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terça-feira, 16 de julho de 2013

32a e b. 'Revelação dos Papas' - Bossuet

32a

‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)

- Comunicações d’Além Túmulo -


Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier

Officinas Graphicas d’A Noite
Rua do Carmo, 29
1918

Bossuet

O médium vê o espírito envolvido em luz toda prateada, 
acompanhado de um foco azul e outros verdes.
 A silhueta do espírito é vista no meio da irradiação luminosa.
_______________________

          Venho para dizer-vos que também eu me curvo ante a verdade espírita, que proclamo a única e a legítima verdade, sobrepujando as outras.

          Tenho imensa satisfação de vir à Terra para confessar, perante os homens, que muito errado andei outrora, quando preguei o que hoje considero falsidade e absurdo.

          Sinto-me feliz em poder agora dizer-vos tudo quanto sei com relação à infinita misericórdia de Deus e aos ensinamentos dados ao mundo por Jesus, ensinamentos estes que já defendi, mas sem os compreender na forma e muito menos no fundo, na sua pura essência.

          Hoje tenho absoluta certeza sobre o que diz respeito à alma humana, o seu paradeiro, o seu destino final na Criação, o seu rumo através o infinito, a sua marcha ascendente para Deus, o seu caminhar incessante e glorioso para a suprema perfeição.
        
            Sei agora, melhor que noutros tempos, medir e pesar as palavras do Evangelho; sei hoje melhor interpretar os conceitos luminosíssimos contidos no incomparável livro.

          Possuo presentemente mais conhecimento acerca do papel que representa o homem na Terra, a sua missão, o seu destino, as suas responsabilidades, as suas conquistas, as suas ideias, a sua evolução e o seu fim na Criação.

          Sou cada vez mais ardoroso defensor da Pureza Cristã e também do seu espírito divino que encerram as palavras de Jesus, inspiradas pela suprema sabedoria, que iluminou o espírito do Mestre ao baixar este à Terra para ensinar a verdade aos homens, amá-los e morrer por eles.

          Vou compreendendo, cada vez com maior clareza, o escopo da Divina Razão lançando o homem ao mundo cercado dos múltiplos obstáculos que se apresentam no seu caminho e parecem querer tornar impossível o seu aperfeiçoamento: desse modo, o homem, que tem o livre Arbítrio, caminha como lhe apraz e abraça o erro e a mentira de preferência ao bem e à verdade, a sombra à luz, o mal à virtude, os horrores do inferno às doçuras e alegrias do céu.

          Sei agora melhor discernir sobre o porque do sofrimento do homem na Terra; porque dá a Sublime Vontade mais a um do que a outro; porque gozam e folgam uns, enquanto outros choram e padecem as mais cruciantes dores; porque existe o pobre, o mendigo e o miserável ao lado do rico e do opulento - sem que haja, da parte de quem criou todas essas desigualdades, injustiças e incoerência. Sei ainda porque tantas vezes se vê a virtude apedrejada, o vício glorificado, o crime endeusado, a mentira triunfando da verdade absoluta e eterna.

          Compreendo a razão pela qual padecem inocentes, enquanto os perversos e criminosos vivem tranquilos e felizes.

          Sei agora, melhor do que nunca, julgar o que outrora me pareceu absurdo e incoerente, falso e irrisório: a intenção da Divina Justiça fazendo com que o mal fosse corolário do bem e vice-versa.

          Reconheço hoje e proclamo a justiça e a perfeição absolutas e assombrosas da obra do Criador, que se manifestam em toda a natureza e se fazem sentir em tudo o Universo.

          Tendo a doce e consoladora satisfação de constatar o desacerto das minhas afirmações, quando da tribuna, que foi o meu pedestal, preguei a verdade escrita no Evangelho, sem interpretar rigorosamente o sentido das sábias palavras de Jesus, dizendo aos discípulos:

        “A casa do meu Pai tem muitas moradas; quem quiser entrar na casa do Pai há de se fazer pequeno como este menino; quem quiser chegar ao reino do meu Pai não conseguirá sem renascer.

          Nada entendia eu dessas sublimes verdades, cuja revelação só pode ser fornecida pelo Evangelho examinado à luz do Espiritismo e nos ensinamentos trazidos ao mundo pelos que, como eu, depois da morte, sofreram atroz decepção, verificando ser completamente falsa a interpretação dada aos sagrados textos por aqueles que na Terra supõem tudo saber com relação às verdades eternas e não admitem outra, em hora revelada por quem já não pertence ao mundo das ilusões e das trevas.

          Sinto-me ditoso por confessar aqui as minhas desilusões e desenganos ao entrar na vida espiritual, onde, após longo período de dúvidas e decepções, incertezas e desalentos, vim encontrar a verdade absoluta, que hoje proclamo por ser a única - a Suprema Verdade, a Verdade Divina e Eterna, que há de consolar a todos vós, como consolou e alentou aquele que vos fala nesta comunicação e vós diz:

          Meus caros e amados irmãos, tudo quanto sabeis acerca das coisas eternas - imortalidade d’alma, justiça de Deus, penas e recompensas eternas, destino da criatura no seio da Criação, rumo da alma do homem, misericórdia de Deus e salvação dos espíritos, a vida do Universo, etc., etc. - é tudo falso, e nenhum crédito deveis dar ao que vos ensinam aqui com visos de verdade.

          A única verdade que existe, e na qual deveis somente acreditar, é a ensinada pelo Espiritismo e promulgada pelos espíritos.

          Tudo que não estiver escrito nos livros admiráveis dessa doutrina deveis considerar apócrifo, invenção ou fantasia dos homens, sempre empenhados em retardar o progresso da humanidade terrena.

-continua-


32b

‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)

- Comunicações d’Além Túmulo -


Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier

Officinas Graphicas d’A Noite
Rua do Carmo, 29
1918
-continuação-
Bossuet

 
        Quem vos fala hoje é Bossuet, que no mundo foi o mais denodado batalhador dos ensinos ministrados pela Igreja, dos erros e falsidades ainda hoje apregoados por toda a parte pelos que tem os olhos vendados, e por isso, são incapazes de fitar a Sublime Luz que vejo brilhar aqui aos meus olhos e que me esforçarei, quanto o possível, para conseguir que me toque também os vossos olhos, iluminando a vossa razão, elucidando o vosso entendimento, a fim de que possais adquirir aqui mesmo, na superfície da Terra, as certezas que só obtive no mundo dos espíritos, a custa de dores, amarguras e desilusões cruéis.

          Venho, numa missão de caridade e amor, chamar a vossa atenção para essa verdade espírita, a única que vos poderá salvar, consolando-vos as aflições em que vos achais, sem rumo, desorientados, sem esperança, sem coisa alguma em que o vosso espírito possa apoiar-se.

          É por isso, como vos disse, de caridade e amor a minha missão junto a vós, é para repartir convosco o pouco que sei e que para vós valerá muito.

         Quero mostrar-vos como são falsos os conhecimentos que possuis sobre as infinitas realidades que haveis de conhecer um dia, pois pensais que, após a morte, a vossa alma irá para o inferno ou para o céu, conforme Deus a julgar criminosa ou pura.

          Não acrediteis que existam lugares determinados para gozo ou sofrimento, depois da transformação chamada - morte, assim como não deveis admitir a intervenção direta de Deus no castigo ou no prêmio que receberdes após a morte.
         
            Deus é um Espírito que abrange todo o Universo, que envolve todas a coisas, liga todos os seres, prende e movimenta tudo que vedes girando em torno de vós.

          Assim sendo, o espírito atrasado, que termina a sua provação na Terra, não o poderá ver e muito menos compreender.

          Logo, não podereis, como pensais, receber diretamente das mãos do Altíssimo, o prêmio ou castigo pelo bem ou pelo mal que houverdes praticado durante a vida terrena.

          Tudo quanto se sofre depois da morte é o que se reproduz na consciência do espírito; se ele foi bom, se amou o seu semelhante, se cumpriu as leis de Deus, se jamais violou os princípios da doutrina de Jesus - a sua consciência no mundo dos espíritos se transforma em paraíso, onde o espírito desfrutará as delícias de uma eterna primavera; se, ao contrário, foi criminoso, se praticou o mal ou desobedeceu as leis divinas, se viveu divorciado da doutrina de Jesus - a sua consciência se transformará em horrível caos, em um abismo profundo e tenebroso, onde a pobre alma culpada se estorcerá atormentada pelos remorsos, pelas tristes recordações dos erros e crimes que houver praticado na Terra ou em outro qualquer mundo onde, porventura, tenha vivido.

          Aí tendes o primeiro erro destruído.

          O que vos dizem sobre a misericórdia de Deus é da mesma forma falso como todas as outras afirmações que a cada instante ouvis.

          A misericórdia de Deus é infinita, a Sua bondade não tem limites; por isso, o perdão é concedido à todos os que sinceramente se arrependem de haver praticado o mal e, voltando-se para o Pai de Justiça e Amor, suplicam a graça de expurgar os seus crimes em existências sucessivas, que são a prova mais brilhante da infinita misericórdia do Criador.

         As existências sucessivas, de realidade absoluta, são um meio de resgate, um cadinho depurador em que a alma aos poucos se vai despindo das impurezas da matéria, para, assim limpa e delas expurgada, ascender à perfeição.

          Deus, portanto, não condena ninguém; as suas leis estão sempre em vigor, e quem as infringe sofre as consequências da sua fraqueza e desobediência.

          O próprio espírito prepara a sua felicidade, ou cava a sua ruína e a sua desgraça.

          Aí está destruída mais uma falsidade.

          Não há, pois, céu nem inferno, a não ser nas consciências.

          O céu ou o inferno está, reside, dentro de vós mesmos.

          Os mundos que gravitam na imensidade são os lugares para onde as almas são chamadas a cumprir as suas provações, podendo o espírito viver ora num ora em outro mundo da mesma categoria, de acordo com os seus méritos ou deméritos.

          Este que vos está falando, antes de vir à Terra, onde teve já quatro existências, sendo a antepenúltima aquela em que se chamou Bossuet, havia já habitado outros mundos inferiores e também dois da categoria da Terra.

          Depois dessa existência, em que fui Bossuet, já aqui voltei mais duas vezes.

          Aí está como o espírito caminha através o infinito, ascendendo sempre para Deus, realizando aos poucos o seu progresso caminhando para a perfeição.

          A morte, pois, nada é senão adormecer para despertar, renascer, na Terra ou em outro mundo superior ou igual.

          Não há crimes que não mereçam perdão, uma vez que o espírito expurga numa existência o mal que fez na anterior; e assim vai sucessivamente, até o dia em que não mais pratique o mal, entrando na perfectibilidade absoluta, tornando-se então bem-aventurado, espírito eleito do Senhor.

          Aí tendes destruídos os erros que vos infelicitam, desfeitas as dúvidas que assaltam constantemente o vosso espírito.

          Nada existe que não tenha explicação; tudo está previsto e destinado por Deus.

          Deveis, portanto, abandonar essas falsas ideias incutidas no vosso espírito por quem tem interesse em manter-vos ignorantes e inconscientes do vosso papel e do destino das coisas no conjunto universal.

          Não vacileis. Aceitai estas luzes, apoiai-vos sobre estes vigorosos efeitos que vos oferecemos, nós os espíritos; assentai sobre eles o edifício da vossa fé, guiando os vossos passos os caminho do progresso, norteados por estes sentimentos, orientados por esta bússola que vos dará o rumo seguro, apontando-vos o porto onde ireis encontrar a salvação.

          Tende fé e confiança no vosso destino, no vosso Deus e no vosso Jesus; praticai o bem, a caridade e o amor; amai a verdade e divulgai pelos vossos irmãos que carecem dela como o cego precisa da vista para caminhar na Terra.

          Confiai no dia de amanhã. Nada está perdido; o que se passa aos vossos olhos são os pródromos da revolução regeneradora, é a transformação do vosso planeta, que vai entrar na ordem dos mundos de provações e missões superiores.

          Bossuet retira-se satisfeito de ter podido realizar hoje o que há muito almejava, isto é, falar aos homens para lhes dizer tudo quanto acaba de escrever.

          Agradeço daqui à Divina Luz a graça que concedeu ao mais humilde dos Seus filhos, permitindo-lhe falar aos seus irmãos, repartindo com eles o que adquiriu à custa de decepções, lágrimas e cruéis desenganos: a confiança absoluta na infinita sabedoria e na misericórdia de Deus, que invoca neste momento para todos os seus irmãos da Terra, pedindo-lhes que voltem os olhos para a Luz, deem as costas às trevas, à mentira e ao erro.

          Um adeus afetuoso a todos, e até um dia.

Bossuet
Novembro de 1916

Informações Complementares


Nome completo: Jacques-Bénigne Bossuet. Nasceu em Dijon, França, em 27 de setembro de 1627 e morreu em 12 de Abril de 1704, em Paris. Bispo e teólogo, Bossuet foi um dos primeiros a defender a teoria do absolutismo político; ele defendia o entendimento que os reis de França recebiam seu poder de Deus daí sua divindade. A rigor, defendia a centralização do poder temporal o que facilitava a influência da igreja de Roma.

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