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terça-feira, 16 de março de 2021

Bilhetes

 


Bilhetes 

G. Mirim (Antonio Wantuil de Freitas)

Reformador (FEB) Abril 1946

             Graças aos abnegados companheiros que fundaram a Federação Espírita Brasileira e lhe traçaram os planos, o Brasil é o país que mais obras espíritas tem publicado e o único onde são encontradas à venda todas as obras de Allan Kardec. Enquanto pelo resto do mundo não se consegue, senão dificilmente e por acaso, uma coleção das obras do Codificador, por se encontrarem de há muito esgotadas, no Brasil essas obras jamais faltaram e já se providencia para que sejam publicadas em Esperanto e, se possível, em outras línguas. Este esforço foi iniciado com a publicação de ‘O Livro dos Espíritos’ e ‘A Prece’, em Esperanto, em edições de luxo, tendo sido remetidos centenas de exemplares para todos os países do mundo, numa demonstração clara e evidente de que a Federação é, no momento, a única sociedade espírita do planeta que se dedica a esse trabalho de divulgação das obras do Codificador, ainda mesmo sabendo, como no caso, de que nenhum proveito material poderá auferir com essas publicações de preço elevadíssimo.

            Em nossa Pátria, os próprios cegos podem ler as obras do Missionário, porque elas são encontradas na Biblioteca Pública da Federação, copiadas em Braille. A nossa Federação é, ainda, a única associação espírita do mundo que distribui gratuitamente as obras de Kardec com os necessitados.

            Quando supúnhamos que a Federação estava satisfeita com a sua obra, inegavelmente única em todo o orbe, e que agora só lhe competia o trabalho de manter os serviços já existentes, eis que surge a ideia de “ampliação das Oficinas” e, então, um plano grandioso se nos desdobra à frente, mostrando-nos o que nos compete realizar para que o trabalho de evangelização não estacione, mas que se amplie e possa atingir a todos os setores do país e se estenda até ao estrangeiro.

            Como espíritas, os que estamos na Terra enclausurados na carne, devemos pesar a nossa responsabilidade e oferecer o nosso auxílio material à obra que os espíritos elevados desejam conseguir, a fim de que amanhã possamos ser contados entre aqueles que souberam compreender a finalidade da nossa vinda ao planeta.

            Não podemos deixar aos diretores da Federação toda a responsabilidade da execução do plano. A obra não é deles, não lhes pertence. É nossa, da coletividade humana. Desta, pelo lado material; da coletividade invisível, pelo espiritual. Se essa coletividade invisível trabalha incessantemente, inspirando-nos, dirigindo-nos, aconselhando-nos e auxiliando-nos na obra, a nossa, a coletividade humana, não pode cruzar os braços e esperar que outros executem todo o trabalho.

            Se a nossa Federação realizou o plano de Kardec, difundindo livros e mais livros, colocando o Brasil como editor de mais de metade das obras espíritas, publicadas em todo o globo, não podemos, nós, os homens da atual geração, deixar que a obra paralise, cumprindo-nos, sim, fazer progredir sempre o que nos legaram os nossos companheiros que hoje, no Espaço, depositam em nós as suas esperanças.

            Não nos preocupemos com a crítica improdutiva ou com os acusadores de todas as épocas. Há sessenta anos vêm eles trabalhando na sua crítica demolidora, daqui e do Além, e, no entanto, não nos apontaram ainda uma única sociedade espírita, de qualquer país, que tenha realizado obra que se aproxime da conseguida pela nossa Federação. Os frutos aí estão. A árvore vem alimentando espiritualmente gerações e gerações, até mesmo os que lhe atiram pedras. Não se irrita, não deixa de produzir, não para no seu trabalho contínuo, mas antes agradece o estímulo das pedradas, porque, sem elas, os bons trabalhadores se lhe deitariam à sombra, deixando-a fenecer à falta do adubo da fé, da dedicação, do amor cristão.

            Trabalhemos e oremos pelos que ficam à margem da estrada, criticando ou injuriando os que passam curvados sob o peso de suas obras. Mais cedo ou mais tarde, também eles entrarão no bom caminho.


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