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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Estatística Católica

 


Estatística Católica

por I. Pequeno (Antônio Wantuil)  Reformador (FEB) Outubro 1946

             A Voz de S. Antônio, jornal católico editado em Petrópolis, em seu número de Setembro p, passado, sob o título – “Não te impressiona?”, na primeira coluna da primeira página, insere um artigo assinado por Mons. Ascânio Brandão.

            Nesse artigo, queixa-se o reverendo de que “a nossa imprensa católica está hoje inferior em número à imprensa protestante e espírita. A imprensa católica perde cada dia em número e eficiência.”

            Ora, diante de outras declarações do clero, asseverando que a população brasileira é inteiramente católica, e diante da declaração que no referido artigo nos faz o reverendo, informando-nos de que a imprensa católica alcançou, na, estatística por eles realizada, apenas a 26%, cabendo os outros 74% aos “inimigos” da Igreja, chegaremos à conclusão de que os católicos brasileiros só o são para fins estatísticos, censitários, em cujas fichas foram arrojados como católicos todos os analfabetos que não sabiam preencher a ficha censitária e todos quantos não querem perder as boas graças da Igreja, enquanto ela recebe o prestígio indireto do meio oficial.

            O artigo do Monsenhor é, pois, a confissão de que entre a população que sabe ler, no Brasil, o Catolicismo só conta com 26% dos brasileiros, ou, talvez, menos, porque muita gente há que assina os jornais católicos, com receio de serem tachados de inimigos da “poderosa” Igreja.        

            Os próprios católicos sabem que a Igreja vive, há perto de um século, do oxigênio oficial.

            Seus templos de pedra já não são mais construídos com o trabalho e o esforço da fé, são no com as contribuições governamentais. Os próprios católicos, como vimos ultimamente em todos os grandes jornais de orientação católica (O Globo, Jornal do Brasil, etc.) protestaram contra o ato governamental que mandou presentear a Igreja com um terreno, na Praça Paris, do valor superior a cinquenta milhões de cruzeiros.

            Como veem, não somos nós, os espíritas, que protestamos; são os seus próprios adeptos, certamente cansados de verificar o mau emprego das quantias arrecadadas pelo Fisco, cada vez mais exigente no aumento dos impostos.

            Ruy Barbosa previu tudo isso, quando registrou em “O Papa e o Concílio” a sua opinião de que uma igreja que necessitasse do amparo governamental era uma igreja que caminhava para a falência.

            Quanto a nós, os espíritas do Brasil e do mundo, desejamos que a Igreja Católica se volte novamente para o Cristo, imitando lhe os exemplos e a simplicidade do Cristianismo inicial.

            Só assim poderá ela alcançar maior percentagem, na estatística da Cristandade que sabe ler.


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