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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Bilhetes


Bilhetes

por G. Mirim (A. Wantuil)


Reformador (FEB) Novembro 1945

            Queixam-se os espíritas de que a ciência oficial repila os fatos e os ensinamentos que nos são conhecidos, sem os estudar e examinar como seria lógico e natural. Querem os nossos confrades que os senhores "sábios" venham até nós oferecendo-nos a oportunidade de lhes demonstrarmos à saciedade que os fatos são reais.

            Também me queixo eu, não dos "sábios" que estão bem onde se encastelaram, mas dos nossos confrades "acadêmicos", companheiros que procedem da mesma forma, nada admitindo além do que já conseguiram assimilar. Se se lhes fala num ponto novo da Doutrina, esses companheiros dão de costas ou refutam com a sua pretensa autoridade, quando não vão mais longe, com sofismas e até mesmo com violências, apesar de não ignorarem que a Revelação é progressiva.

            Os espiritistas "acadêmicos" fingem ignorar que estamos no abc. Sabem tudo, tudo explicam e ai daquele que ousar contrariá-los. Os demais confrades são, para eles, criaturas de má fé ou ignorantões, senão confusionistas e deturpadores.

            São esses nossos confrades como os médicos da chamada medicina oficial, essa mesma escola que pedia cadeia para os roceiros que curavam enfermos com garrafadas de cascas de quina, com esponjas torradas e com outros remédios semelhantes. Cadeia, porque curavam moléstias oficialmente consideradas incuráveis.

            Com o tempo, porém, a medicina oficial aprendeu a usar das cascas de quina sob a forma de cápsulas de quinina, e do iodo que verificaram existir nas esponjas torradas.

            Estes fatos de a medicina oficial aprender com o curandeiro, além de se contarem aos milhares, representam o progresso real da arte de curar, pois esses meios terapêuticas, uma vez observados, passaram para as Farmacopeias de todos os países e delas jamais saíram, o que não acontece com quase todas as descobertas puramente científicas, que entram e saem de moda, após alguns anos de experiências nas cobaias humanas.

            Hoje, com os passes recomendados pelo Espiritismo, os fatos se processam de igual maneira; e a nova terapêutica vem sendo reconhecida, com a conquista de médicos que já recomendam a aplicação de passes em certos casos complicados que se lhes apresentam.

            Com os nossos confrades "acadêmicos", também lentamente assim se dará. Não se pode exigir desses companheiros que pensem conosco; todavia, é lamentável a predisposição que têm para combater. Combatem tudo, e tudo sabem. Quando sentem que seus argumentos são frágeis, irritam-se e atacam: são os "doutores" em borla e capelo do Espiritismo. Alguns desprezam Kardec, outros nada aceitam além do que foi revelado ao Codificador, vários só recebem parte da Codificação e a subordinam às suas interpretações exclusivistas e restritivas. São os "doutores" em Espiritismo... 

            Se o chamado meio oficial, ligado aos interesses das academias, tem retardado o progresso dos meios curativos que o Espiritismo oferece, os meios "acadêmicos" dessa Doutrina têm ocasionado maior mal, porque não só retardam a aceitação de uma das faces, mas de todas as faces apresentadas pelo Espiritismo, para o estudo e elucidação do homem.

            Tudo, porém, parece obedecer a uma lei uniforme e imutável. Assim foi ao tempo do Cristo, assim é nos tempos atuais, mesmo porque, hoje como ontem, a revelação está acima do poder de assimilação da geração que passa.

            Com o tempo, porém, os homens se renderão ao que já nos é conhecido, enquanto nós outros, em encarnações futuras, iremos recebendo novas doses de esclarecimentos que, repelidos sempre por uma geração, serão aceitos pelas gerações seguintes.

            Contentemo-nos com o que nos for possível realizar e deixemos ao Alto a execução do plano traçado, sempre o mesmo, desde o aparecimento do primeiro terrícola.

            Que não nos impressione a lentidão. Trabalhemos!



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