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quinta-feira, 11 de julho de 2013

Reencarnação - Espada de Dâmocles


Reencarnação
– “Espada de Dâmocles”

por Percival Antunes (Indalício Mendes)

            A ideia da reencarnação vai, a pouco e pouco, ganhando terreno no pensamento dos brasileiros. De nada adiantam os esforços ultramontanos contra o Espiritismo, que é como o Sol a iluminar a Terra. Ainda há dias, num programa radiofônico de importante emissora nacional, ouvimos um comentário lido por prestigioso locutor, no qual se verberava a maldade inconcebível de certos vendedores de pássaros. Para que as pequeninas aves não fujam e se mostrem dóceis, os malfeitores furam-lhes os lindos olhinhos com alfinete! E assim, sacrificando os inofensivos e inocentes pássaros, procuram ganhar alguns miserabilíssimos cruzeiros... Desgraçada ambição do ganho!

            Mas o autor do comentário, muito bem feito, aliás, revelando sua indignação contra tão feroz procedimento, acrescentou mais ou menos assim: "Tomara que esses maldosos venham, em outra encarnação, como pássaros e sofram o castigo da sua maldade, caindo nas mãos de malfeitores da mesma espécie, que lhes vazem os olhos sem piedade!"

            Aí está. Embora tendo uma ideia imperfeita da lei reencarnacionista, o comentador não deixou de revelar a sua crença na reencarnação. Todos voltam, quando ainda necessitem de limpar aqui sua "folha corrida". Onde o comentarista se mostrou absolutamente certo foi na compreensão da lei cármica, isto é, da lei de causa e efeito, que não é outra coisa senão o que os antigos denominavam, sem penetrar-lhes o sentido espiritual, "Pena de Talião".

            Esses malfeitores pagarão, sem dúvida nenhuma, sua enorme maldade. E terão que resgatá-la em benefício próprio, para que possam, um dia, sentir a alma leve e revelar pelos pássaros, que tanto nos enfeitam a vida e nos prestam serviços, o mesmo amor que a eles devotou o santo homem de Assis.

            Nas palestras espíritas e nos artigos em jornais e revistas do Espiritismo, devemos todos, insistentemente, pregar a Reencarnação, mostrando a sua importância, em face da Doutrina. Nenhum devedor será eternamente "caloteiro", porque terá de resgatar todas as suas dívidas, vintém por vintém. Não importa o prazo, pois alcançarão "moratória" quantas vezes forem precisas. Mas não deixarão jamais de resgatar os débitos contraídos.

            O famoso romancista francês Ponson du Terrail, autor de "Rocambole" e outras obras do gênero, era terrível inimigo do Espiritismo. No entanto, declarou "que se lembrava de ter vivido ao tempo de Henrique III e Henrique IV, e, nessa revivescência, o rei em nada parecia com o que dele diziam seus pais". Segundo o livro "Reencarnação", de Gabriel Delanne, de onde extraímos esse trecho, Ponson du Terrail publicou essas palavras no jornal "La Presse", de 20 de Setembro de 1868. A opinião de um desafeto do Espiritismo deve valer alguma coisa para os que   pensam como ele pensava... 

            Por ser interessante, permitimo-nos reproduzir também a seguinte página do referido livro, que deve ser relido por todos quantos se interessem pelos problemas da alma:

            "Na cidade de Havana, Cuba, viviam os esposos Esplugas Cabrera, que tiveram um filho, o Eduardinho, hoje de 4 anos, muito loquaz, de inteligência viva. A residência da família foi sempre na casa nº 44, da rua S. José, em Havana, onde Torquato Esplugas se ocupa com uma empresa tipo-litográfica, de que é coproprietário.

            Foi aí que nasceu o Eduardinho.

            Conversando a criança com sua mãe, Cecília, disse-lhe, há já algum tempo: - Mamãe, eu antes tinha uma casa diferente desta; morava em uma casa amarela, da rua Campanário nº 69. Lembro-me perfeitamente.

            A Sra. Cabrera, no momento, não deu grande importância ao fato. Como, porém, a criança insistisse, de quando em quando, em suas declarações, os pais acabaram por lhe dar atenção, e, depois de havê-la submetido a uma série de perguntas apropriadas, obtiveram do menino as indicações seguintes:

            "Quando vivia no nº 69 da rua Campanário, meu pai se chamava Pierre Saco e minha mãe, Amparo. Lembro-me que tinha dois irmãozinhos com os quais brincava sempre e que se chamavam Mercedes e João. A última vez que saí da casa amarela, foi no domingo, 28 de Fevereiro de 1903, e minha outra mãe chorava muito, enquanto eu, nesse dia, me afastava de casa. Essa outra mamãe era muito branca e de cabelos pretos; trabalhava numa fábrica de chapéus. Tinha eu, então, 13 anos, e comprava os remédios na farmácia americana, porque eles ali custavam mais barato. Deixei minha bicicleta no quarto de baixo, quando voltei do passeio; e eu não me chamava Eduardo, como agora, mas Pancho."

            Diante de uma exposição tão natural e feita com firmeza estranha, por uma criança de 4 anos, os pais de Eduardo ficaram perplexos, tanto mais quanto a criança nunca estivera no número 69 da rua Campanário.

            Passado o primeiro momento de impressão, os esposos Cabrera pensaram em empreender investigações para ver o que podia existir de verdade no que dizia a criança.

            Muitos dias mais tarde, saíram com Eduardo e vieram ter, depois de longa volta, à casa da rua Campanário, desconhecida, assim da criança como dos pais. Quando chegaram, Eduardo a reconheceu num instante - Olha a casa onde eu morava - gritou ele.

             - Então, entra - disse o pai -, se é verdade que a reconheces. A criança correu para o interior, dirigiu-se para a escada, subiu ao primeiro andar, entrou nos apartamentos, como se os conhecesse, e desceu muito pesaroso por não encontrar mais seus parentes, mas outras pessoas, desconhecidas. Também não encontrou os brinquedos com os quais, dizia, tanto se divertira junto dos seus irmãos de outrora, Mercedes e João.

            O casal, dado o resultado da primeira tentativa, continuou as pesquisas necessárias para atingir as provas definitivas, e chegaram, finalmente, às conclusões seguintes, com o concurso de elementos oficiais: 1º) a casa nº 69, da rua Campanário, foi ocupada até depois de Fevereiro de 1903, por Antônio Saco, hoje ausente de Havana; 2º) sua mulher chamava-se Amparo, e do casamento nasceram três filhos, Mercedes, João e Pancho; 3º) no mês de Fevereiro morreu este último, pelo que a família Saco deixou a casa; 4º) bem perto da casa existe a farmácia onde o Eduardinho assegura que costumava ir."

            Fatos assim, cheios de pormenores comprovados, são inúmeros. Demonstram a realidade incontestável da reencarnação e constituem um toque de sentido para todos os seres humanos, que devem pesar bem os seus atos, orientar corretamente seu comportamento, olhar de frente os seus problemas e resolvê-los sem sacrificar seus semelhantes, a fim de que, em futuras encarnações, não tenham que sofrer as consequências de faltas e erros praticados hoje.


            A ideia da reencarnação vai, a pouco e pouco, ganhando terreno no pensamento dos brasileiros. De nada adiantam os esforços ultramontanos contra o Espiritismo, que é como o Sol a iluminar a Terra. Ainda há dias, num programa radiofônico de importante emissora nacional, ouvimos um comentário lido por prestigioso locutor, no qual se verberava a maldade inconcebível de certos vendedores de pássaros. Para que as pequeninas aves não fujam e se mostrem dóceis, os malfeitores furam-lhes os lindos olhinhos com alfinete! E assim, sacrificando os inofensivos e inocentes pássaros, procuram ganhar alguns miserabilíssimos cruzeiros... Desgraçada ambição do ganho!

            Mas o autor do comentário, muito bem feito, aliás, revelando sua indignação contra tão feroz procedimento, acrescentou mais ou menos assim: "Tomara que esses maldosos venham, em outra encarnação, como pássaros e sofram o castigo da sua maldade, caindo nas mãos de malfeitores da mesma espécie, que lhes vazem os olhos sem piedade!"

            Aí está. Embora tendo uma ideia imperfeita da lei reencarnacionista, o comentador não deixou de revelar a sua crença na reencarnação. Todos voltam, quando ainda necessitem de limpar aqui sua "folha corrida". Onde o comentarista se mostrou absolutamente certo foi na compreensão da lei cármica, isto é, da lei de causa e efeito, que não é outra coisa senão o que os antigos denominavam, sem penetrar-lhes o sentido espiritual, "Pena de Talião".

            Esses malfeitores pagarão, sem dúvida nenhuma, sua enorme maldade. E terão que resgatá-la em benefício próprio, para que possam, um dia, sentir a alma leve e revelar pelos pássaros, que tanto nos enfeitam a vida e nos prestam serviços, o mesmo amor que a eles devotou o santo homem de Assis.

            Nas palestras espíritas e nos artigos em jornais e revistas do Espiritismo, devemos todos, insistentemente, pregar a Reencarnação, mostrando a sua importância, em face da Doutrina. Nenhum devedor será eternamente "caloteiro", porque terá de resgatar todas as suas dívidas, vintém por vintém. Não importa o prazo, pois alcançarão "moratória" quantas vezes forem precisas. Mas não deixarão jamais de resgatar os débitos contraídos.

            O famoso romancista francês Ponson du Terrail, autor de "Rocambole" e outras obras do gênero, era terrível inimigo do Espiritismo. No entanto, declarou "que se lembrava de ter vivido ao tempo de Henrique III e Henrique IV, e, nessa revivescência, o rei em nada parecia com o que dele diziam seus pais". Segundo o livro "Reencarnação", de Gabriel Delanne, de onde extraímos esse trecho, Ponson du Terrail publicou essas palavras no jornal "La Presse", de 20 de Setembro de 1868. A opinião de um desafeto do Espiritismo deve valer alguma coisa para os que   pensam como ele pensava... 

            Por ser interessante, permitimo-nos reproduzir também a seguinte página do referido livro, que deve ser relido por todos quantos se interessem pelos problemas da alma:

            "Na cidade de Havana, Cuba, viviam os esposos Esplugas Cabrera, que tiveram um filho, o Eduardinho, hoje de 4 anos, muito loquaz, de inteligência viva. A residência da família foi sempre na casa nº 44, da rua S. José, em Havana, onde Torquato Esplugas se ocupa com uma empresa tipo-litográfica, de que é coproprietário.

            Foi aí que nasceu o Eduardinho.

            Conversando a criança com sua mãe, Cecília, disse-lhe, há já algum tempo: - Mamãe, eu antes tinha uma casa diferente desta; morava em uma casa amarela, da rua Campanário nº 69. Lembro-me perfeitamente.

            A Sra. Cabrera, no momento, não deu grande importância ao fato. Como, porém, a criança insistisse, de quando em quando, em suas declarações, os pais acabaram por lhe dar atenção, e, depois de havê-la submetido a uma série de perguntas apropriadas, obtiveram do menino as indicações seguintes:

            "Quando vivia no nº 69 da rua Campanário, meu pai se chamava Pierre Saco e minha mãe, Amparo. Lembro-me que tinha dois irmãozinhos com os quais brincava sempre e que se chamavam Mercedes e João. A última vez que saí da casa amarela, foi no domingo, 28 de Fevereiro de 1903, e minha outra mãe chorava muito, enquanto eu, nesse dia, me afastava de casa. Essa outra mamãe era muito branca e de cabelos pretos; trabalhava numa fábrica de chapéus. Tinha eu, então, 13 anos, e comprava os remédios na farmácia americana, porque eles ali custavam mais barato. Deixei minha bicicleta no quarto de baixo, quando voltei do passeio; e eu não me chamava Eduardo, como agora, mas Pancho."

            Diante de uma exposição tão natural e feita com firmeza estranha, por uma criança de 4 anos, os pais de Eduardo ficaram perplexos, tanto mais quanto a criança nunca estivera no número 69 da rua Campanário.

            Passado o primeiro momento de impressão, os esposos Cabrera pensaram em empreender investigações para ver o que podia existir de verdade no que dizia a criança.

            Muitos dias mais tarde, saíram com Eduardo e vieram ter, depois de longa volta, à casa da rua Campanário, desconhecida, assim da criança como dos pais. Quando chegaram, Eduardo a reconheceu num instante - Olha a casa onde eu morava - gritou ele.

             - Então, entra - disse o pai -, se é verdade que a reconheces. A criança correu para o interior, dirigiu-se para a escada, subiu ao primeiro andar, entrou nos apartamentos, como se os conhecesse, e desceu muito pesaroso por não encontrar mais seus parentes, mas outras pessoas, desconhecidas. Também não encontrou os brinquedos com os quais, dizia, tanto se divertira junto dos seus irmãos de outrora, Mercedes e João.

            O casal, dado o resultado da primeira tentativa, continuou as pesquisas necessárias para atingir as provas definitivas, e chegaram, finalmente, às conclusões seguintes, com o concurso de elementos oficiais: 1º) a casa nº 69, da rua Campanário, foi ocupada até depois de Fevereiro de 1903, por Antônio Saco, hoje ausente de Havana; 2º) sua mulher chamava-se Amparo, e do casamento nasceram três filhos, Mercedes, João e Pancho; 3º) no mês de Fevereiro morreu este último, pelo que a família Saco deixou a casa; 4º) bem perto da casa existe a farmácia onde o Eduardinho assegura que costumava ir."

            Fatos assim, cheios de pormenores comprovados, são inúmeros. Demonstram a realidade incontestável da reencarnação e constituem um toque de sentido para todos os seres humanos, que devem pesar bem os seus atos, orientar corretamente seu comportamento, olhar de frente os seus problemas e resolvê-los sem sacrificar seus semelhantes, a fim de que, em futuras encarnações, não tenham que sofrer as consequências de faltas e erros praticados hoje.


 Reformador (FEB) Jan 1961

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