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terça-feira, 2 de julho de 2013

09. 'Mediunidade e Perseverança'




09) Mediunidade e Perseverança

por Indalício Mendes
Reformador (FEB) Dezembro 1958

            Há pessoas de mediunidade ainda incipiente que não concordam em se entregarem a paciente e demorado trabalho de desenvolvimento de suas faculdades. Admiram os grandes médiuns e querem chegar depressa a fazer o que eles fazem, esquecidos de que "a natureza não dá saltos". Há ocasiões em que a mediunidade repentinamente evolve e o médium passa a fazer trabalhos que outros médiuns não conseguem realizar senão depois de longo tempo de exercício. Todas as particularidades do mediunismo são explicadas em "O Livro dos Médiuns", de Allan Kardec. Muitas vezes a mediunidade requer ambiente propício a seu desenvolvimento. Todos sabemos que semelhante faculdade, na sua parte técnica, independe da vontade individual e da moralidade, posição social, educação, crença, raça e estado da pessoa, tal como sucede relativamente à inteligência e ao talento. A mediunidade não é hereditária, mas há casos de famílias inteiras possuírem membros dotados de recursos mediúnicos.

            Está em moda, agora, graças aos esforços dos inimigos do Espiritismo, negar a mediunidade. Não importa que a neguem, porque semelhante atitude não impedirá que os médiuns apareçam e desempenhem as atividades inerentes ao mediunismo. Isto tem sido assim desde que o mundo é mundo, de modo que não seria hoje em que o Espiritismo está disseminado e melhor compreendido, porque as possibilidades de leitura, estudo e prática são infinitamente mais amplas que sucederia o contrário.

            Os que se iniciam nos mistérios da mediunidade devem dar atenção a estas palavras de Léon Denis: "Muitas decepções e dissabores seriam evitados se se compreendesse que a mediunidade percorre fases sucessivas, e que, no período inicial de desenvolvimento, o médium é, sobretudo, assistido por Espíritos de ordem inferior, cujos fluidos, ainda impregnados de matéria, se adaptam melhor aos seus e são apropriados a esse trabalho de bosquejo, mais ou menos prolongado, a que toda faculdade está sujeita.”

            "Só mais tarde, quando a faculdade mediúnica, suficientemente desenvolvida, adquiriu a necessária maleabilidade, e se tornou dúctil o instrumento, é que os Espíritos elevados podem intervir e utilizá-la para um fim moral e intelectual. O período de exercício, de trabalho preparatório, tão fértil muitas vezes em manifestações grosseiras e mistificações, é pois uma fase normal de desenvolvimento da mediunidade; é uma escola em que a nossa paciência e discernimento se exercitam, em que aprendemos a nos familiarizar com o modo de agir dos habitantes do Além.”

            "Nessa fase de prova e de estudo elementar, deve sempre o médium estar de sobreaviso e nunca se afastar de uma prudente reserva. Cumpre-lhe evitar cuidadosamente as questões ociosas ou interesseiras, os gracejos, tudo em suma que reveste caráter frívolo e atrai os espíritos levianos.”


            “É preciso não se deixar esmorecer pela mediocridade dos primeiros resultados, pela abstenção e aparente indiferença dos nossos amigos do espaço. Médiuns principiantes, ficai certos de que alguém vela por vós e de que a vossa perseverança é posta à prova. Quando houverdes chegado ao ponto requerido, influências mais altas baixarão a vós e hão de continuar a vossa educação psíquica. Não procureis na mediunidade um objetivo de mera curiosidade ou de simples diversão; considerai-a de preferência um dom do céu, uma coisa sagrada, que deveis utilizar com respeito, para o bem de vossos semelhantes. Elevai o pensamento às almas generosas que trabalham no progresso da Humanidade; e elas virão a vós e vos hão de amparar e proteger. Graças a elas, as dificuldades do começo, as inevitáveis decepções que experimentáveis não terão desagradáveis consequências; servirão para vos esclarecer a razão e vos desenvolver as forças fluídicas.”

            "A boa mediunidade se forma lentamente, no estudo calmo, silencioso, recolhido, longe dos prazeres mundanos e do tumulto das paixões. Depois de um período de preparação e expectativa, o médium colhe o fruto de seus perseverantes esforços; recebe dos Espíritos elevados a consagração de suas faculdades amadurecidas no santuário de sua alma, ao abrigo das sugestões do orgulho. Se guarda em seu coração a pureza de ato e de intenção, virá, com a assistência de seus guias, a se tornar um cooperador utilíssimo na obra de regeneração que eles vêm realizando." (“No Invisível” - Educação e função dos médiuns.)

            Transcrevemos apenas alguns trechos dessa obra admirável de Léon Denis; muito útil à leitura de todos aqueles que desejarem conhecimentos maiores a respeito do Espiritismo e particularmente acerca da mediunidade. A parte em que esse grande apóstolo francês trata da educação dos médiuns é importantíssima. Em nossa opinião, todos os indivíduos dotados de mediunidade, estejam ou não em fase de desenvolvimento, devem ler "O Livro dos Médiuns" e outras obras, como "No Invisível", de Denis, "Estudando a Mediunidade", de Martins Peralva, etc., para adquirir conhecimentos e assimilar conselhos de grande utilidade. Quanto mais o médium procurar ambientes favoráveis, melhor. A mediunidade deve ser tratada com muito carinho, o médium deve interessar-se por ela e defendê-la, porque, sem dúvida alguma, sua situação será sempre influenciada por essa faculdade prodigiosa. Tratá-la com indiferença ou mal tratá-la constituirá perigo para si próprio. Deve, pois, resguardá-la e defendê-la, porque estará defendendo a si mesmo. Nem se pense que a mediunidade é atributo exclusivo de espíritas. Ela pode surgir e manifestar-se em qualquer indivíduo, espírita, protestante, católico, muçulmano, budista ou ateu. Não importa. Não é um produto de crença nem de educação. Por isto é que não podemos deixar de sorrir quando os inimigos do Espiritismo, desejando combater a mediunidade, negam-lhe a existência ou afirmam, embora intimamente convictos da insubsistência da afirmativa, que ela é uma influência diabólica... Por pensarem assim é que muitas pessoas se atormentam, sofrendo os efeitos da "retenção da mediunidade". São médiuns e não se desenvolvem, ou não querem trabalhar. Tornam-se, não raro, joguetes de Espíritos inferiores, e não vale água benta e exorcismo para afastá-los.


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