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domingo, 28 de julho de 2013

37. 'Revelação dos Papas' - Urbano I


37
‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)

- Comunicações d’Além Túmulo -


                              Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier

Officinas Graphicas d’A Noite
Rua do Carmo, 29
1918


Urbano I

O médium vê um homem claro, alto, magro, de rosto fino e delicado, cabeleira branca,
tendo sobre os ombros uma pelerine branca; veste túnica arroxeada e traz na cabeça a tiara.
O espírito está circundado de grande irradiação luminosa.


            Quero dar-vos alguns ensinamentos úteis. Venho trazer-vos as minhas felicitações pelo grande benefício que estais recebendo de Deus, que vos envia os espíritos dos papas para vos orientarem, instruírem e guiarem para o caminho do bem e da verdade. O espírito do papa que está presente neste momento, na superfície da Terra, vem dizer-vos verdade pura, a verdade de que muito careceis, mas que ainda não vos acostumastes a ouvir, mesmo porque ninguém, a não serem os espíritos, poderia proferir, tendo a hombridade para dize-la sem rebuço, desassombradamente, como estão fazendo os espíritos dos papas que colaboram nesta "Revelação".

            Sou o espírito de um papa que em vida praticou atos de fraqueza e que muita vez falseou a doutrina que fora incumbido de pregar, ensinar e defender. 

            Hoje sinto um imenso prazer, qual é o de rever esse passado aqui entre os homens, no seio da cristandade, na superfície deste planeta, onde vivi e de onde parti para a eternidade cheio das ilusões da vida terrena, agasalhando n'alma as mais fagueiras esperanças de salvação, levando para o mundo dos espíritos a certeza de ir viver a vida feliz e gloriosa dos eleitos, desfrutando, ao lado de Deus, as doçuras e a paz que desfrutam ali os bons, os justos e os santos. O papa Urbano I entrou na eternidade convencido de que muito fizera pela humanidade e por isso muito mereceria de Deus.

            Os seus derradeiros instantes foram tristíssimos, as suas últimas lágrimas foram de pesar e de dor ao desprender-se da matéria, que tanto amou e cujos prejuízos e preconceitos o acompanharam até o mundo dos espíritos, onde dificilmente deles se despojou após longo e doloroso sofrimento, depois de haver padecido as mais tristes e desoladoras decepções, experimentando as mais ingratas desilusões no momento em que reconheceu ter caminhado, quando na Terra, à frente da cristandade, em desacordo com a doutrina de Jesus. Foram para o espírito do papa Urbano I amargas e horríveis as suas provações no mundo espiritual. Ali
sofreu ele as maiores afrontas, as mais terríveis agonias: gemeu, chorou, bradou, soluçou no meio das trevas em que se achou a sua alma depois da morte, que foi para o espírito que vos fala neste momento com a consciência aberta, confessando-se criminoso entre os mais criminosos dos seus antecessores e sucessores, a maior das desilusões.

            Ele vos fala hoje com a máxima franqueza, a maior sinceridade, dizendo toda a verdade que precisais conhecer e, também, que muito lucrareis adquirindo o conhecimento dessa verdade de que o espírito de Urbano I é portador, em nome de Deus.       

            Na minha vida de papa experimentei as maiores alegrias que podem encher, inundar a alma de um pontífice. Fui, até certo ponto, feliz por ter tido a ventura de iniciar no meu pontificado o regime de paz e, concórdia que reinou entre a Santa Sé e os governos das nações da Europa. Fui um conciliador, politicamente falando. Tive sempre o maior prestígio junto aos soberanos da Terra, que jamais me hostilizaram, nem tão pouco guerrearam a religião de Jesus Cristo, que me fora dado representar no mundo. Lutei sempre em favor da paz e da tranquilidade mundial, empregando os maiores esforços para impedir conflitos e guerras que as paixões dos homens procuravam atear a todo instante. Empreguei a minha atividade papal procurando congregar em torno do trono pontifício todos os estados leigos, aos quais sempre dispensei a mais carinhosa atenção e o mais desinteressado afeto. Aos soberanos, reis, senhores, duques e barões sempre hipotequei o meu incondicional apoio em tudo que fosse feito no sentido de consolidar a paz que, inaugurada sob os mais risonhos auspícios, se estabelecera entre as doces e legitimas esperanças de que o mundo entraria em nova era de progresso e felicidade.

            Tudo fazia crer que os desejos que o papa formulara ao iniciar o seu pontificado e que tantas vezes manifestara nos seus escritos, bulas, encíclicas e breves, dando, a todos a certeza dos seus intuitos de paz e do seu espírito de ordem, respeito e obediência ao direito dos povos, se transformariam em realidade.

            Todas as circunstâncias mostravam-se favoráveis ao estreitamento das relações de amizade entre os governos e o Vaticano, em cujo seio se agitavam ideias liberais, tendentes a conciliar o espírito da época com os interesses da religião.

            Tudo se fazia no seio da Igreja para impedir que alguns ambiciosos, desvairados pela sede de domínio, viessem perturbar a ordem que era então defendida pelos mais poderosos estados, a cuja frente estavam homens de valor e real prestigio.

            Procurava o papa Urbano I, sempre que lhe era lícito fazer, afirmar as suas tendências pacíficas e conservadoras, buscando harmonizar os interesses do Cristianismo com os dos estados que então formavam a aliança para cuja realização o papa concorrera com os seus bons ofícios, empenhando-se resolutamente na obra piedosa do congraçamento universal.

            Marchava o mundo feliz, embalado pelos seus anelos de paz, caminhava a humanidade para a consolidação das suas crenças religiosas, quando do centro da Europa irrompeu um movimento separatista e do norte uma horda selvagem ameaçou novamente o continente, fazendo com a ameaça oscilar o edifício da paz, em cujo levantamento se empregaram tantos esforços e se consumiram tantas energias.

            Foi nessa hora de dor para a Europa, foi nesse momento tristíssimo o para o mundo que se fez sentir a voz do papa, que, inspirado pela Divina Sabedoria, teve poder e força para sustar o movimento separatista e conter a horda que ameaçava, com a sua fúria selvática, a paz do grande continente. O papa prestou, portanto, real serviço nesse trágico momento que a humanidade atravessou. Foi o traço de união entre bárbaros e civilizados, impedindo a desencadeamento da grande tempestade, que teria lançado por terra o soberbo edifício da paz, que fora construído por espíritos bem intencionados, ansiosos para estabelecer na Europa um modus vivendi definitivo. Outros triunfos alcançou ainda a religião de Jesus Cristo durante o pontificado de Urbano I; muitas foram as conquistas de que se pode ufanar a religião de Jesus.

            Todos esses atos de benemerência contrastam, infelizmente, com outros de pura vaidade, do mais condenável orgulho e da mais injustificável prepotência e desumanidade. O papa Urbano I sacrificou muitos interesses da religião à essa política que lhe dera tanto renome e que lhe transferira a fama de pacificador, e foi essa mesma política que o arrastou para o abismo. Apaixonou-se o papa por essa ninfa, deixou arrastar-se pela sua beleza, pelos encantos e promessas com que lhe acenava a caprichosa deusa, e, sem mais refletir, precipitou-se lhe nos braços, deixando estrangular-se. Foi, pois, o reinado de Urbano I um reinado político, mais político que religioso.

            Foi o meu pontificado todo dedicado à politica, se bem que, em parte, boa e sã política, mas, ainda assim, foi ela a sua desgraça, causa de muitos desgostos experimentados pelo pontífice ao entrar na vida espiritual, onde, se existissem as penas eternas e não fosse infinita a bondade de Deus, teria sido condenado para toda a eternidade, pois grandes foram os crimes e os erros que a política o levou a praticar durante o seu pontificado na Terra.

            Sofreu bastante o papa Urbano I, ora no espaço, ora na Terra, onde já compareceu oito vezes depois de se ter sentado na cadeira de São Pedro. Hoje, ele se acha em condições de falar aos seus irmãos da Terra para dizer-lhes:

            Tende fé e confiança em Deus, em cuja existência deveis confiar em absoluto. Evitai os erros e os crimes; não vos deixei, seduzir pelo esplendor dos falsos cultos, buscai a verdade na simplicidade desta doutrina - o espiritismo, que é a única que nos pode proporcionar o prazer,que ora sentimos, de conversar após tantos séculos da minha retirada deste mundo, onde dirigi as vossas consciências. Estudai essa doutrina, cultivai-a, observai os seus fenômenos, aproximai-vos de nós, vinde aprender com os espíritos, os únicos que possuem o conhecimento das grandes verdades. Vinde, meus amigos é meus irmãos. 

            "Procurai que achareis: batei que vos abrirão" - foi o que disse Jesus e é o que neste momento vos repete o vosso irmão, que se retira levando as mais vivas saudades de vós, prometendo voltar para vos dar outras notícias, fornecer-vos outras luzes para vos guiarem na jornada da vida.

            Adeus, e até breve.

Urbano I
Novembro de 1915

Informações Complementares

Ano
217/222    Caracala   é   assassinado   por   Marco Opélio Macrino   que   se   auto    nomeia  imperador. Os militares eliminam Macrino. Bassiano, primo de Caracala, de 14 anos de idade, é colocado no poder, compartindo-o com sua avó Júlia Mesa e com sua mãe, Júlia Soêmia. “Realimenta-se a perseguição contra os grupos nazarenos e também contra todos os cidadãos honrados que ousassem desaprovar-lhe a conduta”, conta  Emmanuel (4).
            Em 222, mãe e filho são assassinados.
            Morre, também, Ápio Corvino, assassinado em viagem para Cartago, na África. Corvino era famoso por suas pregações evangélicas em Lião. 

220      Ano de publicação da obra ‘Livro do Pastor’, escrito por Santo Hermas, discípulo dos apóstolos, lido nas igrejas até o século V, com o mesmo respeito que se dedicava aos Evangelhos e às Epístolas. Em sua páginas, muito elogiadas por S. Clemente de Alexandria e pelo sábio Orígenes, aparece este interessante ensino para a evocação dos Espíritos: “O espírito que vem da parte de Deus é manso e humilde; aparta-se de toda a malícia e de todo o vão desejo deste mundo, e se põe acima de todos os homens. Não responde a todos os que o interrogam, nem a determinadas pessoas, porque o espírito que vem de Deus não fala ao homem quando o homem quer, senão quando Deus permite. Portanto, um homem que tem um espírito que procede de Deus, ao vir à assembleia dos fiéis, e feita a oração, o espírito penetra nesse homem, que fala na assembleia como Deus quer.
            Ao contrário, reconhece-se o espírito terrestre, vão, sem sabedoria e sem força, naquele que se agita e toma o primeiro lugar. É importuno, falador e não profetiza sem recompensa. Um profeta de Deus não procede assim.” Reformador (FEB) Novembro 1959.

222      Assume Alexandre Severo, primo de Bassiano. O Cristianismo de então não se limitava aos ritos sacerdotais. “Era um rio de luz e fé, banhando as almas, arrebanhando corações para a jornada divina do ideal superior”, lembra Emmanuel.

233      O império vivia assolado por uma peste com origem no Oriente, fazendo vítimas inumeráveis. Não faltava gente que via na peste uma vingança das divindades pagãs, sugerindo fossem os cristãos os causadores da ira celeste.

235      O imperador  Alexandre  Severo  é  assassinado  pelos seus soldados, pondo fim à dinastia dos Severos. “Com sua morte, desapareceria também a influência das mulheres piedosas que amparavam o Cristianismo no trono imperial. À época, os cemitérios cristãos, em Roma, eram lugares de grande alegria. Inquietos e desalentados na vida de relação, com infinitas dificuldades para se comunicarem uns com os outros, dir-se-ia que ali, no lar dos mortos que as tradições patrícias habitualmente respeitavam, os seguidores do Cristo tinham  clima favorável à comunhão de que viviam sedentos.” destaca Emmanuel.

Do artigo: ‘70400’  deste blog.

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