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quinta-feira, 11 de março de 2021

Bilhetes

 

Bilhetes 

G. Mirim (Antonio Wantuil de Freitas)

Reformador (FEB) Outubro 1944

             Todas as religiões são boas. Todas prestam serviço na obra de encaminhamento da criatura ao Criador. A obra do evangelizador consiste em levar à criatura, que tende para a descrença originária das incoerências encontradas em sua própria religião, neste ou naquele ponto em que o seu espírito exige uma explicação menos misteriosa e menos dogmática, conhecimentos novos, dignos de meditação e acordes com a razão e com o progresso evolutivo alcançado pelo seu espírito em ascensão.

             Todas as religiões fazem parte da obra divina, regulada sempre em harmonia com a capacidade intelectual de cada época e de cada criatura. O politeísmo e o paganismo, o judaísmo e o catolicismo, o protestantismo e o comtismo (de Auguste Comte), e todos os demais grupos religiosos merecem respeitados e admitidos como parte da revelação divina. Todas prestaram e prestam a sua colaboração, satisfazendo às necessidades individuais dos que lhes são adeptos.

            Seria contrário à ordem que preside ao desenvolvimento de toda a criação, e isso podemos verificar em todos os setores do progresso humano, quer no presente, quer no passado, oferecer ao homem uma dose excessiva de conhecimentos, para os quais ainda não se encontra preparado. Assim como afirmamos que a Natureza não dá saltos, também podemos assegurar que a criatura não pode, de um pulo, passar da ignorância para a sabedoria completa.

            Os espíritas observamos, aliás com tristeza, que alguns dos que aderiram ao Espiritismo, sem a, devida preparação religiosa, sem a passagem pela escala espiritual evolutiva, caminham entre as luzes da Terceira Revelação, qual cegos, tal como o médico, o engenheiro ou o advogado que burlasse a lei e conseguisse diplomar-se sem percorrer os bancos primários, ginasiais e superiores.

            Temos, desse modo, no Espiritismo, criaturas habituadas às promessas e aos pedidos de toda sorte, autorizados pela religião donde vieram, a dirigirem aos Espíritos aqueles mesmos pedidos de auxílio material. E outros que, vindos dos chamados meios materialistas, procuram satisfazer aos seus desejos e neles ficam a vida inteira, não encontrando no Espiritismo senão o prazer de ver e observar os fenômenos físicos, sem deles tirarem qualquer proveito para o progresso espiritual que deveriam realizar.

            Nada disso, porém, está errado, porque o caminho de cada criatura, apesar de evolutivo, deve ser lento e metódico, de encarnação em encarnação. Essa evolução e consequente salvação de todas as criaturas, sem que uma única seja abandonada à eternidade do imaginário inferno, é o ensinamento básico do Espiritismo, a única filosofia religiosa, aliás, que prega e documenta essa verdade, até então desconhecida pelas velhas interpretações religiosas que não puderam compreender a bondade e a justiça do Criador e Pai.

            Toleremo-nos reciprocamente e amemo-nos como recomendou o Mestre e, assim, conseguiremos não só a nossa própria salvação, mas, também, a da coletividade que deve caminhar conosco, através de todos os obstáculos surgidos de nossas imperfeições, até alcançarmos a felicidade da conquista da sabedoria, compreendendo a finalidade da nossa existência e a perfeição das Leis Divinas.


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