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terça-feira, 2 de julho de 2013

24. 'Revelação dos Papas' - Pascal



24a

‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)

- Comunicações d’Além Túmulo -


Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier

Officinas Graphicas d’A Noite
Rua do Carmo, 29
1918


Pascal, o físico


O espírito apresenta-se sob o aspecto de um homem 
de chapéu de copa alta e abas grandes.
Está no meio de uma luz prateada muito branca, 
entrecortada de raios azuis e roxos e facho verdes.
O médium não consegue ver as feições do espírito, 
parecendo-lhe, entretanto,
ser as de uma pessoa moça, de rosto comprido.
A luz é deslumbrante.

________________

            Esperei este momento para vir à Terra falar aos homens em nome de Jesus.

          Aguardei esta hora para manifestar-me às criaturas e dizer-lhes que grandes serão os sacrifícios que fará a humanidade para alcançar a sua liberdade espiritual. Longos serão ainda os sofrimentos que a mesma humanidade terá que suportar.

          Venho dizer-lhes também que uma nova ordem de coisas se estabelecerá na Terra e grandes mudanças se operarão em todos os ramos, principalmente na ciência, que, de ateia e incrédula, passará a inspirar-se na fé apoiada na razão e nos fatos.

          Grandes conquistas fará a nova ciência, imensos horizontes se abrirão para ela, novas luzes hão de guiar os passos do homem de ciência na Terra. Ciência e religião serão inseparáveis, uma não existirá sem a outra; viverão irmanadas. Ninguém duvidará do que não estiver ao alcance da percepção do homem, o que só por dedução e, sobretudo, pela fé o homem poderá conceber. Nada do que hoje se sabe na Terra satisfará ao homem de amanhã. Todas as conquistas da ciência atual ficarão muito aquém das que há de alcançar a ciência do futuro.

          As leis conhecidas pelos homens são ainda em número deficiente para que se possa conferir aí o título de sábio a alguém, por maiores que sejam os seus conhecimentos.

          Confesso que fui em vida e continuo a ser o maior dos ignorantes, visto que os meus conhecimentos nada representam, comparados aos de outros espíritos que conheço e cujas lições tenho recebido com viva satisfação e a mais completa humildade. Tenho imenso prazer em declarar que não fui além dos conhecimentos que possui qualquer aprendiz nos mundos superiores à Terra, nos quais a ciência assombra, deslumbra, ofusca de modo esmagador a ciência deste planeta.

          Estou apenas um pouco mais esclarecido acerca das causas e não as confundo com os efeitos, tomando a nuvem por Juno, como outrora fiz. Tenho já algumas certezas adquiridas com o auxílio das faculdades espirituais, faculdades que se embotam durante a vida corpórea. Tenho feito estudos especiais sobre a matéria e a força, que, sei agora, são coisas distintas, existindo independente uma da outra - pois a força é a vontade de Deus que se modifica, e d’Ele emana diretamente, e a matéria elemento criado por Deus, dirigido pelas forças que são reflexos da Vontade Eterna, que se transforma segundo o plano onde exerce a sua ação, o ponto sobre o qual faz sentir os seus efeitos.

          Força e matéria, portanto, são, hoje para mim, coisas bem distintas no seu modo de ser e de agir.

         Nada mais existe além da vontade de Deus - causa única de todos os efeitos. Tudo que se mostra aos olhos da criatura são efeitos e as causas, aí constatadas pela ciência, são apenas aparentes, transitórias.

          Desde que me desprendi da matéria, adquiri nova concepção do Universo e suas leis. Nada do que trouxe para aqui serviu de base aos estudos que realizei após a morte, pois muito reduzidos eram os meus conhecimentos. Para cada estado que atravessamos, para cada meio onde vamos viver, são precisos novos estudos, novas pesquisas para entrarmos no conhecimento das leis ignoradas no meio de onde saímos.

          Quem vive na Terra ou em planeta da mesma categoria, ao passar para os mundos de categorias diferentes, tem que reformar todos os seus conhecimentos, visto que, desde que vieram as condições mesológicas ─ calor, pressão, densidade, humidade, poder de absorção dos corpos, etc., não se pode aplicar a esse meio os mesmos princípios, processos e métodos usados no meio onde o espírito viveu e adquiriu os seus conhecimentos.

          Mundos existem onde a lei da atração é constantemente modificada pelas forças compensadoras, que a cada passo, atenuam os efeitos daquela lei, sendo necessário, ali, para o estudo da gravidade, entrar-se no conhecimento das leis que regem tais forças e o seu modo de agir isolada ou conjuntamente, estudo esse que se torna difícil, à vista do grande número de modalidades que apresentam as referidas forças compensadoras.

          Habito atualmente em um ponto do Universo onde os corpos abandonados no espaço, ao invés de buscarem o centro da terra, como acontece no nosso planeta, se mantém a uma certa altura do solo, devido à ação das forças compensadoras, que atenuam a ação da gravidade, e todos os corpos, bem como os seres, não guardam a mesma altura, porque a sua estabilidade varia segundo a categoria a que pertencem. Nesse mundo não se anda como na Terra, os meios de locomoção são muito diversos dos adotados no vosso planeta.

          Ali, portanto, não podem ter aplicação as leis da mecânica conhecidas na Terra, ou, para maior clareza, poderemos aplicá-las, dando, porém, os devidos descontos para as modificações que as referidas leis sofrem sob a influência das forças compensadoras; e, nestas condições muito mais complicado deve ser o estado da mecânica nesse mundo, onde as condições mesológicas, as necessidades biológicas e mesmo sociológicas dos seres que habitam essa esfera, diferem por completo das da Terra.

          Estou de tempos a tempos, em contato com habitantes de um meio superior aquele onde vivo, que me dizem que na atmosfera do seu mundo não há vapores, pois fenômeno algum de condensação se verifica; os seres que habitam esse mundo feliz nada absorvem do ambiente que os envolve, nenhuma pressão suportam os corpos, porquanto nesse meio, rarefeito em extremo, nenhum gás existe em suspensão, não havendo, como no vosso planeta, os gases permanentes e aeriformes e também a mistura dos gases que formam o ar que respirais e sem o qual não podeis viver na superfície do vosso globo. Tudo ali é visto de modo muito diverso daquele pelo qual encaramos as coisas no mundo onde vivo e, maior é ainda a diferença entre as maneiras de sentir as coisas naquele mundo e no vosso. Ali os vossos barômetros nada acusariam, as agulhas imantadas conservar-se-iam em repouso eterno, os vossos ácidos e os respectivos sais não se manteriam coesos e uniformes, perderiam os seus principais característicos, ficando reduzidos a mera aglomeração de átomos, desaparecendo para sempre todas as suas propriedades, deixando, portanto, de ter ação sobre a vossa sensibilidade.

          Assim, variam, de categoria a categoria, as condições dos mundos que caminham no espaço.

          Os mundos que gravitam em certos pontos sofrem modificações na sua estrutura física, de acordo com o destino moral de cada planeta e fim moral a que se destinam os corpos celestes, os mundos, influi grandemente na sua rotação e também no seu movimento de translação.

          Para os mundos superiores, chamados mundos espirituais e divinos, o movimento de rotação é muito maior que o dos mundos de categoria inferior, denominados materiais ou planetas de expiação, e o movimento de translação é proporcional ao de rotação. Imaginai a velocidade que desenvolvem tais mundos! Nenhum ser habitante do vosso planeta suportaria essa velocidade e muito menos a falta de pressão atmosférica; qualquer habitante da terra, para ali transportado tal qual se acha organizado, ao chegar a superfície de um desses mundos arrebentaria, ficando reduzido a poeira.

          Todas as condições mesológicas, nos mundos que gravitam no Universo, estão de acordo com o destino moral desses mundos; espíritos evoluídos, que não mais vivem sujeitos as contingências da vida material, não carecem de ambiente pesado, concreto, saturado de matérias deletérias, habitados por seres infinitamente pequenos, como os que vivem em suspensão na vossa atmosfera e tantos males ocasionam a vossa saudade; espíritos que já não suportam os limites da forma, que não podem viver enclausurados dentro do acanhado espaço do corpo humano, vão habitar um meio onde todos os seres se contem no ilimitado, onde as coisas só se concretizam no pensamento dos que habitam essas paragens, quando se comunicam com os habitantes dos mundos de categoria inferior.

24b

‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)

- Comunicações d’Além Túmulo -


Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier

Officinas Graphicas d’A Noite
Rua do Carmo, 29
1918


Pascal, o físico


          Ai tendes como a vida moral influi sobre a material, à medida que o espírito sobe na hierarquia espiritual, à proporção que caminha para a perfeição. Quanto mais se apuram as faculdades morais do espírito, vão cessando também as contingências, diminuem as necessidades, - um que atua, o outro que reage.

          Os seres que habitam aquelas terras privilegiadas nada recebem do exterior, materialmente falando, assim como também nada devolvem ao meio. E porque o meio está assim organizado, por isso mesmo atrai os seres análogos a ele, que ali desfrutam uma vida deliciosa, vida contemplativa, vida de êxtases, viver de santos e bem-aventurados. Quem sobe a essas paragens - onde tudo parece feito de luz, onde há só claridade, onde as consciências se refletem a distância e as ondas finíssimas do éter levam o pensamento a distâncias incalculáveis (tendes uma pálida imagem dessa telepatia divina na vossa telegrafia sem fio) - fica deslumbrado, sem saber - dizem os que lá foram - como se pode viver em tais condições, e só, depois que se adapta ao meio começa a entender a razão e o porquê das coisas. Os habitantes desses mundos são os espíritos escolhidos por Deus para as missões especiais, cuja responsabilidade não podemos medir nem calcular.

          Fora da Terra, portanto, variam por completo as condições mesológicas e, para cada meio são necessários órgãos especiais e a adaptação das faculdades da alma às condições do ambiente onde o espírito é chamado a cumprir a sua provação. Onde há luz, são necessários aparelhos especiais para suportar as vibrações do ar e distinguir as imagens, a forma e cor dos objetos; onde há ausência de luz, não mais são necessários os nervos óticos; as retinas e outros acessórios indispensáveis à visão, mas tateia-se, apalpa-se. Desenvolve-se então o tato, a seleção é feita por meio de órgão apropriados, com auxílio dos quais o ser consegue saber se está em face de um corpo sólido, líquido ou gasoso, e até perceber os característicos pelos quais são distinguidos os seres e as coisas.

          São mundos inferiores esses onde a luz escasseia, onde não há coloração, onde tudo é opaco, obscuro, pesado e sombrio, mundos onde habitam os que começam a evoluir, os que hão de um dia chegar aos mundos de luz, das claridades eternas.

          Como vedes, o espírito parte da treva para a luz e, a medida que a sua consciência vai despertando, ele vai cada vez mais banhando-se na luz, mergulhando nas vibrações sempre mais rápidas e sutis do éter, purificando-se, depurando-se, despindo-se das impurezas materiais, tornando, a cada etapa, o seu perispírito mais brilhante, aumentando-lhe o poder de irradiação, até transformá-lo num sol vivo, fazendo-o mais diáfano, pensante, consciente da sua existência no tempo e no espaço, caminhando em demanda da bem-aventurança, identificando-se com o seu Criador, cujos desígnios aprende a decifrar, cujas leis consegue interpretar, de cuja sabedoria participa, de cujo amor vive por toda a eternidade!

          Ai tendes a diferença existente entre o vosso mundo e os demais que povoam o Universo.

          Que Deus vos dê, a todos vós, coragem e ânimo para que possais vos aperfeiçoar, a fim de irdes, cada dia, subindo nessa escada de luz, cujos degraus são os mundos, e que deveis galgar a custa dos mais ingentes esforços e suportando duras provações, certos de que, aos chegar ao alto da luminosa escada, encontrareis a compensação de todos os esforços, o prêmio para todos os sacrifícios que houverdes feito durante a gloriosa ascensão.
         
            Que assim seja - diz o vosso irmão.

Pascal, o físico
Março de 1917


Informações Complementares - Blaise Pascal (Clermont-Ferrand, 19 de Junho de 1623 — Paris, 19 de Agosto de 1662) foi um físico, matemático, filósofo moralista e teólogo francês.

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