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sábado, 13 de março de 2021

Bilhetes

 

            Campanha permanente da Federação Espírita Brasileira (FEB)

Bilhetes 

G. Mirim (Antonio Wantuil de Freitas)

Reformador (FEB) Janeiro 1945

             De todos os defeitos que possuímos, prejudiciais ao nosso adiantamento espiritual e, consequentemente, perturbadores da boa marcha do Espiritismo, visto que o progresso da coletividade depende de cada um de nós, a vaidade é, sem dúvida, a mola preciosa que os nossos adversários invisíveis acionam, com aquela habilidade que lhes concedeu, através dos séculos, o título de seres pertencentes à coorte do famigerado Satanás; penetrando pela pequenina fresta, aparentemente inocente, que abre em nosso espírito as inflexões perniciosas daquela mola, eles conseguem lentamente o domínio da criatura, fazendo surgir a presunção, o egoísmo, o ódio e o desejo de vingar-se de quem lhe contraria os seus supostos direitos materiais, intelectuais ou espirituais.

            Lendo os nossos pensamentos e neles encontrando uma partícula de vaidade, esses perigosos inimigos do Espaço conseguem com facilidade movimentar toda a série de imperfeições que existe em estado latente dentro de nós, ao mesmo tem que fazem adormecer o que de bom havíamos acumulado, quer em existências anteriores, quer no que a experiência ou os bons livros nos forneceram na atual encarnação.

            Ao homicida e ao ladrão, a esses muito mais fácil será a correção dos seus erros, porque, em toda parte, ouvem as censuras da sociedade e até mesmo do próprio meio em que vivem ou frequentam. O vaidoso, porém, encontrando sempre quem lhe bata palmas e lhe estimule a presunção, só mesmo pela ação dos inimigos invisíveis conseguirá a sua cura, efetuada inconscientemente pelos obsessores, que se insinuam como amigos para ocasionarem a vingança final, adrede planejada e meticulosamente executada através de longo período de preparação.

            Daí, dessa dificuldade de o próprio vaidoso se modificar, a permissão da Lei para que os obsessores ajam, porque, dessa dor que inevitavelmente surgirá como marco final da vingança, o obsidiado cairá em si e verificará, pela experiência, pelo ridículo e pelo sofrimento, a necessidade de cultivar a humildade, único meio seguro e eficiente para o nosso progresso espiritual, ou, seja, para o nosso progresso real, para o progresso que todos deveremos realizar, ainda que o retardemos pela nossa ignorância do Evangelho ou por lhe não reconhecermos a origem divina.

            Depois que os obsessores nos levarem ao ridículo e à dor, depois de saciados na sua vingança, nós nos sentimos dispostos a seguir uma nova estrada, ou, então, sofreremos as consequências da nossa relutância, no plano humanal ou no espiritual, consequências que cedo ou tarde nos burilarão o espírito.

            Muitas vezes, porém, depois de o obsessor completar a sua obra de inutilização da vítima, ele a entrega a outros espíritos brincalhões, zombeteiros ou mesmo perversos, que se utilizarão da mediunidade da própria vítima ou dos médiuns existentes em seu lar, para lhe infringirem os sofrimentos resultantes das obsessões permanentes e aterrorizadoras que vemos em vários lares, dificilmente curáveis, porque oriundas da vaidade inicial, ainda existente e quase sempre aumentada.

            Assim como o ímã atrai uma infinidade de limalhas de ferro, assim também a nossa vaidade, de acordo com a lei das afinidades, atrai, ao mesmo tempo, uma multidão de espíritos, desde os simples zombeteiros até os que esperam, há muito, pelo momento da vingança.

            Cultivemos, pois, a humildade. Estejamos alertas com os que procuram qualquer motivo para elogiar-nos. Agradeçamo-los com um sorriso de tolerância; todavia não nos julguemos dignos do elogio que nos dirijam, já por não sermos merecedores de prêmios pelo cumprimento dos nossos deveres ou pelo que possuamos, já porque, atrás daquele que nos fala diretamente, pode estar escondido um dos nossos adversários do espaço.

            Humildade, pois.


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