escritos, com o deliberado propósito de esclarecer e firmar a convicção das verdades kardequianas, tendo o seu artigo de estreia aparecido em 1883. Fundou, em 1897, a “Revue Scientifique et Morale du Spiritisme” , na qual ficaram registrados preciosos trabalhos de sua autoria e de outros estudiosos do Espiritismo experimental.
            É bem certo que ele, absolutamente, não ignorava ser precaríssimo seu estado de saúde nos últimos anos de vida, o que todavia não o induzia a cruzar os braços à espera que soasse a hora da libertação de seus Espírito. Basta dizer que cogitava escrever mais um livro, cujo conteúdo já estava espiritualmente delineado. Não o escreveu, porém, porque no dia 15 de fevereiro de 1926, na mesma Paris que o viu nascer, seu Espírito se desprendia da matéria, rumo à Espiritualidade.
            Seu ultimo trabalho jornalístico, intitulado “A Exteriorização do Pensamento”, saiu publicado em “La Revue Spirite” de fevereiro de 1926, quando estão ele não mais se encontrava entre nós.
            Por esse artigo bem se pode avaliar a lucidez e a pujança  de sei Espírito de escol. Demonstrando, além, a genialidade e exatidão dos ensinos legados pelo Codificador lionês em suas obras fundamentais, nhoque concerne a o assunto em pauta, Delanne assim iniciava o aludido artigo:

            Foram os espíritas censurados algumas vezes por haverem aceito Allan Kardec como mestre, mas, a nosso ver, essa censura quase não se justifica, porque, estudando as suas obras, somos levados a reconhecer que desde meados do século passado Kardec possuía conhecimentos que ultrapassavam, de muito, não somente os dos psicólogos, mas até mesmo os dos espiritualistas das outras escolas.”

            Gabriel Delanne, ao prefaciar a obra “Katie King, historie de ses apparitions”, em 1899, entre outras coisas, escreveu uma passagem que bem define o seu propósito de mostrar, de maneira exuberante, que os postulados da Codificação Kardequiana são de tal ordem que a Ciência, com todo o seu poder e autoridade, jamais lhe conseguirá abalar os alicerces, mesmo porque os processos científicos, quando aplicados com honestidade, só levam a concluir pela veracidade da Doutrina Espírita.
            Bem sabemos que isso não pode agradar aos homens que só veem diante de seus olhos matéria, sempre matéria e nada mais que matéria! e aos teólogos que sabem que a implantação dos ensinos dos Espíritos importa na erradicação formal dos dogmas que sustentam suas religiões, inconsistentes às mais simples análises científicas.
            Ora, como Gabriel Delanne, cujo nome imprime autoridade, situou o Espiritismo em bases científicas, era natural que sofresse também a ira dos que se sentiram prejudicados e ameaçados em seus interesses personalistas e de castas.
            Ele soube, pela sua formação espiritual, pela sólida cultura e também pela fina educação que recebera no lar, bafejado pelas luzes do Espiritismo, ele soube, repetimos, enfrentar todas as situações, delas saindo cada vez mais respeitado e admirado.

                   




Nenhum comentário:

Postar um comentário