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terça-feira, 23 de julho de 2013

O Deus dos Católicos



- O Deus dos católicos.
- O Infinito com limites.
- O absurdo.
- Segundo o critério romano, quem é Deus?

            Deus em sua essência, em si mesmo, é um ser infinitamente puro e perfeito, eterno, imenso, onipotente, causa do Universo, infinitamente bom, sábio, justo e misericordioso; em suma, é o poder, a sabedoria e o amor infinitos concentrados numa individualidade indefinível.

            Estamos conformes, de toda a conformidade, com o critério de Roma, quanto à essência da divina substância. Corresponde perfeitamente à ideia que pode fazer da Divindade o limitadíssimo entendimento do homem. Despojar a Deus de qualquer daqueles atributos, seria destruir a concepção de Deus - seria estabelecer a negação como ponto de partida e base de todas as afirmações altruísticas.

            E isto é perfeitamente o que faz a Igreja Romana dentro do seu critério religioso, na esfera das relações entre o homem e o Ser Supremo.

            O infinito limitado, o absurdo, tal o cimento da religião dos papas; mas o cimento de toda religião é Deus - e o Deus de Roma é o infinito com limitações.

            Pureza - perfeição - sabedoria infinitas limitadas, no entanto, por uma impureza - por uma imperfeição, seria um erro eterno; seria o mal absoluto, seria um dos resultados da obra de Deus.

            Neste caso o poder infinito para o bem seria limitado pelas conquistas do Espírito maligno, pois revelam claramente a importância divina (4) ante o poder de uma das suas criaturas.

               (4) Ninguém pode entrar na casa do valente e roubar-lhe as joias, sem que primeiro prenda o valente, para depois saquear- lhe a casa. (S. Marcos, cap. III, vers. 27)

            A bondade infinita seria limitada pela criação da imensa multidão de Espíritos predestinados a eternos sofrimentos.

            A misericórdia e o amor infinitos teriam seu limite à porta do horrendo calabouço dos miseráveis réprobos.

            A justiça infinita seria limitada pela injustiça de bárbaros e exagerados castigos - e pelas preferências caprichosas entre os Espíritos angélicos e humanos - entre estes, principalmente, pois, sendo definitiva a sua sorte depois da existência corporal, para que fosse justo o castigo e imparcial o prêmio, seria preciso que todos sofressem iguais provas, assim como contrariedades e tentações em condições idênticas.
           
            Se, pois, aceitamos o critério de Roma quanto à evidência divina, muito longe estamos de respeitá-lo como guia fiel e intérprete infalível no que entende com as relações entre as criaturas e o Criador; mas, tão longe mesmo, que não vacilamos em considerá-la a principal causa das divisões e cismas da Igreja - da indiferença religiosa - do positivismo - e do materialismo que tão audaz se ostenta em nossos dias.

            O absurdo não pode dar outro fruto que não seja a negação. O absurdo religioso conduz, primeiro, à divisão, ao cisma, e conclui pela indiferença e pelo ateísmo.

            Estamos na última fase do Catolicismo Romano.
Fonte: ‘Roma e o Evangelho’
de José Amigó y Pellícer
(7ª Ed. FEB - 1982)

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